terça-feira, março 31, 2009

Fim de Plantão

Fim de plantão

Depois de 15 anos, "ER" chega ao fim nesta quinta, nos EUA; médicos-fãs comentam os acertos e as gafes da série

Scott Grimes, John Stamos, Maura Tierney, Goran Visnjic, Mekhi Phifer e Parminder Nagra

CRISTINA FIBE
DA REPORTAGEM LOCAL

O mais longevo drama médico da TV americana chega ao fim na próxima quinta-feira, dia 2, nos EUA. Um episódio de duas horas encerrará "ER -Plantão Médico", que, ao longo de seus 15 anos, trocou diversas vezes de elenco -mais de 750 atores passaram por seus 331 episódios- e perdeu gradualmente a audiência.
Apesar disso, a série, que alçou George Clooney à fama e é exibida em ao menos 18 países, deixa uma legião de fãs órfãos, inconformados com o fim do corre-corre e o desligamento das máquinas no pronto-socorro fictício de Chicago.
Não é à toa: além de recordista de indicações ao Emmy (mais de 120), a série conquistou prestígio suficiente para atrair convidados célebres, como os atores Susan Sarandon e Steve Buscemi e o diretor Quentin Tarantino ("Pulp Fiction"), que comandou o penúltimo episódio da primeira temporada, em 1995.
Mas, após uma década entre as dez séries mais vistas nos EUA, segundo a "Variety", "ER" começou a cair e, no ano passado, foi parar na 48ª posição no ranking da audiência dos seriados na TV americana, sua pior performance. No Brasil, tampouco permanece entre as mais vistas -por aqui, a última temporada deve ser exibida ainda neste semestre.
"Comecei a acompanhar a série na primeira temporada. Assistia a quase todos os capítulos, mas aí foram substituindo os personagens com uma tal frequência que acabei me desinteressando um pouco", diz a neurologista Carla Baise, 35.
De fato, não restou nenhum médico "original" na equipe de plantonistas do 15º ano -que, no entanto, foi "premiado" com a participação de personagens que marcaram a série, como os de George Clooney, Anthony Edwards e Noah Wyle.
""ER" foi se modificando. É muito difícil sobreviver tanto tempo em TV, ainda mais com a interatividade atual, sem se transformar", diz o psiquiatra e colunista da Folha Jairo Bouer, 43, "doente por "ER'".
"Há quem diga que as últimas temporadas ficaram mais fracas, que os atores não tinham tanto carisma, que as tramas se repetiam um pouco, mas, para mim, elas são bem boas também, prendendo a atenção desde o começo do episódio", defende Bouer.
A médica residente de oncologia Marina Gonçalves, 28, concorda que "ER" manteve o bom padrão, apesar de achar que "as primeiras temporadas são incomparáveis". Ela confessa ter aplicado no trabalho ensinamentos da ficção.
"Um dia, vi um caso raro na vida real, na residência de clínica médica. Os chefes perguntaram se alguém já tinha visto aquilo, e eu já tinha, no "ER'! Fui estudar o assunto, e a conduta do seriado estava correta."

Exageros e gafes
Mas nem sempre é assim. Os médicos (e fãs) entrevistados pela Folha apontam gafes que questionam a preocupação do drama com a verossimilhança.
Para o dermatologista Marcelo Bellini, 41, "fiel realmente não é". "É incrível que, quando chega um ferido e tem algum médico na porta, eles largam o café, o cigarro, saem correndo sem nenhuma proteção e começam o trabalho. Isso se prolonga nas cirurgias e atendimentos no pronto-socorro."
As angustiantes conversas íntimas em operações de risco e as intermináveis jornadas de trabalho são outros aspectos pintados com exagero.
Adelmo Botto, 43, obstetra e plantonista há 20 anos, diz que "qualquer situação de estresse, de emergência, determina concentração máxima".
"Quando tratamos pacientes terminais, dificilmente se consegue falar da vida pessoal. É um momento delicado, em que se percebe que está se perdendo a luta contra a doença. Os médicos são mais sensíveis ao sofrimento dos pacientes", concorda Vitório Maddarena Junior, 44, cirurgião plástico.
Botto acha ainda que a série escorrega em "situações absurdas, como pessoas operando sem máscaras cirúrgicas", e contribui para "perpetuar a ideia fantasiosa de que médicos são seres endeusados e incansáveis, escravos da profissão".
O dermatologista Alexandre Leon, 34, discorda. Ele afirma que "ER" "é fiel ao que acontece no ambiente médico", coisa rara entre produções do gênero. "As angústias que vivemos, a experiência da residência, a hierarquia, as relações entre médicos e a relação médico-paciente. É muito real."

A notícia é a Ilustrada, caderno da Folha de São Paulo, de 29 de março de 2009. Havia um outro texto tentando explicar o sucesso da série, mas era tão cheio de trocadilhos com termos médicos que esgotou o interesse deste blogueiro.

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Adeus, professora Sandra Jatahy Pesavento


ADEUS – Morreu ontem, em Porto Alegre, a historiadora gaúcha Sandra Jatahy Pesavento, aos 63 anos. Professora aposentada da Ufrgs, ela estava internada após complicações de uma hepatite. Era referência nos campos da História da Cultura e da História da Capital.

A notinha e a foto são originários do Diário Gaúcho online.

