segunda-feira, agosto 31, 2009

Lisboa Alegre

Lisboa Alegre

Amilcar Bettega
De Lisboa

Já perdi a conta das vezes em que estive em Lisboa. Na primeira eu tinha vinte e poucos anos, muita vontade de viajar e nenhuma ideia do que iria fazer da minha vida - era uma época ao mesmo tempo feliz e de grandes inquietações. A última foi há dois meses, ou melhor, a penúltima, pois agora escrevo estas linhas sentado à esplanada de uma pastelaria no Rossio, sob essa luz ao mesmo tempo crua e doce que só Lisboa possui.

Já ouvi falar que tem a ver, a luz, com a topografia particular da cidade, que a deixa meio inclinada sobre esse imenso espelho d'água que é o Tejo, a multiplicar uma luminosidade por si só bastante generosa. Uma luz que se intensifica ainda nas lajes brancas da Praça do Comércio, nas pedras brancas das calçadas do Rossio, no casario branco da Baixa.

Lisboa é branca. E azul também, ou amarela - em todo caso Lisboa é clara. Mesmo à noite, nos becos apertados da Mouraria, mesmo quando chove ou há nuvens, mesmo quando faz frio, mesmo quando é triste (porque Lisboa pode ser triste também), ela é sempre clara e luminosa, uma cidade solar.

Já perdi a conta das vezes em que cá estive. E cada vez que volto é a mesma coisa. É como se eu voltasse a uma casa da infância ou a um bairro onde vivi muito tempo, sinto que revisito um espaço familiar, mas mais do que isso: sinto-me feliz e tranquilo como quando se regressa à casa depois de muito tempo viajando.

Quando percorro o Bairro Alto, procuro os mesmos bares e sou capaz de reconhecer rostos familiares lá dentro. Na rua do Loreto, entro no Casa da Índia, a réplica lisboeta da Lancheria do Parque, o melhor lugar para tomar cerveja em Porto Alegre (eu sei, minha opinião é baseada meramente em critérios afetivos mas, enfim, as opiniões são sempre isso). O mesmo e longo balcão à esquerda de quem entra, com bancos onde se bebe, come, conversa ou simplesmente fica-se. O mesmo e amplo (é verdade que um pouco menor do que o da Lancheria) espaço com as mesas onde se bebe, come e conversa. O mesmo e intenso (e exagerado) ruído sonoro que vem unicamente das vozes (aumentadas pelo consumo do álcool e do próprio ruído ambiente que faz com que se fale cada vez mais alto se a intenção é ser ouvido), transformando aquele espaço todo em uma ampla caixa de ressonância. Não há música, seria impossível ter música ali. Há balbúrdia. Os mesmos garçons e a mesma fauna humana. E uma tremenda alegria.

Entro no Casa da Índia, na rua do Loreto em Lisboa, tomo uma cerveja e saio da Lancheria do Parque, na Oswaldo Aranha em Porto Alegre (eu sei, isso é um pouco cortazariano mas, enfim, sou um pouco isso também).

Sempre estou saindo em Porto Alegre, onde quer que eu esteja, onde quer que eu entre. Trago-a inscrita em mim - já escrevi isto em algum lugar -, tem cidades que são assim e que funcionam, sem serem um permanente elemento de comparação, à maneira de um suporte sobre o qual uma outra cidade pode se assentar e tornar-se então visível e reconhecível. Porto Alegre é assim para mim. Lisboa não, é outra coisa, mas que há muito já faz parte da minha memória urbana afetiva. Já não precisa de suporte algum, suas ruas, fachadas, cheiros, caras e cores já estão em mim, mesmo que à noite, caminhando nas imediações do Bairro Alto, eu entre no Casa da Índia e saia na Lancheria do Parque.

Texto originário do Terra Magazine.


