quinta-feira, janeiro 28, 2010

Dia de São Tomás de Aquino

Primeira via

Primeiro Motor Imóvel: Tudo o que se move é movido por alguém, é impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido.

Segunda via

Causa Primeira: Decorre da relação “causa-e-efeito” que se observa nas coisas criadas. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa sequência infinita.

Terceira via

Ser Necessário: Existem seres que podem ser ou não ser (contingentes), mas nem todos os seres podem ser desnecessários se não o mundo não existiria, logo é preciso que haja um ser que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser.

Quarta via

Ser Perfeito: Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres.

Quinta via

Inteligência Ordenadora: Existe uma ordem no universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência, não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada.


Visto no blog do Luís Nassif.

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quarta-feira, janeiro 27, 2010

Deus existe?

Deus existe?

QUANDO A pergunta é simples demais, o santo desconfia. A editora Planeta lançou recentemente um livro fascinante e curto (125 páginas), que, sob o título "Deus Existe?", transcreve um diálogo público entre um filósofo ateu, Paolo Flores d'Arcais, e ninguém menos do que o cardeal alemão Joseph Ratzinger.
O encontro se deu num teatro, em Roma, em fevereiro de 2000 -cinco anos antes, portanto, de Ratzinger tornar-se Bento 16.
Apesar do título do livro, a questão sobre a existência de Deus não se coloca de forma direta -e talvez seja melhor assim. O debate entre um ateu e um cardeal pode ser bem mais complexo do que sugere a pergunta. Uma formulação muito sumária, do tipo "Deus existe?", pode provocar respostas simples demais: "Sim", "não sei" ou "não".
Pessoalmente, desde criança marco a terceira alternativa. Mas até mesmo uma opção resoluta pelo ateísmo pode envolver ambiguidades. Posso dizer, por exemplo: "Não acredito que Deus exista". Ou: "Acredito que Deus não exista".
Posso, porém, observar apenas: "Quem diz que Deus existe não tem prova nenhuma do que está dizendo", e acrescentar: "Só acredito no que pode ser provado".
E, nesse momento, o bom Ratzinger já estará esfregando as mãos de contentamento apostólico. Pois é inegável que acredito em muitas coisas que não sei bem como poderiam ser provadas cientificamente. Acredito que exista uma coisa chamada beleza, por exemplo.
Se me pedirem para apontá-la, posso citar uma série de exemplos, uma série de manifestações da beleza no cotidiano; o crente pode apontar outras tantas manifestações de Deus, e ninguém provou nada com isso.
No seu diálogo com Paolo Flores d'Arcais, entretanto, Ratzinger dá um passo a mais. Certo, diz o cardeal, a existência de Deus não pode ser provada pelo "método positivo", isto é, científico. Mesmo sem ter provas, entretanto, a fé em Deus não é puramente irracional. Ao contrário, a razão está do lado dos católicos nesse caso.
Seu interlocutor resiste bravamente a esse golpe. Tolerante e ateu, Flores d'Arcais aceita que alguém simplesmente diga, como o velho teólogo Tertuliano, "acredito porque é absurdo". Ou que lembre Kierkegaard: "A fé começa justamente onde termina o pensamento".
Mas Ratzinger não quer limitar a crença em Deus aos porões sentimentais da alma. A tradição católica, diz ele, foi uma espécie de "pré-Iluminismo" contra as irracionalidades pagãs.
E a ideia de um Deus criador do céu e da Terra, prossegue, é indispensável para qualquer pessoa que preze a razão. Sem um logos, um verbo que está na origem de tudo, teríamos de admitir que o mundo, a natureza, o destino humano, não passa de fruto do acaso, não tem sentido nenhum, é puramente absurdo. Como então preservar qualquer "racionalidade" com esses pressupostos?
Num artigo incluído nessa edição, Ratzinger formula o problema com mais eloquência: "Pode a razão renunciar à prioridade do racional sobre o irracional, à existência original do logos sem abolir a si mesma?" Meu ateísmo -e meu racionalismo- respondem que sim. A medicina sabe perfeitamente que, com todos os seus avanços, não elimina o fato de que todos irão morrer. Reconhecer a "prioridade" da morte não faz com que a medicina esteja pronta a "abolir-se a si mesma"...
Flores d'Arcais não sai vitorioso, entretanto, do debate com Joseph Ratzinger. Quando se trata de defender princípios universais e inalienáveis, como os direitos humanos, nosso ateu de plantão cai na armadilha do relativismo: muitas sociedades admitiram o homicídio, a antropofagia...
Ratzinger insiste, com razão, que se muitas sociedades fizeram coisas detestáveis, isso não torna casuais, contingentes, os direitos humanos. D'Arcais também não gostaria que isso acontecesse, mas se confunde no debate.
O problema, a meu ver, teria de ser definido de outra forma. Se existem direitos universais, e se um termo como "dignidade humana" precisa ter sentido, a questão é saber como lhes dar fundamento. Mas esse fundamento, que deve ser a-histórico, absoluto, transcendente, não precisa fazer apelo ao "sobrenatural" -e negar o sobrenatural é algo que, pelo que li, não está nas cogitações de Ratzinger, com tudo o que concede às conquistas do Iluminismo.