Apesar de estar há 8 anos no curso de História da UFRGS, eu nunca cheguei a ter aulas com a professora Sandra Pesavento.
Tenho dois livros dela. Um é História do Rio Grande do Sul, um livrinho (no sentido de número de páginas) relativamente popular, que li faz algum tempo. O outro é A Burguesia Gaúcha, que ainda não li.

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Maurice Jarre (1924-2009)

Eu soube da notícia do falecimento do músico Maurice Jarre na madrugada de domingo, sem saber exatamente de quem se tratava, mas o homem era importante para mim sem que eu o soubesse, porque ele foi o criador das trilhas sonoras dos filmes de David Lean, e os filmes de David Lean, são marcantes: Doutor Jivago, Lawrence da Arábia, Passagem para a Índia. A Filha de Ryan, talvez?

Além disso, ele trabalhou com Luchino Visconti, Peter Weir e Alfred Hitchcock.

E além disso, era pai do Jean-Michel Jarre. De maneira geral, eu gosto da música de Jean-Michel Jarre.

Há mais sobre o assunto na Folha Online: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u542519.shtml


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Folha Online: Morre o comediante Ankito aos 85 anos

Pois é. Uma pena! Ankito era um dos decanos do humor brasileiro.

A notícia deu na Folha Online.

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A escolha

A escolha

Escolheria minha filha, mesmo sabendo que meu ato implicou a morte de seres inocentes

TEMA DURO esse da menina estuprada em Pernambuco. O debate sobre aborto é difícil porque reúne forças sociais antagônicas. Os pró-aborto são tão duros quanto os católicos: é um diálogo de surdos. As crenças que alimentam a posição católica são nulas para os não-crentes.
Para os antiaborto, legalizar o aborto é legalizar uma forma de homicídio. Seria você menos radical se visse seu país tornar prática legítima um tipo de homicídio? Por outro lado, seria você menos radical se visse os religiosos te proibirem de se livrar de um problema (o feto) somente porque eles creem em algo que você não crê?
A violência dos pró-aborto vem da relação entre aborto e liberdade: proibir o aborto é tornar a mulher presa da mecânica reprodutiva. Sem precisar ir fundo na filosofia latente nessa posição, é evidente a negação da humanidade do feto nesse caso. O feto não seria mais do que um punhado de células.
Daí todo o infeliz debate acerca de uma definição "científica" da vida: os pró-aborto precisam se resguardar numa definição "científica" do que não seja humano (ou seja, desumanizar o feto) para não serem vistos como exterminadores de vítimas indefesas.
Do ponto de vista do Estado laico, legalizar o aborto pode ser visto apenas como um ato dentro do princípio político de tolerância, no qual o Estado "passa a bola" para o indivíduo e suas instâncias sociais: as pessoas que decidam, quem julgar "crime" não faça, quem não julgar "crime" que faça. Evidente que para os antiaborto, esse passo não é tolerante para com a vítima (o feto), que não tem voz ativa no processo. A própria ideia de crime de fato já desapareceu. De novo, seria como deixar ao assassino a decisão livre de matar ou não.
Outro fato que torna esse debate viciado é o preconceito contra a Igreja Católica, aliás, o único preconceito aceito pelos "inteligentes". Daí o desfile de expressões banais como "Inquisição", "Idade Média" ou "trevas". Puro senso comum. A igreja não é estúpida. Estúpido é quem pensa que ela o seja. Sua herança de 2.000 anos atesta a vida de uma instituição que soube atravessar séculos frequentando todas as trincheiras do mundo.
Para os pró-aborto, a máxima iluminista "O mundo só terá paz quando o último rei for enforcado nas tripas do último papa" continua sendo um princípio político. Infelizmente, grande parte dos estudos "científicos" sobre a Igreja Católica sofre do mesmo preconceito banal.
A identificação medíocre dela com mera instância de opressão vicia a reflexão, principalmente porque muitos desses estudiosos partilham da mesma máxima iluminista. Ao contrário, a igreja exerce hoje um (solitário) papel essencial como instituição que relativiza as obviedades modernas, entre elas o de nos lembrar da desumanização silenciosa do feto que opera no fundo dos argumentos pró-aborto.
Mas o caso da menina em Pernambuco tem dois agravantes: o suposto risco de vida da "mãe", uma menina de nove anos, e a violência sexual por parte do padrasto. Ambos tornam o aborto legítimo perante a lei. Aqui se agrava, aos meus olhos, o ruído de grande parte do debate.
Fosse minha filha a menina de nove anos, eu não pestanejaria, faria o aborto. A ideia de ela correr risco por culpa de um canalha me levaria a fúria. Entre perder minha filha e a eliminação de dois bebês "estranhos", optaria pela eliminação dos bebês. Não usaria eufemismos. Não pediria para que me considerassem um guerreiro da luz contra as trevas nem pediria palmas. Aceitaria a culpa como parte da escolha. Fosse eu o médico envolvido no procedimento, tampouco pestanejaria. Mas não veria aí a vitória da ciência contra a religião, mas uma dura decisão num campo de batalha: qual das vítimas deve morrer?
Para além da insensibilidade do bispo e das banalidades de quem se julga um agente da luz contra as trevas, acho essencial que alguém continue repetindo, mesmo sendo enxovalhado, que em meio às agonias dos seres humanos sempre existem vítimas silenciosas.
A história está cheia de exemplos de desumanização política e "científica" a serviço do extermínio.
Logo existirão cientistas que gritarão em favor do uso de fetos abortados em pesquisa. Por que o desperdício?
De minha parte, repito, escolheria minha filha, sabendo que meu ato implicou a morte de seres inocentes, mas a paixão por minha filha me impediria o luxo de ter princípios.