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Gás venenoso

Gás venenoso

Dias atrás , esperando um voo, ouvi uma expressão que sempre me soa idiota: "Passageiros da melhor idade".
Uso dessa lembrança para responder aos leitores que me escreveram (por conta da coluna do dia 29/06) um tanto revoltados com a dureza do meu tratamento do fenômeno loser (homens e mulheres fracassados na vida, envelhecidos, sem dinheiro, sem amor, sem chances) e de outro fenômeno, o otimismo para retardados. Muitos leitores questionavam meu "direito" de dizer coisas duras assim para as pessoas e que todos têm o "direito a ter esperanças".
A maioria da humanidade é loser. Tanto a arte, quanto seu oposto, a estatística, prova isso. Mas o que seria um programa de otimismo para retardados? Cuidado que você pode, de repente, tropeçar com ele na empresa ou na escola (que horror!), e provavelmente levado a cabo pelo departamento de recursos humanos ou por alguma pedagoga boba apaixonada pela felicidade como produto da educação.
Mas antes, reafirmo: somos todos losers, na medida em que, se tudo está dando certo hoje, a fragilidade da vida (traições, ódios, indiferença, crise financeira, morte) mostrará sua cara. Todavia, a maioria de nós vive isso de modo mais imediato: virtudes são raras, a covardia impera, as competências são escassas (sempre aparece alguém melhor do que você), a inveja corrói as relações, o mercado mata.
A própria paixão que a modernidade tem pela "velocidade" carrega em si o lado negro desta paixão: o risco da aceleração para o vazio é grande e o desejo de permanecer tendo sucesso no mundo contemporâneo tem a consistência de um gás venenoso. Por exemplo, na carreira profissional inventaram uma bobagem chamada "agregar valor a si mesmo" que significa basicamente: não repouse nunca, corra sempre. Ninguém consegue correr sempre, e a experiência humana do envelhecimento fala exatamente do contrário: a vida caminha para o repouso.
A tentativa de negar isso é a palhaçada do termo "melhor idade" para se referir aos idosos, que na realidade não têm valor algum no mundo porque poucos produzem e quase nenhum consome. "Agregar valor a si mesmo" e "melhor idade" são dois exemplos claros do programa de otimismo para retardados.
Faz parte desse programa outro exemplo: a ideia de que exista uma coisa chamada "direito a esperança" e que "respeitar" isso passe pelo perfil obrigatório de um colunista ou de um intelectual. Pelo contrário, quanto melhor for uma reflexão, menos comprometida ela deve ser com um programa de otimismo para retardados. O simples imperativo de associar pensamento à felicidade já é sequela deste programa.
Chamar a última fase da vida de "melhor idade" é um desrespeito ao idoso inteligente. A desvalorização do envelhecimento é consequência inevitável da inaptidão do idoso para responder às demandas do capital e da paixão idiota pela velocidade que falei acima. Sendo o idoso a "encarnação" do passado, e tendo sua experiência valor zero no mercado do mundo, é inevitável que ele sinta que não vale nada.
Contra os idosos hoje em dia há também o fato de que são muitos. Com o grande aumento da quantidade deles, fruto dos avanços da medicina (graças a Deus e às indústrias farmacêuticas, que espero continuem a ser criativas e a ter muito lucro), percebemos que a maioria dos idosos é banal e pouco sábia. Aliás, o efeito das grandes quantidades é sempre este: redução do valor como mercadoria, banalização do conteúdo. Quanto mais idoso existe, menos ele vale no mercado dos homens. Contradição dura esta, não? A vida longa é desejável, mas o resultado é o aumento do estoque de banalidade na forma deformada do corpo humano.
Outro fator a destruir o lugar do idoso no mundo contemporâneo é sua substituição por outros instrumentos de transmissão de conhecimento: internet, mídia, uma escola a cada esquina (mesmo que vagabunda). Esse fenômeno foi chamado de "morte do narrador": ninguém precisa do idoso para "narrar o mundo" e dar sentido a ele. O idoso é ultrapassado, não acompanha as mudanças, é lento, tende ao repouso. De lugar da produção de sentido (o narrador da vida), ele passa a ser o abismo da falta de sentido dela: envelhece, perde funções vitais, é um peso para os seus, ocupa espaço e é inútil.
Sofro com o fato tanto quanto os que "têm esperança". Respiro do mesmo gás. Morrerei do mesmo veneno.

Texto de Luiz Felipe Pondé, na Folha de São Paulo, de 6 de julho de 2009.


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Produtor de "2012" vetou cena de destruição em Meca

Produtor de "2012" vetou cena de destruição em Meca

Para quem gosta de filmes-catástrofe, ver a própria cidade destruída em um blockbuster de Hollywood pode ser bem divertido. Afinal, ninguém aguenta mais ver Nova York indo pelos ares. Em "2012", que será lançado no fim do ano no Brasil e nos EUA, a estátua do Cristo, no Rio de Janeiro, e a Basílica de São Pedro, no Vaticano, se despedaçam enquanto São Francisco é engolida por um enorme cratera. O filme do diretor Roland Emmerich, o mesmo de "Independence Day" e "O Dia Depois de Amanhã", se inspira em profecias maias que prevêem o fim do mundo no ano de 2012.

Em entrevista ao UOL Cinema, Harald Kloser, produtor e co-roteirista de "2012", disse que não tinha nenhuma predileção por destruir importantes símbolos católicos. "Queríamos retratar um situação em que as orações não pudessem frear os acontecimentos, porque a natureza é mais forte que a religião", disse Kloser.

"No nosso roteiro original, também prevíamos a destruição da Caaba [a construção mais sagrado para os muçulmanos, localizada no pátio da grande mesquita de Meca, na Arábia Saudita]. Mas eu disse para o Roland: ‘Não, eu não quero acabar sendo morto por causa disso'". Segundo Kloser, o filme mostra apenas orações ao redor do local.

Post do Blog de cinema do UOL.

Estou me tornando um velho intolerante.

Não sei o contexto das colocações deste produtor, mas adorei as duas frases citadas, em que diz que “queríamos retratar um situação em que as orações não pudessem frear os acontecimentos, porque a natureza é mais forte que a religião”, mas que a destruição de Meca foi vetada pois “eu não quero acabar sendo morto por causa disso”. Como sabemos crentes fanáticos e integristas são uma coisa totalmente fora da natureza, não dá nem para dizer que são aliens, teriam que vir de uma outra dimensão, afinal “a natureza é mais forte que a religião”.

Mas quem se importa com o que diz um produtor de cinema. Talvez ele só queira mesmo criar uma celeuma para vender mais entradas de cinema...