O texto é de Marcelo Coelho, na Folha de São Paulo, de 13 de janeiro de 2010. E este blogueiro acredita que sim, Deus existe.


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terça-feira, janeiro 26, 2010

Ela é linda!

Ela é Linda!



Como é linda essa moça!


Como é linda essa mulher!


E já penso isso há alguns anos.


Quando bati o olho, pensei: Como é linda essa menina!... mesmo com todas as espinhas adolescentes de então.


E ela é grande! Imensa. Um monumento!


E uma simpatia.


De maneira que quando ela passa, não caminha simplesmente. Desfila.


Às vezes me pergunto se outras mulheres não têm ímpetos de cortar os pulsos ao vê-la. De inveja...


Quando vejo este monumento passar, isto é, ela desfilar, meu dia fica melhor.


21/01/2010.

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Paz na Terra

Paz na Terra

ENCONTRO COM antigo colega do seminário, hoje padre, na porta da igreja. Eu esperava uma filha, e ele esperava a hora de fazer sua prédica sobre o mês de maio. Havia uma chuva miúda, o vento saía do túnel novo e varria as duas avenidas que vomitam automóveis vindos da cidade, em busca de Copacabana.
Lá dentro, na igreja, há calor e beatas. Alguém reza em voz alta, mas as buzinas dos carros soam mais fortes.
-Milagre?
-Não. Espero alguém.
Ele faz cara compreensiva, embora compreendendo outra coisa.
-Como vai essa ovelha tresmalhada?
-Já não sou tresmalhado, nem sequer sou ovelha.
-Isso depende de você. Olha, mais dia menos dia, você não aguenta mais.
Mudo de assunto:
-E o papa?
Há um brilho comovido nos olhos do padre.
-Você gosta dele?
A pergunta parece sem sentido, era claro, não tinha nada contra o papa.
-Pois olha, é um homem admirável.
E começa a falar. Do papa, descemos aos cardeais, depois aos bispos. Deu-me notícias que o nosso dom Jorge Marcos de Oliveira continuava o mesmo "Turcão" que conhecemos no seminário. Isso significa muita coisa de ternura e admiração.
"Turcão" era o camarada mais inteligente do seminário e do mundo. Bispo em Santo André, já falecido, tornou-se notável pelo seu zelo e pela sua competência pastoral. Vítima do noticiário dos jornais, dom Jorge muitas vezes foi apresentado como "moderno" demais, amigo demais dos trabalhadores. Esse "moderno" é justamente o "Turcão" do seminário.
Mas a sineta toca lá dentro e o padre entra.
-Vou falar sobre o mês de Maria. Na saída, voltamos a conversar.
-Posso ouvir?
-Não. Não aconselho. Vá esperar seu alguém.
O padre entra e eu vou atrás. Sento no banco mais escuro e triste. Beatas por todos os lados, lá no canto um homem idoso e curvado tosse com estrondo.
Acendem-se as luzes e o padre entra.
-Meus amigos, ia falar hoje sobre o mês de Maria. Mas encontrei lá fora um amigo de infância e mocidade, companheiro de ideal e de antigas lutas, hoje do outro lado da trincheira. Falar sobre o mês de maio seria ocioso para ele. Para vocês, outros padres falarão melhor do que eu sobre esse assunto. Pois falarei sobre um tema que tanto pode servir a vocês quanto a ele e a mim. A paz.
Não a paz dos guerreiros, a paz dos políticos, dos financistas. A paz paz, pacificamente instalada no coração e na angústia do homem. Lembrou a encíclica "Paz na Terra", não era qualquer paz que interessava para o homem.
E lembrou dois trechos do Evangelho. Quando Cristo diz: "Eu não vim trazer a paz, mas a guerra"; e quando, já ao fim de seus dias na Terra, faz sua grande oferta: "Eu vos dou a minha Paz".
Lá no fundo sinto o bruto orgulho de ter um amigo falando bonito e bem. Revivo algumas cenas de nossa infância, nossos estudos, o dia em que, juntos, começamos a estudar filosofia, quando apostamos tirar dez em ontologia. Toda a ternura antiga e não sabida vem à tona.
A prédica acaba, as beatas se ajoelham para a missa e eu saio trôpego, sem saber se devo ficar ou se devo partir imediatamente, infinitamente, em busca dos caminhos que escolhi sem ter preferido.
Lá fora, o vento que o Atlântico sopra vem por dentro dos túneis que engolem massas compactas de carros, as luzes vermelhas piscando histericamente na noite que desce sobre a cidade atrofiada de ossos e músculos cansados.
Na igreja, começa a missa, o mesmo rito antigo que Joyce colocou no pórtico de seu "Ulisses" e eu coloquei no pórtico de minha adolescência frustrada: "Subirei ao Altar de Deus". Que Deus? Que Altar? Há trincheiras ou, feitas as contas, não estamos todos do mesmo lado atirando contra o nada?
A chuva para. O mundo está lavado e um hálito fresco sobe do chão. Perto do carro, minha filha me espera. Meu carro será em breve um ponto histérico a mais, a ser devorado pela goela insaciável dos túneis e da vida. Olho para trás, o padre inicia o ofertório e se oferta. Paz.
Minha filha estende a mão e me chama para o chão, que nos traga sem ofertas, com lágrimas que começam a brotar em silêncio, secas no fundo e na treva.