Texto de Luiz Felipe Pondé, na Folha de São Paulo, de 23 de março de 2009.

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Cientistas e intelectuais se manifestam contra aborto na Espanha

Cientistas e intelectuais se manifestam contra aborto na Espanha

da France Presse, em Madri

Uma associação contra o aborto apresentou nesta terça-feira (17) um manifesto assinado por centenas de cientistas e intelectuais contra o projeto do governo para legalizar a interrupção voluntária da gravidez dentro de um prazo determinado.

Os assinantes consideram no manifesto "que o aborto é um ato simples e cruel de interrupção de uma vida humana", afirmando que a vida começa no momento da fecundação.

Campanha antiaborto traz bebê comparado à preservação de espécies na Espanha; cientistas assinam manifesto contra a prática

"Quase mil cientistas e intelectuais assinaram o texto", afirmou, durante entrevista à imprensa, um dos promotores da iniciativa, Nicolás Jouve de la Barreda, professor de genética da Universidade de Alcalá de Henares, em Madri.

A iniciativa da associação HazteOir, que é contra o aborto e a eutanásia e a favor da família como instituição básica da ordem social, coincide com o lançamento, pela Igreja espanhola, de uma polêmica campanha publicitária contra o aborto.

Os bispos espanhóis lançaram uma campanha para denunciar o fato de espécies animais ameaçadas estarem mais protegidas, segundo eles, do que embriões humanos na Espanha.

O fundador de HazteOir, Ignacio Arsuaga, que se declara católico, considerou que a campanha dos bispos foi muito bem-feita e aborda bem o problema.

Na campanha dos bispos, um bebê aparece ao lado de um lince ibérico --espécie protegida na Espanha por sua vulnerabilidade--, com a frase "Lince protegido". O bebê pergunta: "E eu?" e, acrescenta, "Proteja minha vida!"

O governo espanhol quer permitir o aborto livre legal dentro de um prazo de gestação limitado, como já ocorre em diversos países europeus.

Atualmente, o aborto é permitido no país durante as primeiras 12 semanas de gestação em caso de estupro, 22 semanas em caso de má-formação do feto, e sem limite de tempo em caso de risco físico ou psíquico para a mãe.

O texto é da Folha Online. A imagem é de um cartaz da campanha.

Este blogueiro tende a concordar com a campanha...


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Voluntários da Mátria

Tens que arrumar os dentes, tens que arrumar as idéias, tens que arrumar os modos, tens que arrumar umas roupas, tens que arrumar o carro, tens que arrumar um trabalho, com salário, tens que arrumar alguns amigos sociáveis, tens que arrumar saúde, e disposição, tens que arrumar uma casa, tens que arrumar a casa, tens que arrumar o cabelo, tens que arrumar uns encontros,

Para arrumar uma mulher,

Que então vai te arrumar para ela.

(Minha singela homenagem a esse gênero internacional, que todos os dias faz tanto pela melhoria deste outro gênero, tão brutal, e eventualmente desumano.)

E roubando este texto do Jean Scharlau, faço a minha homenagem atrasada, como muitas coisas são atrasadas neste blog, ao Dia Internacional da Mulher, em sua versão 2009.
Talvez no ano que vem estejamos aqui falando disso novamente.

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A cruzada conservadora de "Dom Dedé", arcebispo de Recife Le Monde

A cruzada conservadora de "Dom Dedé", arcebispo de Recife

Jean-Pierre Langellier
No Rio de Janeiro

É uma garotinha do Brasil. Para protegê-la, a justiça proíbe que se divulgue sua identidade. Vamos chamá-la de V. "V" de vítima. "V" de violentada. Ela tem 9 anos, mas mal parece ter essa idade: 33 kg para 1,36 m. É o que mostra a única foto que se tem dela, com o rosto censurado, pequena e franzina, segurando a mão de sua mãe. É uma criança do Nordeste. Ela vive em Alagoinha, perto de Recife, a capital do Estado do Pernambuco.

No final de fevereiro, V. começou a se queixar de dores no ventre, de tonturas e de enjoos. Sua mãe a levou a um médico. Seu diagnóstico foi assustador: a menina estava grávida de 15 semanas, esperando gêmeos. Um fato raríssimo.

O padrasto de V, de 23 anos, trabalhador agrícola, confessou seu crime à polícia. Ele abusava havia três anos da menina e de sua irmã mais velha, de 14 anos com deficiência. Ele pode ser condenado a 15 anos de prisão. V. contou seu drama.

O homem se aproveitava da ausência de sua companheira para estuprar a garota. Ele a ameaçava: "Se você contar, mato sua mãe". De vez em quando ele lhe dava uma moeda de um real.

No Brasil, a interrupção voluntária de gravidez (IVG) continua sendo proibida, exceto em caso de estupro ou de risco para a vida da mãe. Essa dupla exceção se aplica a V. No hospital público de Recife, o dr. Sérgio Cabral recomendou que fosse feito um aborto imediato. A interrupção foi bem-sucedida.