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sábado, agosto 22, 2009

A Outra Margem do Guaíba - Sobre o Guaíba (II)

A OUTRA MARGEM DO GUAÍBA

Guaíba, rio ou lago? Ontem, mostrei os argumentos de Rualdo Menegat. Hoje, apresento uma carta do engenheiro Henrique Wittler: 'Mais uma vez venho te apresentar elementos que contestam o professor Menegat feitos por um professor de doutorado e mestrado da UFRGS onde Menegat é professor de formação. Também gostaria de te informar que o Atlas foi desenvolvido no período de 1994 a 1998. Nesse período, Menegat era, como ainda é, professor da UFRGS com 40 horas de dedicação exclusiva. Um pouco antes, foi firmada uma parceria entre Faurgs e prefeitura, Dmae, Smam, Condor Empreendimentos Imobiliários, Copesul, Varig para elaboração do Atlas Ambiental de PoA. Em 1994, o professor Menegat foi convidado para ser o coordenador e foi até 1998 com a publicação daquele. Como coordenador, teve sob suas ordens pessoal de prefeitura, Dmae, Smam, entre outros'.
Wittler fala de poder: 'Ocorre, fato mais grave, que o professor Menegat além de ocupar o cargo de coordenador foi designado por Tarso Genro para ser secretário-adjunto da Smam e o foi até 1998 (dois anos de governo Raul Pont). Veja, o professor tinha toda a máquina a sua disposição como coordenador do Atlas, dinheiro da Faurgs e, além disso, tinha o cargo de secretário na Smam, o que lhe permitia em nome desta realizar palestras, contatos com editoras, magistério, órgãos encarregados dos currículos escolares, no sentido de caracterizar o Guaíba como lago. É triste, mas é a verdade, está escrito, ninguém pode negar. Foi neste período que o lago passou a ser considerado na Smam, consumando-se a farsa'.
A oficialização do Guaíba como lago teria ocorrido por decreto. Wittler contesta: 'Quanto a decreto de Amaral de Souza, constatamos que não existe. Fui induzido a acreditar neste em face de uma entrevista de Menegat ao Correio do Povo em 2001, de que tenho cópia, na qual citava o referido decreto. Recentemente, o professor confirmou em e-mail ao arquiteto Nadruz, inclusive quase que afirmando que a inclusão do termo lago foi em razão do decreto, que continua afirmando existir'. Em apoio à tese de que o Guaíba é rio, Wittler traz o depoimento de Elírio Toldo Jr., do programa de pós-graduação em Geociências da UFRGS. É a guerra dos especialistas.
Toldo: 'Antes de tudo, o Guaíba tem nome, e este nome é ‘rio Guaíba’. É o nome popular do Guaíba, consta nos mapas, nos livros e, historicamente, é descrito como rio Guaíba (...). O Guaíba apresenta elementos descritivos de três tipos de ambientes: rio, lago e estuário (...). No Guaíba se destaca a morfologia do ‘canal’. É uma feição de fundo que atravessa todo o ambiente e onde se encontram as maiores profundidades. Canal é uma feição de fundo construída por um rio. As grandes dimensões do canal são ainda suficientes para controlar o padrão de circulação de suas águas e do escoamento direcionado predominantemente para o Sul, comportamento típico de rios. A distribuição dos sedimentos de fundo obedece muito mais a um padrão fluvial do que lacustre. Os fatores hidrodinâmicos, morfológicos e sedimentológicos são os de maior relevância para a classificação do Guaíba, principalmente como rio'. Sem dúvida, palpitante.

Este texto é de Juremir Machado da Silva, e foi publicado no jornal Correio do Povo, de 8 de maio de 2009.


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Luta de Titãs - Sobre o Guaíba (I)

LUTA DE TITÃS

Era assim que se falava, quando eu era criança, de dois grandes polemistas. No momento, em Porto Alegre, dois titãs se enfrentam sem que todos prestem atenção: o engenheiro Henrique Wittler e o professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da UFRGS. O fantástico é que os dois me convencem, embora um pense o contrário do outro. Wittler defende que o Guaíba é um rio. Menegat sustenta que é um lago. Wittler garante que essa história de lago foi tirada da cartola para justificar a menor proteção da orla na medida em que uma lei federal manda preservar uma área menor à beira dos lagos. Os argumentos de cada um são fortes e fazem pensar. Hoje, vou apresentar aqui os de Menegat a partir do e-mail que ele me mandou.
Menegat é autor de um 'Pequeno Manual Para Saber Se o Guaíba é Estuário, Rio ou Lago'. Foi um dos organizadores do famoso Atlas Ambiental de Porto Alegre, que define o Guaíba como um lago. Reconhece que na primeira edição houve um erro, já corrigido, dizendo serem seis os rios (são quatro) afluindo para o Guaíba. A sua tese principal está plasmada neste título da sua lavra: 'Falsas Polêmicas Escondem o Óbvio: a Proteção do Guaíba Depende da Vontade Política dos Mandatários de Porto Alegre'. Em outras palavras, sustenta que o Guaíba é um lago por razões científicas e não políticas. A sua abordagem dos fatos começa citando o incontornável viajante francês Auguste Saint-Hilaire, para quem o Guaíba era um lago. Mas um intendente da época (1820) teria decidido chamá-lo de rio. Seria por alguma maracutaia?
Menegat garante que o Guaíba não é estuário por não ser aberto diretamente para o mar. Não é, segundo ele, rio por 12 motivos: 'Não tem nascentes, não tem perfil fluvial longitudinal, não tem margens paralelas, não se inclui em nenhuma classe de padrão de canal, não se inclui em nenhuma classe de padrão de drenagem, não possui nenhuma feição de erosão fluvial, não possui nenhum tipo de depósito fluvial, não possui matas ripárias, possui matas de restinga lacustre, possui conchas lacustres, possui cordões lacustres, nasce em um delta (feição de desembocadura de um rio, do ponto final do curso d’água)'. É um lago? Lago não é exclusivamente uma porção de água cercada de terra por todos os lados (o Guaíba é aberto em Itapuã)? Segundo Menegat, essa definição de lago é de terceira série primária. Mais: 'Não está proibido em nenhum manual técnico-científico internacional que um lago não possa ter fluxo de água'.
Cita os grandes lagos Erie e Ontário para comprovar a sua afirmação. Menegat não descarta, porém, que os defensores atuais do Guaíba como lago queiram apenas se beneficiar de lei que protege mais os rios do que os lagos: 'É de se perguntar por que tal lei não protege, pelo menos igualmente, estes últimos. Aliás, a lei deveria proteger muito mais os lagos, porquanto são mais vulneráveis'. Além disso, 'os municípios têm alçada para melhorar as leis ambientais federais e estaduais'. Portanto, a questão não seria a natureza, mas os homens: 'Que atalho é esse que prefere revogar a ‘lei da natureza’ do que a ‘lei dos homens’, numa espécie de obscurantismo contra a ciência?' Ponto para os 60 metros.