Texto de Carlos Heitor Cony, na Folha de São Paulo, de 22 de janeiro de 2010.


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segunda-feira, janeiro 25, 2010

Cérebro só consegue administrar 150 amigos em redes sociais, diz estudo

Cérebro só consegue administrar 150 amigos em redes sociais, diz estudo

O cérebro humano é capaz de administrar um máximo de 150 amigos nas redes de relacionamento disponíveis na internet, como os sites Facebook e Orkut, revelou uma pesquisa realizada na Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha.

Segundo Robin Dunbar, professor de antropologia evolucionária na entidade, este número é praticamente o mesmo que se via antes da existência desses sites.

Nos anos 90, o cientista desenvolveu uma teoria batizada de "Número de Dunbar", que estabelece que o tamanho do neocortex humano - a parte do cérebro usada para o pensamento consciente e a linguagem - limita a capacidade de administrar círculos sociais a até 150 amigos, independente do grau de sociabilidade do indivíduo.

Sua experiência se baseou na observação de agrupamentos sociais em várias sociedades - de vilarejos do neolítico a ambientes de escritório contemporâneos.

Segundo Dunbar, sua definição de "amigo" é aquela pessoa com a qual outra pessoa se preocupa e com quem mantém contato pelo menos uma vez por ano.

Homens e mulheres

Ao se questionar se o "efeito Facebook" teria aumentado o tamanho dos círculos sociais, ele percebeu que não.

"É interessante ver que uma pessoa pode ter 1,5 mil amigos, mas quando você olha o tráfego nesses sites, percebe que aquela pessoa mantém o mesmo círculo íntimo de cerca de 150 pessoas que observamos no mundo real", afirmou Dunbar, em entrevista ao jornal The Times.

"As pessoas se orgulham de ter centenas de amigos, mas a verdade é que seus círculos são iguais aos dos outros."

Ainda segundo Dunbar, o comportamento de homens e mulheres em relação às amizades é diferente.

"Elas são melhores em manter as amizades apenas conversando com os amigos. Os homens precisam fazer alguma coisa juntos para se manterem em contato", explicou.