"A criança estava anêmica, certamente desnutrida", explica o médico. "Seus órgãos mal estavam formados. Era preciso agir rapidamente. Esperar demais a faria correr um risco de morte".

Esperar? É justamente o que queria o pai biológico de V., separado de sua mulher havia três anos. Ao saber da situação de sua filha alguns dias antes do aborto, ele procurou a justiça. Avisado sobre o caso, entrou em cena um personagem importante: Dom José Cardoso Sobrinho, conhecido como "Dom Dedé", arcebispo de Olinda e de Recife. O monsenhor foi pessoalmente ao tribunal para se certificar, junto de seu presidente, que a intervenção não seria autorizada. Armado do direito canônico e brandindo o mandamento da Igreja ("Não matarás"), ele dispara: "O Brasil tem leis sobre o divórcio ou o aborto que vão contra a lei de Deus. Esta é superior à lei dos homens".

Uma vez interrompida a gravidez, o prelado excomungou a mãe de V. e toda a equipe médica. As vítimas desse castigo coletivo não poderão mais receber os sacramentos da Igreja. Só a menina e seu estuprador escapam da fúria de Dom Dedé. Ela, por ser menor de idade; ele, porque a jurisprudência católica não previu nada para puni-lo. "Ele cometeu um pecado muito grave", admite o arcebispo. "Mas, aos olhos de Deus, o aborto é um crime ainda mais grave".

Uma causa sagrada

As feministas se mobilizaram. Uma ONG católica, favorável ao "direito de escolha", condenou a atitude "intolerante" e "cruel" do arcebispo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se manifestando como "cristão", lamentou que "um arcebispo tenha um comportamento tão conservador". Segundo ele, "o corpo médico agiu mais corretamente do que a Igreja". Dom Dedé lhe aconselhou, em resposta, que "consultasse um teólogo".

Para a Igreja do Brasil, o maior país católico do mundo, a rejeição ao aborto é uma causa sagrada. Ela conduz uma cruzada contra a descriminalização da IVG, desejada pelo ministério da Saúde. Dom Dedé está na linha de frente. Conservador, e orgulhoso de sê-lo, sucedeu em 1985, em Olinda e no Recife, Dom Hélder Câmara, figura de proa da "teologia da liberação", morto em 1999, e ao qual ele é contrário. Desde então ele não parou de liquidar a herança eclesiástica de seu antecessor, julgado em Roma como perigosamente progressista, um "pequeno bispo vermelho". Fazendo uma comparação com o genocídio hitlerista, ele gosta de classificar o aborto como um "holocausto silencioso", diante do qual "não podemos ficar de braços cruzados". Mais uma vez o Vaticano o apoia, ressaltando que os dois fetos "inocentes tinham o direito de viver".

Mais de 1 milhão de abortos clandestinos são realizados todos os anos no Brasil.

Tradução: Lana Lim

Texto do Le Monde no UOL.


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segunda-feira, março 23, 2009

Av SiqueiraCampos - 05112007


sexta-feira, março 20, 2009

Coisas do clima de Porto Alegre

Coisas do clima de Porto Alegre


É outono em Porto Alegre, neste 20 de março de 2009. Uma sexta-feira.

Foi um dia assim, meio cinza. Mas com algumas peculiaridades.

Não muito tempo antes do meu intervalo de almoço começou a chover e trovejar.

Quando saí para almoçar, resolvi bancar o previdente e levar um guarda-chuva. Almocei, e depois foi resolver algumas coisas que precisavam ser resolvidas. Quando voltei ao meu trabalho, o sol havia surgido e a temperatura subido.

À tarde eu tinha uma consulta médica marcada. Como no início da tarde o sol tinha dado o ar de sua graça, saí com óculos escuros.

Tempos depois, quando novamente retornei para meu local de trabalho estava chuviscando...


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Morreu o criador de Mr. Magoo

MEMÓRIA
CRIADOR DO MR. MAGOO MORRE AOS 92 ANOS


O roteirista americano Millard Kaufman, um dos criadores do personagem Mr. Magoo, morreu no último sábado, aos 92, após um ataque cardíaco num hospital em Los Angeles, anunciou sua editora, a McSweeney's. Indicado ao Oscar por "Dá-me tua Mão" (1953) e "Conspiração de Silêncio" (1955), Kaufman fez o roteiro de "The Ragtime Bear", desenho de 1949 no qual aparece pela primeira vez o personagem que não enxerga direito.

Notícia da Folha de São Paulo, de 18 de março de 2009.


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domingo, março 15, 2009

O tempo, a razão e a obsessão – CartaCapital e seu momento Veja (ou quem sabe Contigo)

O tempo, a razão e a obsessão – CartaCapital e seu momento Veja (ou quem sabe Contigo)


A revista CartaCapital, na edição número 534, de 25 de fevereiro de 2009, em sua seção chamada “A Semana”, onde como se poderia esperar são analisados os fatos que a revista achou mais importantes na semana anterior à da publicação, volta a tocar no assunto Kaká e suas relações com a Igreja Renascer, cujos líderes Estevam e Sônia Hernandes cumprem pena nos Estados Unidos por contrabando de dinheiro (tentaram entrar em território americano com mais dinheiro que haviam declarado à alfândega).