Este texto é de Juremir Machado da Silva, e foi publicado no jornal Correio do Povo, de 7 de maio de 2009.

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quinta-feira, agosto 20, 2009

Agora a Tropa de Elite no National Geographic

National Geographic visita favela carioca

Guerra ao tráfico no Rio dá início à série documental "Shadow Soldiers"

Apresentada pelo militar e escritor Chris Ryan, nos próximos episódios programa também passará por Colômbia, México e EUA

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O escritor Chris Ryan elegeu o Rio de Janeiro como um dos locais para a série de documentários "Shadow Soldiers" (soldados das sombras). A guerra do Bope (Batalhão de Operações Especiais) contra o tráfico de drogas nas favelas do Rio foi exibida neste mês no canal National Geographic, nos EUA.
Chris Ryan, na verdade um pseudônimo para o militar Colin Armstrong, ficou famoso ao se tornar o único membro da missão "Bravo Two Zero" da força aérea especial britânica, a SAS, a sobreviver e escapar na primeira guerra do Golfo, em 1991. Depois disso, ele se tornou escritor.
Nas próximas semanas estão previstos episódios na Colômbia, no México e nos EUA. No Rio, ele acompanhou as operações do batalhão durante uma semana e participou de uma invasão à Vila Cruzeiro, favela na zona norte da cidade.
O retrato da criminalidade e do papel da polícia na série é bastante estereotipado. A começar pela narração em voz dramática de cada passo da equipe e do sotaque do narrador que chama o batalhão de "bópp". Frases como "as favelas do Rio são uma zona de guerra" e "as gangues cariocas são o seu futuro, eles são do Comando Vermelho" dão o tom do documentário.
Ryan tece elogios ao "caveirão", o veículo blindado da PM usado durante as operações em favelas, e constata a falta de recursos da corporação.
O documentário alterna explicações sobre a origem dos fuzis AK-47, usados pelos traficantes, com o fascínio pelo misticismo da corporação. Um dos membros do Bope mostra uma caveira, o símbolo do batalhão, que o salvou de um tiro durante uma incursão policial. A bala teria batido na caveira que faz parte da faca do policial.
O documentário não tem conclusão, apenas a constatação de que a guerra contra o tráfico no Rio é pior do que Ryan esperava.

Texto da Folha de São Paulo, de 17 de agosto de 2009.

É programa pra gringo ver e pensar no sofá da sala: “Puxa, como são violentas estas cidades do terceiro mundo”. Em breve também na sua TV por assinatura.


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quarta-feira, agosto 19, 2009

O Mundo Monstro de Adão Iturrusgarai: a vida no suspiro final

Celibatários nas praias do século XXI

Celibatários nas praias do século XXI

Javier Darío Restrepo
De Bogotá, Colômbia

O mundo de hoje está curado de espantos sexuais: o sexo oral é tema de conversas desde que a imprensa xeretou as intimidades do presidente Clinton; as seções sobre sexo em jornais e revistas tratam, sem rubores, de tema que o Kama Sutra esqueceu e que o gênero picaresco deixou de lado, apesar da sua cínica acalmação. Nenhum segredo sobre o sexo parece ser-nos alheio.

No entanto, estão soando gritos de escândalo e de curiosidade adolescente diante do flerte de um casal em uma praia, porque ele é um gentil e popular sacerdote da televisão, da rádio e da imprensa. Escândalo sincero? Curiosidade? Hipocrisia?

Um sacerdote apaixonado em Miami, ou as mulheres seduzidas e grávidas do presidente Lugo, quando ainda usava a mitra, ocupam espaços e imagens na televisão, colunas na imprensa, fazem as beatas se benzerem e os incrédulos sorrirem, astutos e satisfeitos, e converteram em um tema deliciosamente picante o celibato dos sacerdotes.

O celibato no Concílio.
Apesar da imprensa de então ter afirmado que o Concílio Vaticano se reunia para autorizar o casamento dos padres, o certo é que não foi um tema da sua agenda, apesar da quantidade de folhetos, cartas, estudos e propostas que circularam pelos corredores da aula conciliar e pelas caixas postais dos quase 2.000 participantes nas suas sessões. Até um escrito assinado por 81 médicos, sociólogos e escritores, urgia um estudo sobre o tema. O Papa considerou inoportuno o debate público, mas deixou aberta a possibilidade de que os padres conciliares apresentassem os seus escritos, que a presidência do Concílio os faria chegar até as suas mãos.