Texto da BBC Brasil.

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quinta-feira, janeiro 21, 2010

Hanami – Cerejeiras em Flor

Hanami – Cerejeiras em Flor


Neste final de semana fui assistir ao filme Hanami – Cerejeiras em Flor. É uma produção alemã de 2008, sendo exibida num horário restrito no Unibanco Arteplex: uma sessão por dia, às 19 h 20 min. Resolvi assistir porque é um filme que é ambientado em parte no Japão, e o Japão tem algo de estranho e magnético para mim.


A chamada do filme, no folheto de divulgação da sala de cinema fala de uma mulher madura que fica sabendo da doença terminal do marido através de dois médicos, que supostamente o acompanharam em algum tipo de “check-up”. Eles a questionam se ele teria estrutura psicológica para receber a notícia. Eles também não sabem quando a doença manifestará seus sintomas.


Ela resolve não dizer nada ao marido. Convida-o para viajar. Visitar os filhos em Berlim (eu suponho que o casal viva em algum lugar da Baviera, próximo aos Alpes), fazer aquela viagem há tanto adiada ao Japão.


O casal se dirige a Berlim, onde vivem dois dos três filhos (o terceiro vive em Tóquio). Em Berlim, não como não notar que o casal é tratado pelos filhos como um estorvo. Quem melhor os trata, não é nenhum dos filhos, mas uma nora...


Depois de alguns dias em Berlim, o casal resolve ir à praia, ao Báltico. Há muito tempo não faziam isto.


E mais além disso, não dá para dizer sobre o filme, sob pena de estragar o prazer e as surpresas que os filme reserva aos seus espectadores. E ele reserva de fato algumas surpresas.


Claro que restringir a narrativa apenas até este ponto, torna um pouco este comentário meio sem sentido.


Falar em prazer estético, dizer que o filme é emocionante, que o filme é comovente acabam parecendo meio sem sentido.


Mas, bem, é para isso mesmo que estou escrevendo. Para dizer que o filme é emocionante e comovente. E eu fiquei emocionado. E pude perceber que não fui o único na platéia que ficou emocionado com o filme. Claro que a proposta da diretora, Doris Dorrie, era mexer com nossas emoções, mas fazer o quê?


E, sim, o filme tem locações no Japão. Mostra Tóquio como a megalópole que de fato ela deve ser. E lá estão as cerejeiras, e também o Monte Fuji. Um pouco daqueles estereótipos sobre o Japão, mas tudo me pareceu extremamente no lugar na proposta do filme, exceção talvez à atriz de teatro butô, fluente em inglês (mas este detalhe não tem importância para mim).


Um filme muito marcante.



18/01/2010.

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quarta-feira, janeiro 20, 2010

Inscrições bíblicas em armas usadas por EUA causam polêmica

Inscrições bíblicas em armas usadas por EUA causam polêmica

Um grupo americano que zela pela separação da religião e do Estado entre as Forças Armadas do país revelou que as miras usadas na armas de soldados americanos e britânicos no Iraque e no Afeganistão estão sendo gravadas com referências a passagens da Bíblia.

As inscrições estão codificadas e se referem, por exemplo, a versos do livro de João (com os dizeres "JN8:12") e no 2 Coríntios ("2COR4:6").

A Military Religious Freedom Foundation (MRFF), dos Estados Unidos, disse ter descoberto o caso através de uma denúncia por email, provavelmente vinda de um soldado muçulmano do Exército americano.

A Trijicon, fabricante de armas americanas e uma das maiores fornecedoras do Departamento de Defesa, disse que as referências bíblicas já são gravadas há anos nas miras. A empresa foi fundada por um cristão devoto que afirma administrá-la "sob padrões bíblicos".

Repercussão

Mas autoridades militares nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha manifestaram sua preocupação com a maneira como o fato pode repercutir.

Um representante do Corpo de Fuzileiros Navais americanos disse à BBC que haverá uma reunião entre o grupo e a direção da Trijicon para "discutir futuras aquisições de miras".

O Exército dos Estados Unidos afirmou que está examinando se houve violações de políticas internas, enquanto um porta-voz do Ministério da Defesa britânico reconheceu, em entrevista à BBC, que as referências à Bíblia podem provocar ofensas.