Tive oportunidade de comentar neste blogue que naquela reportagem específica a revista CartaCapital teve seu momento de revista Veja, ou mesmo de Contigo, esta uma revista especializada em fofocas sobre ricos, famosos e mais alguns que gostariam de ser uma destas coisas ou a outra.


Minha opinião inicial era que a revista resolveu se unir a um procurador de justiça em busca de algum momento de celebridade. Digo isso baseado no conteúdo do questionário enviado ao jogador de futebol. As perguntas me pareceram esdrúxulas, e eu imaginei as respostas que eu daria a elas. O procurador tinha (tem) centenas de membros de Igreja Renascer em Cristo na cidade de São Paulo aos quais ele poderia endereçar suas perguntas, mas resolveu enviá-las a alguém famoso, um jogador de futebol de sucesso, que mora na Europa. Depois a revista afirmou que sua fonte não foi o procurador. Mas além disso, a reportagem de Paolo Manzo, de janeiro do ano passado, ainda resolve explorar as supostas dificuldades de relação entre Kaká, sua esposa e sua sogra. É ou não um momento Contigo?


Voltando então. Na seção A Semana, de 25 de fevereiro passado, a revista volta ao assunto. Informa que o jogador respondeu às perguntas do procurador. E a revista divulga o total de doações de Kaká para a Igreja: 200 mil euros, 580 mil reais aproximadamente ao câmbio do dia. Se Kaká é um dizimista, isto é, entrega dez por cento de seus rendimentos à Igreja, podemos inferir que ele recebeu 2 milhões de euros, ou 5,8 milhões de reais em salários e patrocínios? Esta notícia deveria ser divulgada? É do interesse público quanto o jogador recebe? Ou antes este tipo de informação não contribui para colocar mesmo em risco a vida do jogador e de seus familiares?


O texto de A Semana diz que “A reportagem provocou uma reação irada dos pit bulls a serviço da Renascer”. Quem são eles? Quem são os “pit bulls a serviço da Renascer”? Os fiéis da Igreja? Será que eles não podem defender as pessoas em quem confiam, mesmo que estas pessoas errem em algum momento de suas vidas?


E por fim, o texto se conclui após dizer que quem defendia a Renascer, “deu com os burros n'água”, e ainda “O tempo, neste caso, foi o senhor da razão”.


Eu não entendo assim. Para mim a revista errou ao se transformar numa revista de fofocas de celebridade. Insiste no erro, ao informar que o jogador Kaká respondeu ao procurador, e retomar o assunto um ano depois, em busca de razão para si. Mas ao mesmo tempo, como acontecia com freqüência no governo W. Bush, tem dificuldades de admitir que errou. Além disso, ao genericamente chamar de “pit bulls” aqueles que defenderam a Renascer, ou questionaram o conteúdo da reportagem como este blogueiro, parece demonstrar dificuldades também em aceitar o contraditório de suas afirmações.


A propósito, Mino Carta afirmou que iria processar a assessoria de imprensa de Carlos Brickmann contratada para ser relações públicas da Igreja e de seus líderes, acho que por calúnia e difamação, em busca de dano moral. Como ficou aquele processo?

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quinta-feira, março 12, 2009

Apostas erradas

Apostas Erradas.

Márcio Alemão
De São Paulo

Mais uma notícia que não causou nenhuma surpresa nesse que vos escreve: a dupla Mendigo e Gluglu não emplacou na Record. Passaram por vários programas sem deixar saudade em nenhum.

Pior. Sequer fizeram falta ao Pânico. Escrevi essa obviedade nessa coluna quando partiram.

Mas alguém na Record acreditou deveras que a dupla funcionaria como uma espingarda de dois canos. Prejudicaria a audiência do Pânico e aumentaria a da Record, onde quer que estivessem fazendo "graça".

O Pânico não tem estrelas. Para quem não gosta do programa, todos os participantes são ruins. Para quem é fã, todos são muito divertidos. A turma do Pânico é uma trupe. Como tal, funciona em grupo, ainda que solos aconteçam ao longo do espetáculo. Uma dupla jamais desestabilizaria o programa.

Repetindo: mas alguém na Record acreditou nisso.

Igual a Band, que acreditou que a Daniela Cicarelli iria levar um pouco da MTV para a emissora. Nada aconteceu. O sucesso não veio, a audiência não veio, o prestígio não veio. Sim; prestígio é importante. O CQC não arrebenta na audiência. Mas está lotadinho de anunciantes e recusando patrocinadores.

Agora passam o dia a correr atrás da moça e a repetir o bordão: Cicarelli está encostada, sem destino, mas não quer falar sobre o assunto. Falar o que? "Sim, de fato não rolou, dei o melhor de mim mas a TV é uma caixinha de surpresas. Talvez eu vá para o SBT no lugar da Adriane".

A idéia me parece razoável. Ambas fazem bem esse papel de ficar esperando algo acontecer.

Arrisco dizer que a Adriane Galisteu na Band também não irá causar grande comoção nos índices.

Ainda sobre as duas beldades, eu até diria que a Cicarelli é mais definida que a Adriane. Posso vê-la de volta à MTV, assim como voltaram Thunderbird, Marcos Mion, Casé. Não vejo a Galisteu em nenhum lugar. A culpa pode ser do Silvio Santos que nunca lhe deu o devido espaço. Valor ele deu. A moça ganhava salário de campeã de audiência. Descobriremos a verdade ao longo desse ano.