Um desses escritos foi o do monsenhor Koop, bispo de Lins, no Brasil. Pedia clero casado para salvar a Igreja na América Latina, um continente com 35% dos fiéis de toda a Igreja e apenas com 6% dos seus sacerdotes. Calculava-se então que para o ano 2000 o continente precisaria de 125.000 sacerdotes mais e que a esse número somente se chegaria com sacerdotes casados. Um dos teólogos assessores do concílio escreveu naqueles dias que a Igreja deveria renunciar ao celibato como forma de encontrar um clero suficientemente numeroso.

Mas, além disso, como resolver o problema dos sacerdotes que não haviam sido capazes de cumprir os seus votos e que se haviam convertido em motivo de escândalo?

Em uma dramática confissão de João XXIII ao filósofo francês Etienne Gilson, lhe confiou: "parece-me que escuto um choro, como vozes que pedem à Igreja que os libere do pesado fardo." E admitia: "não é dogma, a Escritura não impõe o celibato e, inclusive, é fácil de fazer: pego uma pena, assino um papel e amanhã todos os sacerdotes que assim o desejarem poderão se casar. Mas não podemos fazer isso. Não podemos consentir com isso."

Por que insistir no celibato?
Os bispos que aplaudiram, até o delírio, uma carta de Paulo VI ao Concílio, na qual reiterou as expressões de João XXIII, tinham muito claras as razões dessa negativa e as compartiam. De fato, 1.971 deles haviam aprovado uma proposição que qualificava o celibato como "riqueza positiva."

O teólogo alemão, Kart Rahner, do grupo de assessores do Concílio, explicaria que a vida não se pode reduzir ao diário e ao sexo. Dela também fazem parte a responsabilidade, o mistério, a dor aceita e a renúncia. Ao comparar o compromisso do celibatário com o compromisso matrimonial descobria que os dois são difíceis. O casado e o celibatário necessitam amor generoso, domínio pessoal, renúncia à vontade, maturidade e entrega. Ambos dão satisfações, obrigam a caminhar por caminhos sem volta, mas nenhum é superior ao outro. Casos como o do padre Jacob Loos, um antigo pastor protestante que celebra a sua missa em uma pequena capela de Zwolle e ali dá a comunhão à sua esposa e aos seus filhos, abrem o caminho de uma possibilidade: os sacerdotes casados. Hoje é muito comum o caso dos diáconos casados e poderia chegar o recrutamento de casados para o sacerdócio, mas não o dos sacerdotes com licença para casar-se. Ali o celibato é inamovível.

No entanto, Nicodemo, metropolita ortodoxo e o doutor Ramsey, que foi primado anglicano, coincidiam em sua admiração pelo celibato da Igreja Católica. Por ocasião do Concílio, cálculos foram feitos: 20% dos pastores protestantes e 45% dos ortodoxos escolhiam voluntariamente o celibato; talvez pela mesma razão que os católicos.

Entendiam que os seus chamados à fidelidade matrimonial e o seu testemunho sobre a existência de uma vida vindoura, superior em tudo à atual, deviam ser algo mais que retórica de púlpito.

Para demonstrar que a vida futura é superior, o mensageiro deve se converter na mensagem e começar por derrubar de fato o mito de que o sexo é tudo ou quase tudo, e que as delícias da vida presente são prescindíveis e pálidas diante da felicidade futura. Se isso não se prova com vidas capazes de vencer a força do sexo, a predicação da Igreja é vazia.

Talvez pensasse nisso Bento XV em 1920, quando afirmou que a Santa Sé nunca cederia nesta matéria. Ou João XXIII, quando chamou de alucinados os que achavam possível uma ab-rogação do celibato. Algo parecido diria Bento XVI em nossos dias. A Igreja está convencida de que a tirania do sexo e a fé na vida que virá criam a necessidade do testemunho dos celibatários. Isso torna o cristianismo uma coisa muito pouco moderna. A Igreja também sabe disso.

Este texto é originário do Terra Magazine. Destaques do blogueiro.