O representante do Ministério disse ainda que "na época da compra (de 480 miras do modelo Acog), não sabia que essas marcas tinham um significado amplo".

As miras desse modelo são usadas em rifles Sharpshooter, que serão usados por tropas britânicas no Afeganistão até o final do ano.

Propaganda inimiga

As inscrições são sutis e aparecem em relevo no final do número de série das miras.

O versículo João 8:12 diz: "Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: 'Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida'".

Já a inscrição sobre o livro dos Coríntios se refere aos dizeres: "Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo".

Para Mikey Weinstein, presidente do MRFF, as inscrições podem dar ao Talebã e a outras forças inimigas uma ferramenta para propaganda de seus ideais.

"Não preciso me perguntar nem por um nanosegundo como os americanos reagiriam se citações do Alcorão estivessem inscritas nessas armas em vez de referências ao Novo Testamento", afirmou.

Em 2009, o Ministério da Defesa americano assinou um contrato de compra dos produtos da Trijicon, na ordem de US$ 66 milhões.

Notícia originária da BBC Brasil.

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terça-feira, janeiro 19, 2010

O prazer de não fazer nada

“There is no pleasure in having nothing to do; the fun is in having lots to do and not doing it.”

_ Mary Wilson Little


(Não há nenhum prazer em não ter nada para fazer; divertido é ter um monte de coisas para fazer e não fazê-las.)

Do Hermenauta: http://ohermenauta.wordpress.com/2009/11/23/frase-do-dia-44/

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segunda-feira, janeiro 18, 2010

Clube da Esquina (II)

Clube da Esquina

Hoje, quando saí, tive a intenção de comprar um disco para ti. imitando o gesto de outra colega.

O disco seria o Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges. Como no caso da colega que eu queria imitar, dar um disco destes de presente é mais o caso de algo que eu goste do que algo que tu gostes. Mas seria uma lembrança!

Clube da Esquina foi gravado no início dos anos 1970, num tempo em que nós, "os filhos da revolução, os burgueses sem religião, o futuro da nação" (como disse outro poeta) éramos crianças.

Claro que eu não ouvia Milton Nascimento com 6 anos de idade. Só vim a descobrir Milton no início da década seguinte (1980), quando comecei a trabalhar. Um álbum duplo em fita cassete: Clube da Esquina 2.

Só tempos depois comprei o Clube da Esquina. E, claro, não parei mais de ouvir.

Naqueles anos 1970, uma das canções, "Clube da Esquina n.2", foi gravada apenas com vocais de lá-lá-lá, lá-lá-iê. Fazia sentido, vivíamos o auge da ditadura. Os adultos, espertos, evitam falar em política. Nós, as crianças de então, éramos inocentes, não sabíamos. Quando o Milton, muitos anos depois, gravou o disco Angelus é que eu vi que a canção tinha versos como "sonhos não envelhecem, em meio a tantos gases lacrimogêneos ficam calmos, calmos, calmos...". Em 1970 não dava para gravar algo assim.

No Clube da Esquina tem uma outra canção, cantada pelo Lô Borges, chamada Um Girassol da Cor de seus Cabelos. É. Com alguma boa vontade dá para dizer que há girassóis da cor de teus cabelos.

Não encontrei o disco. Afinal quem ainda compra CD's hoje em dia? Talvez algum dia tu encontres cópia do disco nessas redes de compartilhamento da Internet...

Blá, blá, blá...

Tudo isto para dizer que sentirei saudades. Estou triste por deixar de conviver contigo diariamente, mas feliz porque vais em busca de tua felicidade.

Então, felicidades para ti!


15/01/2010.

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Clube da Esquina (I)

CLUBE DA ESQUINA
Milton Nascimento, Lô Borges e Flávio Venturini farão o show de aniversário de São Paulo, no dia 25, no parque da Independência.

Notinha da coluna da Mônica Bérgamo, na Folha de São Paulo.

Pena que eu não poderei estar lá!...


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Irritada com atraso em obra, prefeitura de SP tenta abafar descobertas arqueológicas

A entrada de jornalistas ou de câmeras está proibida pela Emurb (Empresa Municipal de Urbanização). E os arqueólogos foram advertidos para não darem entrevista. No lugar de exibir os achados que revelam o passado de São Paulo às vésperas de seu 456º aniversário, a prefeitura paulistana prefere silenciar sobre os trabalhos arqueológicos que estão sendo feitos na reurbanização do largo de Pinheiros para receber uma estação de metrô.