Dado curioso: pouco se comenta sobre a qualidade dos programas nos quais as celebridades estão envolvidas. Vocês já tiveram a curiosidade de ver a quantidade de escritores que fazem o programa do David Letterman, da Ellen, da Oprah? Sim, saio nesse momento em defesa das beldades e volto a citar o CQC, que conta com uma boa equipe de criadores. O programa da Cicarelli não era bom. Outra em seu lugar não mudaria nada. E eu termino costurando tudo: nenhum talento individual consegue se destacar quando não existe uma boa equipe a lhe dar suporte. Algumas emissoras deveriam apostar mais nisso.

Márcio Alemão é publicitário e cronista gastronômico da revista Carta Capital.

Texto publicado no Terra Magazine.

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segunda-feira, março 09, 2009

Comentário sobre o Lago Rio Guaíba

1) O Rio Guaíba passou á ser chamado Lago após a Lei 4771 de 1965 que considera as áreas de preservação permanente, foi uma maneira de burlar esta Lei, pois se aplicada deixaria um entorno de 500 m á contar da margem do Guaíba como não utilizável e que no futuro seria um grande parque e área de preservação. O poder econômico se movimenta rápido.

A própria Lei Orgânica do Município de Porto Alegre chama até hoje de Rio Guaíba, sendo a prova da burla.

2) Complementando minha posição referente ao Rio Guaíba peço permissão para deixar um enderêço no qual apresento uma apresentação sobre a grande farsa na troca de Rio para Lago além de outros pontos de vista.

http://portoalegredosproblemas.blogspot.com/

Velhos comentários do Eng. Henrique Wittler, que resolvi passar para o corpo principal do blog.

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quinta-feira, março 05, 2009

Ninho Vazio

Ninho Vazio


Vez por outra eu leio ou ouço maravilhas acerca do novo cinema argentino. E eu acho que quando falam em “novo” querem referir o cinema que tem sido feito no país vizinho dos anos 1990 para cá.

Assim fui conferir o filme Ninho Vazio (“El Nido Vacio”, de Daniel Burman, Argentina, 2008). Não tanto para conferir o “novo cinema argentino”, quanto para ouvir o espanhol dos “hermanos”, como ainda para conferir se haveria cenas externas na cidade de Buenos Aires.


O filme começa com um casal de meia idade, ou um pouco além disso, em um jantar com amigos. Eles são Leonardo (Oscar Martínez) e Martha (Cecília Roth). Após o jantar, quando chegam em casa, a filha mais velha do casal não está lá, e provavelmente só voltará para casa no dia seguinte, conforme Martha informa a Leonardo. Isto, o fato da filha passar a noite fora, inquieta Leonardo, fazendo com que ele tome a decisão de aguardar a chegada da filha acordado, sentado em uma confortável poltrona da sala da residência do casal. Leonardo é um dramaturgo e aproveita o tempo para fazer anotações para alguma nova futura peça que venha a escrever.


Mas então os dias passam rápido. Na cena seguinte, ficamos sabendo que a filha do casal contraiu matrimônio com um jovem de ascendência judaica, e migrou para Israel. Os outros dois filhos do casal, após concluírem suas graduações na faculdade, resolvem ir fazer pós-graduação em algum país bem longe, da Argentina, provavelmente na Europa.


O casal passa a viver um momento novo em sua vida. Já não há mais a preocupação com os filhos. O que fazer daí por diante?


Martha resolve retomar os estudos, e concluir sua graduação em sociologia. Ela havia sido uma estudante relativamente brilhante na juventude, mas, provavelmente por conta de casamento e nascimento dos filhos, não chegou a se formar. A volta à faculdade abre para ela um novo círculo social, com os novos colegas da faculdade, bem como com os professores. Martha, que já era uma pessoal sociável, de muitos relacionamentos sociais, tem um novo leque de relações a explorar.


Leonardo, mais retraído, encontra um amigo que lhe indica trabalhar com publicidade, coisa que ele se anima a fazer. Além disso, o genro lhe pede que leia um livro que escrevera (que o genro escrevera). O livro se chama “O Ninho Vazio”. Por fim, ainda acaba se envolvendo emocionalmente com um dentista recém-formada que o trata em um momento que a dentista que cuida dele normalmente está fora da cidade, em um congresso de odontologia. Esta dentista recém-formada é uma moça muito reticente...


Leonardo anda com o livro do genro para cima e para baixo, mas nunca encontra um momento em que chegue a se concentrar para lê-lo, e dar seu veredito, tão aguardado pelo genro.


Por fim, quando a filha anuncia o nascimento do neto de Leonardo e Martha, o casal decide ir a Israel. Lá a família se reencontra em parte. Aparentemente no vôo para Tel-Aviv, Leonardo tem tempo para ler o tal livro, que já se tornara um sucesso de vendas em Israel, e já havia sido traduzido para outros idiomas. Leonardo elogia o livro, o que gera gratidão da parte de seu genro.

Em Israel o casal tem oportunidade de flutuar nas águas do Mar Morto, origem da foto do cartaz que ilustra o filme.