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A primeira pedra

A primeira pedra

NÃO PARECE : justamente agora, quando pensávamos em desafios da era moderna, ecologia, internet, conquista espacial, somos obrigados a viver e conviver com velhas palavras e usanças que julgávamos desativadas para sempre. Uma delas, que voltou ao cartaz com força total, é nepotismo. Em sua origem latina teria duplo sentido, pois tanto pode significar alguma coisa relativa a um neto ou a um sobrinho, enfim, a um descendente. Sem querer deitar uma erudição que não tenho, lembro um caso do mais deslavado nepotismo, também um dos mais escandalosos: foi o daquele papa (Pio 4º) que nomeou seu sobrinho para o Sacro Colégio, ou seja, fez um jovem, quase um menino, tornar-se cardeal.
Tratava-se do nosso doméstico São Carlos, padroeiro involuntário de uma antiga escola de samba e do morro homônimo aqui no Rio. No calendário religioso, é venerado como São Carlos Borromeu (alguns grafam Borromeo), por sinal, meu santo onomástico, embora não lhe tenha nenhuma devoção. Seu corpo está hoje na cripta do Duomo de Milão, cidade onde foi bispo e herói. Morreu de peste, tentando salvar as vítimas da epidemia que assolava a sua cidade.
O seu irmão Frederico foi importante personagem do romance italiano mais famoso, "I Promessi Sposi" (Os noivos) de Manzoni, uma espécie de Alexandre Dumas com menos imaginação e melhor estilo. Carlos foi canonizado, é santo de trânsito mundial e, pelo menos no que lhe toca e concerne, justificou em parte a escolha do tio. Foi realmente um exemplo de pastor que deu a vida por suas ovelhas.
Mesmo assim, a exceção não confirma a regra. Se o nepotismo fizesse santos por aí afora não seria, como é, uma das pragas dos governos autoritários e paternalistas. Justiça seja feita aos governos militares dos quais ficamos livres; houve muita corrupção, muita leviandade no trato dos cargos e dos dinheiros públicos, sobretudo muita violência e muita tortura, mas não houve, realmente, um caso escancarado de filho ou um sobrinho em evidência.
Evidente que, nos escalões inferiores, ser parente de um general contava ponto no funcionalismo da nação, que era a espinha dorsal do nosso mercado de trabalho.
Pelo que se saiba, ninguém chegou ao primeiro escalão pelo fato de ser filho ou sobrinho do principal governante. Já no finalzinho do regime, o último general de plantão (João Figueiredo) se empenhou pela nomeação de um irmão teatrólogo para cargo de segundo escalão no Rio de Janeiro, presidente da Funarj ou coisa assim.
Já comentei em crônica da página 2 a onda moralista que atacou a mídia e alguns setores da sociedade quanto ao nepotismo específico dos atuais senadores. Moralismo suspeito, que lembra, pela virulência, os piores momentos da velha UDN, cujos principais líderes berravam nas manchetes dos jornais: "Somos um povo decente governado por ladrões". No passado, Getúlio nomeara um Vargas para chefe de polícia -foi a gota d'água que o derrubou em 1945. Levando em conta a situação da época, foi dose.
Nos quadros funcionais de todas as casas do Legislativo, Senado, Câmara, Assembleias estaduais e Câmaras municipais, um exame superficial nas folhas de pagamento mostrará a concentração massiva de parentes dos senadores, deputados federais, estaduais, vereadores. Mesmo com a proibição legal, os representantes do povo em seus diferentes níveis colocam parentes na cota dos colegas.
Foi assim que uma filha de FHC parou no gabinete de um senador onde podia trabalhar em casa, alegando que o Senado é uma bagunça.
Um senador estreante declarou que já empregou mais de 5.000 pessoas em sua vida pública. Lula perguntou a Eduardo Suplicy se em 18 anos de Senado ele não sabia de nada. O próprio Lula, nos quatro anos em que foi deputado, usou as passagens aéreas a que teria direito para levar sindicalistas do ABC a Brasília. Na ocasião, seriam eles uma espécie de cabos eleitorais do futuro presidente da República.
Evidente que o abuso não justifica o uso. Mas a grita, as gravações da PF e o espaço da mídia dedicados ao pedido de um emprego para o namorado da neta de um senador me pareceram redundantes. Quando os fariseus de sempre quiseram apedrejar a pecadora, foram desafiados na base: quem nunca pecou atire a primeira pedra.

Texto de Carlos Heitor Cony, na Folha de São Paulo, de 31 de julho de 2009.

Copiei este texto no meu blog Ainda a Mosca Azul, porque ele é eminentemente uma crônica sobre os costumes políticos, mas gostei do comentário sobre a vida de São Carlos, por isso o copiei aqui também.

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terça-feira, agosto 18, 2009

Nós, o Diabo e o automóvel

Nós, o Diabo e o automóvel

JORGE WILHEIM

O DRAMATURGO italiano Luigi Pirandello (1867-1936) disse, na década de 1930, que "o automóvel é uma criação do Diabo". Mas qual seria a estratégia empregada pelo Diabo e qual o seu objetivo?
Por meio do mecanismo da sedução, o Diabo tornou o automóvel um objeto de desejo do ser humano, pois o carro nos dá um onipotente sentimento de liberdade: locomovo-me quando quero, para onde quero e com quem eu quero! Contudo, o automóvel não nos seduz só ao agir sobre a natural aspiração de liberdade, mas também ao nos distinguir de quem não tem um: somos diferentes, melhores, com mais recursos ao revelar aos demais que temos um carro. Finalmente, e o Diabo nos conhece bem, o carro seduz porque é um objeto bonito, sensual e poderoso.
Mas qual seria o real objetivo do Diabo? Utilizando a sedução irresistível, o egoísmo e a ambição por status dos seres humanos, alcança o objetivo diabólico de gerar o caos nas cidades, o congestionamento das vias, a impossibilidade de estacionar, tudo seguido da paralisação da vida urbana.
Perante Deus, o anjo caído sempre se mostrará inocente, pois são os seres humanos que, em sua imprevidência, cupidez e estupidez, provocam o caos.
Segundo as principais religiões monoteístas, o homem foi criado à imagem de Deus, sendo vital sua controvérsia com o Diabo. Porém, segundo outras religiões, os deuses, cuja biografia constitui mito, foram moldados a partir de características (boas e más) do ser humano. Donde sua ambivalência multiuso.
Não nos admiremos, portanto, se, no caso do automóvel, nos entregamos ao mal com prazer, sorriso nos lábios. Será preciso muito esforço para dominá-lo, reduzindo-o a um objeto útil e bonito, mas com menos poder demoníaco sobre nossas mentes, retirando-lhe o poder de obliterar nosso pensamento e ofuscar realidades.
Mas este artigo não pretende ser reflexão metafísica. Os parágrafos anteriores introduzem comentário sobre o comportamento das pessoas, dos formadores de opinião, dos governantes a respeito de alguns fatos atuais da cidade de São Paulo: a) a pressão sobre a prefeitura para que veículos voltem a circular no vale do Anhangabaú; b) o aumento das pistas da marginal do Tietê; e c) o sacrilégio que se comete no Pátio do Colégio.
O atual Anhangabaú é uma reconquista dos direitos do pedestre no coração da cidade e resultou de concurso que, entre 95 propostas, tive a ventura de vencer em 1981, com coautoria da paisagista Rosa Kliass. Sua implantação, dez anos após o concurso, deve-se à iniciativa dos prefeitos Jânio Quadros (a praça da Bandeira) e Luiza Erundina (o restante do vale).
Embora destinado primordialmente a atividades envolvendo pedestres, todos os problemas de circulação de veículos na área foram considerados e resolvidos. Agora, por pressão dos comerciantes locais, que olvidam o fato de que a única atividade comercial a exigir a presença do carro é o posto de combustível, a prefeitura é solicitada a permitir novamente a circulação de veículos em parte do vale.
Segundo exemplo: para o alargamento das faixas carroçáveis das marginais do Tietê, começou o corte das árvores. Anuncia-se que haverá vasto plantio de reposição, mas não se diz que tal compensação se dará na APA do Tietê, entre Itaquaquecetuba e as nascentes do rio em Salesópolis.
E não se menciona na mídia a existência de alternativas para obter o pretendido e necessário descongestionamento diário das marginais: o rodoanel norte e as duas vias de suporte leste-oeste, paralelas às marginais, diretrizes do Plano Diretor propostas desde... 1968.
Por fim, São Paulo tem um espaço sagrado: o Pátio do Colégio, emblemático lugar da fundação da cidade. Em sua reurbanização, que projetei com misto de emoção e honra, na década de 1970, cogitei sobre essa sacralidade, limitando-me ao ensinamento "o menos é mais": espaço e lugar de visitação respeitosa e reflexão silenciosa. Pois os responsáveis por sua manutenção, embora ligados à ordem religiosa que fundou a cidade, transformaram-no em estacionamento dos veículos da Associação Comercial!
Compreende-se que ninguém seja contra o próprio carro. Nem sequer os que não o têm, mas aspiram um dia a tê-lo. Detestamos a existência do carro dos outros na nossa frente. Porém, o triunfo do egoísmo primitivo sobre a reflexão cidadã, do imediato sobre o definitivo, revelar-se-á desastroso em curto prazo (mormente quando da próxima crise: a do estacionamento).
Será que o silêncio em torno dessas "entregas" ao automóvel faz parte do projeto do Diabo? Nem instituições responsáveis pela preservação e órgãos de classe que deveriam defender projetos, nem editores da mídia e governantes manifestam-se a respeito dessas obras. Elas vão avançando envoltas no silêncio cúmplice em busca da conveniência egoísta e urgente, levando a melhor sobre o planejamento, sobre o futuro da cidade e a vida de todos nós.


JORGE WILHEIM , 81, é arquiteto e urbanista. Foi secretário municipal de Planejamento Urbano de São Paulo (governo Marta Suplicy), secretário-geral da Conferência Habitat 2 da ONU, secretário estadual de Economia e Planejamento (governo Paulo Egydio) e secretário estadual do Meio Ambiente de São Paulo (governo Quércia).

Este texto foi publicado na Folha de São Paulo, de 28 de julho de 2009.

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Foto de 12 de agosto de 2009



JUVENTUDE PREMIADA
A paulista Giuliane Correia, 15, no autorretrato que venceu uma das categorias do concurso internacional de fotos Shoot Nations 2009; a foto será exposta na sede da ONU, em Nova York, em comemoração ao Dia Internacional da Juventude, hoje

Vista na Folha de São Paulo. Como está dito a autora é Giuliane Correia.

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Sobre Charles Schulz, "pai" do Snoopy

Pai de Snoopy "fazia tudo à moda antiga", diz viúva

Nos 60 anos de Charlie Brown, viúva de Charles Schulz fará exposição no Brasil

"Schulz era um artesão que sabia deixar interessante uma tira em que, na verdade, não acontecia nada", diz Jeannie Schulz


CLARICE CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Snoopy, Charlie Brown e companhia passaram por uma longa jornada juntos e hoje, aos 60 anos de idade, têm suas histórias à venda até no iTunes. Caminho inimaginável para seu criador, o americano Charles Schulz (1922-2000). Estreou em outubro de 1950 as tirinhas "Peanuts" em sete jornais. Hoje, elas são publicadas em 75 países, lidas por 330 milhões de leitores e ganham de aniversário uma exposição e um musical (leia abaixo).
"Um mundo em que você pode ter Charlie Brown dançando no seu celular seria incompreensível para ele, que não teve nem computador", diz a viúva de Schulz, Jeannie, 70, em entrevista à Folha.
Essa realidade fica ainda mais distante quando se pensa que era um homem que "fazia tudo à moda antiga", completa Jeannie. Todos os dias, ia para o estúdio das 9h às 16h e trabalhava no mesmo lugar.
Lá, traçava à mão cada linha -ele próprio desenhou as tiras até morrer de complicações de um câncer de cólon, um dia antes de sua última tira dominical ser publicada.
A turma de Charlie Brown teve início um pouco antes de 1950, quando o cartunista, conhecido como Sparky, tentava emplacar sua carreira com as tiras dos Coleguinhas ("Li'l Folks", em inglês). Foi quando vendeu a tira para a United Feature Syndicate, que a rebatizou para "Peanuts", um título de que ele nunca gostou muito.
Schulz raramente refazia uma linha. Desenhava primeiro um rascunho leve que mal se via (às vezes, nem tinha de ser apagado depois)."Parecia que as ideias saíam de sua cabeça, passavam pelo braço e chegavam à mão e ao lápis. Para desenhar uma emoção, precisava senti-la. Então, esperava sentir a tristeza de Linus quando perdia seu cobertor, por exemplo", conta.
A velocidade com que o cartunista desenhava era outra característica que impressionava Jeannie, casada com o artista desde 1973. "Ficou mais rápido conforme os personagens evoluíam. As tiras dos anos 50 eram mais detalhadas do que as dos anos 90. Acho que os personagens passaram a significar algo por si e não precisavam mais do cenário."