E então? O filme é uma reflexão sobre, como diz o título, “o ninho vazio”. O que pode, ou deve, fazer um casal, que chegou junto à fase em que os filhos abandonam o lar, e vão viver suas próprias vidas? O filme não dá respostas sobre isso. Coloca hipóteses. Voltar a estudar? Uma traição por conta do tempo deixado ocioso, uma vez que um dos cônjuges se envolve em alguma atividade que exclui o outro? Retomar antigos “hobbies”? Hipóteses. É preciso seguir em frente com a vida no tempo que nos resta, parece dizer o diretor, que é bem mais jovem que os atores que dirige, e que os personagens que ajuda a criar.


Quando me foi perguntado se o filme era bom, eu respondi que sim. Além disso, eu diria que o filme foi muito eficiente. Sem grandes pretensões, o diretor contou uma história muito humana, sem drama excessivo, e até com algum leve humor.

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terça-feira, março 03, 2009

Tropa de Elite, osso duro de roer...

Tropa de Elite, osso duro de roer...


Neste final de semana (28/02/2009), o filme Tropa de Elite, do diretor José Padilha passou na TV a cabo, e eu finalmente pude assistí-lo.


Posso dizer duas coisas sobre os maiores assuntos que este filme gerou na época em que foi exibido nos cinemas, ou que era vendido aos milhares por vias de distribuição alternativa, no comércio ambulante. Em primeiro lugar, o filme se apresenta como bom cinema, isto é, é uma história relativamente bem contada, que prende a atenção do espectador, e ainda faz pensar ao final. Eu pelo menos me senti impelido a pensar em algo sobre o filme.


Em segundo lugar, não achei que o filme fosse de inspiração fascista, ou, pior, pudesse levar o espectador a pensar em termos de fascismo. Claro que é difícil definir o que seria fascismo, mas em termos gerais, podemos pensar em eliminação da marginalidade social, o que em algum momento se diz vulgarmente como “bandido bom é bandido morto”; e também, a sociedade deve andar em ordem unida, e a diferença é vista com suspeita, quando não eliminada também fisicamente. Cada um deve saber o seu lugar na sociedade, para melhor serví-la, sem lugar para questionamentos. Não vi isso no filme.


Por outro lado, não é um filme fácil de assistir. Há violência pesada mostrada na tela, bem como consumo de drogas ilícitas, e cenas de corrupção explícita, autêntica obscenidade.


Dito isto, há algumas considerações a serem feitas. O filme é uma obra de ficção, e dentro deste prisma deve ser um pouco relativizado. Consta que o filme teria alguma inspiração no livro Elite da Tropa, organizado pelo sociólogo Luiz Eduardo Soares, que é um dos especialistas em segurança pública no Brasil, juntamente com dois ex-oficiais da polícia militar do Rio de Janeiro. Esta inspiração é algo a conferir.


Como foi dito pelo comentarista de cinema do jornal Folha de São Paulo, Inácio Araújo, no dia 1o. de março, o capitão Nascimento, protagonista do filme, é uma ruína ambulante. A polícia ao seu redor está arruinada pela corrupção, e a constante exposição do policial à tal “guerra do tráfico” no Rio de Janeiro cobra seu preço nos distúrbios psicossomáticos do capitão, e na desarmonia de sua vida familiar.


E não é que o capitão seja um fascista. Não. Ele pondera, quando lhe dão uma missão de patrulhar determinada região do Rio de Janeiro, que a atuação do Batalhão do Operações Especiais ali vai gerar mortes. Seu oficial superior não aceita a ponderação, e, de fato mortes acontecem. Como diz o capitão, ele precisa não pensar muito, não deve pensar, porque pensar pode levá-lo a vacilar, e isso pode ser problemático durante uma operação do BOPE.


E aí entra o aspecto que mais me impressionou no filme. Volto a afirmar aqui que, como obra de ficção, o filme precisa ser relativizado. Eu de fato não sei como opera o verdadeiro Batalhão de Operações Especiais no Rio de Janeiro. Mas o BOPE mostrado no filme não age como uma força policial, mas como um comando especial militar, atacando um território estrangeiro.


Para mim, ficaram evidentes os paralelos da atuação do BOPE em favelas do Rio de Janeiro, com a atuação de Marines, Força Delta, Boinas Verdes, e outros que tais, no filme Falcão Negro em Perigo (“Black Hawk Down”, de Ridley Scott, 2001). A entrada do BOPE nas favelas é sorrateira, eventuais sentinelas do tráfico são rapidamente eliminadas (“atire, e depois, talvez, pergunte”), a tortura é prática comum como meio de obter informações importantes (e em determinada cena a tortura se mostra inútil, pois não adianta torturar alguém ligado ao traficante, o “inimigo a ser eliminado” no caso, se este alguém não sabe de fato o paradeiro do traficante), e, eventualmente, um preso dominado é simplesmente executado. Isto não é atuação de força policial. Polícia prende, e deixa que a justiça leve o preso a julgamento, e não mata extrajudicialmente. Quem faz eliminação física de inimigos é força militar. E eventualmente mesmo esta ainda é capaz de fazer prisioneiros em tempo de guerra.