Exposição no Brasil
Não raro, Schulz se valia de seus personagens para expressar suas emoções e fatos de sua vida. O próprio Snoopy foi inspirado num cão que teve quando criança.
"Acho que era um tanto exaustivo emocionalmente, mas era o que as fazia autobiográficas. Cada personagem era um pedaço seu."
Hoje, Jeannie trabalha no Museu Charles M. Schulz, em Santa Rosa, Califórnia, que como parte das comemorações dos 60 anos, enviará ao Brasil cópias de tiras históricas que serão expostas em lugares ainda não definidos (provavelmente em shoppings).
"Preparamos uma aula de história para falar das origens das tiras, da importância das HQs e de como Schulz era um artesão que sabia deixar interessante uma tira em que, na verdade, não acontecia nada."

Texto de Folha de São Paulo, de 30 de junho de 2009.

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sábado, agosto 15, 2009

Mirages, por Ami Vitale




Ou aqui, se o vídeo embutido não funcionar.

Não é lindo estar vivo para contemplar/desfrutar estas imagens?

Visto no Gizmodo Brasil.

Parece que é para testar as possibilidade de uso da câmera Nikon D300S.

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sexta-feira, agosto 14, 2009

O pensamento do dia - 13/08/2009

”Meu conhecimento é um queijo suíço, amplo e falho, cheio de buracos”

A atriz Fernanda Torres, em reportagem na Folha de São Paulo, onde ela comenta sua estréia como dramaturga.

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terça-feira, agosto 11, 2009

Fotos de 10 de agosto de 2009 (II)



MEMÓRIA
Mulher reza em missa em Nagasaki para homenagear as vítimas da bomba atômica jogada pelos EUA na cidade japonesa há 64 anos; cerca de 74 mil pessoas morreram

Jiji Press para a France Presse. Na Folha de São Paulo.

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Fotos de 10 de agosto de 2009 (I)




SOL DE INVERNO
Homem solta pipa com cores da bandeira brasileira no parque Villa-Lobos, na zona sul de São Paulo, ontem, quando os termômetros marcaram 27C na região central; chegada de frente fria deve baixar temperaturas hoje e amanhã na capital

Foto de Joel Silva, para a Folha Imagem. Na Folha de São Paulo.

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quarta-feira, agosto 05, 2009

Peste Pneumônica faz vítimas no interior da China

Pelo menos dois homens já morreram em decorrência de peste pneumônica, na província de Xinghai, na China.
A notícia é da BBC, abaixo. Não deu tempo de traduzir.

Second plague death in west China

A second man has died of pneumonic plague in a remote part of north-west China where a town of more than 10,000 people has been sealed off.

The 37-year-old victim was a neighbour of the first person to die from the plague, a herdsman aged 32 in Ziketan in Xinghai in Qinghai Province.

The sparsely populated area is mostly inhabited by Tibetans.

Pneumonic plague, which attacks the lungs, can spread from person to person or from animals to people.

PLAGUE
  • Bubonic plague is spread by flea bites or contact with infected animals
  • Pneumonic plague, caused by the same bacterium, can spread between humans
  • Pneumonic plague, affecting the lungs, can kill within 24 hours
  • Almost all cases curable if diagnosed in time
  • A spokeswoman for the World Health Organization, Vivian Tan, said an outbreak such as this was always a concern, but praised the Chinese for reacting quickly and for getting the situation under control.

    A BBC correspondent in Beijing, Michael Bristow, says that unlike in the past the authorities are being very open about this outbreak.

    Local officials in north-western China have told the BBC that the situation is under control, and that schools and offices are open as usual.

    But to prevent the plague spreading, the authorities have sealed off Ziketan, which has some 10,000 residents.

    About 10 other people inside the town have so far contracted the disease, according to state media.

    No-one is being allowed leave the area, and the authorities are trying to track down people who had contact with the men who died.

    Initial symptoms of pneumonic plague include fever, headache and shortness of breath.

    The local health bureau has warned anyone with a cough or fever who has visited the town since mid-July to seek medical treatment.

    Outbreak anticipated

    Health officials in Qinghai have been concerned about pneumonic plague for some time.

    In February, they said they had sent out 55 teams across the province to help monitor and control the disease.

    One Chinese media report said this was the third outbreak of the disease in Qinghai within the last 10 years.

    It looks like the authorities have got the situation under control
    Vivian Tan WHO spokeswoman in China

    According to the WHO, pneumonic plague is the most virulent and least common form of plague.

    It is caused by the same bacteria that occur in bubonic plague - the Black Death that killed an estimated 25 million people in Europe during the Middle Ages.

    But while bubonic plague is usually transmitted by flea bites and can be treated with antibiotics, pneumonic plague is easier to contract and if untreated, has a very high case-fatality ratio.

    The WHO was informed on Saturday of the outbreak but has not been asked for help.

    "When it comes to outbreaks of the plague it's always quite worrying, but it looks like the authorities have got the situation under control," said WHO spokeswoman Vivian Tan.

    "This area is quite remote and the population is very small so this should make it easier to contain."

    Fonte: BBC .

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