Se é verdadeiro o “modus operandi” do BOPE tal qual mostrado no filme, ele se explica em parte pela desordem social e política que acontece no Rio de Janeiro, pela corrupção da “polícia comum” (como a chama o capitão Nascimento), que aliás é um caso a parte, totalmente corrompida segundo o que mostra o filme, algo difícil de acreditar totalmente; pela inoperância do Poder Judiciário, e, por fim, pela certeza de impunidade por parte dos “membros da Tropa”. Afinal se eles matam, torturam e executam com certa naturalidade, é porque sabem que não serão incomodados por qualquer autoridade que pudesse cobrar responsabilidade pelos atos do BOPE.


Há ainda outros aspectos sobre os quais o filme fala, como sobre o papel do usuário de drogas ilícitas, a atuação de certa classe média... Mas isso fica melhor para quem quiser comentar estes aspectos do filme. Pessoalmente eu achei esta abordagem meio estereotipada. Mas valem outros julgamentos.


Ah sim. E ainda temos a pegajosa trilha sonora do Tijuana para acompanhar a fita.


Como eu disse, achei um bom filme. Bom cinema. Mesmo que não seja de muito fácil digestão.


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Capitão Nascimento é uma ruína ambulante

Capitão Nascimento é uma ruína ambulante

INÁCIO ARAUJO

CRÍTICO DA FOLHA


Será "Tropa de Elite" (TC Pipoca, 20h; não recomendado a menores de 16 anos) um filme fascista, como acreditam muitos críticos? Essa pode ser uma impressão apressada, dessas em que se confunde o discurso da personagem com o do filme.
É verdade que Capitão Nascimento é um tipo a que não falta ambiguidade. Sua tropa está lá para barbarizar mesmo. Certo ou errado, ele sabe que participa de uma guerra em dois fronts: contra os traficantes, de um lado, e contra a política corrupta de outra.
Tudo isso faz dele uma mistura de Rambo com Eliot Ness, celebrizado por "Os Intocáveis". Não tem muito tempo para divagações e teorias. A teoria é um inimigo tão perigoso quanto uma bazuca. É proibido pensar: recebe-se o mundo tal como ele vem e pau na máquina. Esse último item ajudou Nascimento a se tornar um herói de pessoas para quem o mundo está pensado, não devemos nos ocupar com isso: basta agir.
A verdade, no entanto, é que a vida do capitão é uma ruína. A implantação de seus métodos tem um custo tão alto que ele não consegue nem ter uma família (e nem, de resto, implantá-los para valer, institucionalmente). Capitão Nascimento é uma ruína ambulante, assim como sua tropa.
No fundo, o que este filme faz é nos lembrar que questões como violência urbana e justiça social estão longe de serem resolvidas. Chama o Foucault, por favor.

Texto da Folha de São Paulo, de 1. de março de 2009. O texto provavelmente está sendo publicado pela estréia do filme Tropa de Elite na televisão por assinatura.

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segunda-feira, março 02, 2009

Benjamin Button


IMG_0106 - Benjamin Button
Upload feito originalmente por Ze Alfredo

domingo, março 01, 2009

Porcos não podem olhar para o céu...

Em setembro de 2006, foi publicado neste blog um "post" sobre o filme Porcos Não Olham Para o Céu .
Em outubro passado, o próprio diretor do filme apareceu no por aqui para informar que o filme estava disponível.
De fato está. É possível assistí-lo no blog do diretor, Daniel Marvel .
Assim, aproveite para ver. Apóie o cinema independente.

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Haverá lugar para os gatos no Reino dos Céus?



Haverá lugar para os gatos no Reino dos Céus?

Aparentemente sim, se você crer na Bíblia.

Esta pergunta vem a propósito de meu filho ter perdido recentemente uma pequena gata, que ele havia resgatado da "caixinha das doações" de uma "pet shop" meses atrás, a pequena Iracema. A morte de um animal de estimação é uma perda importante para quem o perde. E este não é o primeiro bicho que meu filho perde, embora eu não esteja certo das lembranças que ele tem de uma cachorrinha chamada "Lady", ou mesmo de meu cachorro, o Toquinho, que acabou por ser sacrificado após entrar em senilidade e declínio físico após uma longa vida (para um cachorro) de mais de 20 anos.

O livro do profeta Isaías, e na verdade só ele, fala de uma natureza redimida e integrada, em um futuro, onde Deus redimirá e restaurará a Terra. No capítulo 11, a partir do verso 6, está escrito "E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho do leão e a nedia ovelha viverão juntos, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas e seus filhos juntos se deitarão; e o leão comerá palha como o boi. E brincara a criança de peito sobre a toca do áspide, e o já desmamado meterá a sua mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o monte de minha santidade, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar." Esta profecia é parcialmente repetida no capítulo 65, verso 25 do mesmo livro.

Não fala aí em gatos, ou em cães, mas como aí estão, todos integrados, bois, ovelhas, leões, lobos, serpentes, não há porque pensar que não haveria lugar para cães e gatos.

E foi dito acima que esta profecia está apenas em Isaías. Desta maneira, de fato, só temos em Isaías. Mas no Novo Testamento, na Carta de Paulo aos Romanos, no capítulo 8, iniciando no verso 18 esta escrito "Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus, porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora, e não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo." Ora aqui está escrito que toda a criação ficou sujeita "à servidão da corrupção", o que vale dizer ficou sujeita à morte, e espera a redenção quando Deus se manifestar.

Ou seja, creio que haverá lugar para nossos bichinhos de estimação, quando vier o tempo.

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