"A cidade obedece ao mercado. A modernização de Pinheiros tem o desenho da especulação imobiliária. A reforma não é para a população do bairro. Por isso, é mais fácil desqualificar como caquinhos os objetos encontrados, de clara importância histórica", opina o arqueólogo Paulo Zanettini, sócio de uma empresa de resgate arqueológico e especialista nos sítios paulistanos.

Já foram encontradas louças holandesas, francesas e inglesas, bem como garrafas do século 19, mostrando que a vocação comercial da área é antiga. Mas a única forma de saber isso é passar na calçada esburacada no número 700 da rua Fernão Dias. Lá, espremidos entre tábuas de madeira compensada e os pontos de ônibus para Cotia, dois cartazes contam o que acontece ali.

Os pedestres passam sem parar para ler sobre o aldeamento que os jesuítas fizeram na área até 1640 com os índios guaianás, nem sobre as porcelanas Maastrich ou Sarreguemines usadas pelos habitantes do passado. É fácil ver as placas publicitárias de "compra-se ouro" ou "exame médico demissional" que se espalham pelo largo.

O pano de fundo do ocultamento do resgate arqueológico é o atrito entre a Prefeitura de São Paulo e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Uma denúncia anônima ao órgão vinculado ao Ministério da Cultura fez as obras de Pinheiros pararem em meados de novembro.

Desde 2002, toda a obra de porte em região de potencial histórico deve ser inspecionada por especialistas, assim como acontece com o obrigatório relatório de impacto ambiental. Isso é determinado pela portaria federal 230. Pela extensão e localização, a reurbanização de Pinheiros, que inclui mais de uma dezena de quarteirões, entra facilmente no caso.

A Emurb, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não conhecia essa legislação. A arqueóloga Lúcia Juliani, proprietária da empresa de prospecção A Lasca, diz acreditar que a empresa não agiu errado. "A Emurb achou que não estava agindo mal porque não foi cobrada antes", afirmou.

Um mês depois de parte das obras pararem para o resgate histórico, porém, a prefeitura convocou jornalistas para desqualificar os objetos encontrados, apontando que não passavam de pedaços de ossos, ferraduras e utensílios domésticos dos anos 1950, desgastados pelo tempo e sem valor histórico. O arqueólogo responsável, Plácido Cali, saiu prontamente para desmentir, mostrando achados de dois séculos atrás. E a tendência é achar coisas mais antigas, afinal, a cada 50 centímetros para baixo se recua um século.

"É por desconhecimento que se julga que a arqueologia existe para descobrir civilizações e múmias. Os grandes achados são raros. Nossa função é revelar como era o cotidiano do passado", disse Lúcia Juliani.

Zanettini concorda com ela. "A arqueologia revela a história que foi esquecida, a história das pessoas comuns, não aquela contada nos livros de história, que relata bem só a elite de poder. Os cacos que a gente encontra falam de um cotidiano que as fotos e os textos não revelaram."

E o sítio de Pinheiros foi revelador, com um depósito de garrafas enterradas que apontam a presença por ali de uma taberna do início do século 19.

É sintomático que a revitalização da área queira apagar as pessoas comuns do presente e do passado. O novo desenho do local será elo para o eixo endinheirado que une bairros como Brooklin, Itaim e Jardins ao Alto de Pinheiros, Alto da Lapa e Vila Madalena.

O plano do prefeito Gilberto Kassab (DEM) era inaugurar a primeira parte do novo largo em julho de 2010, mas os arqueólogos acreditam que as escavações podem acabar só no final do ano.

Tendo como pano de fundo as eleições gerais deste ano, há quem veja um embate político no embargo do Iphan. A postura da Emurb de tentar abafar o assunto mostra o tamanho do desgaste que a polêmica causou para a prefeitura, para Kassab e para seus aliados políticos, afinal, a reurbanização de Pinheiros seria inaugurada simultaneamente com a estação de metrô Faria Lima - que deve sair a tempo de ser exibida no horário político dos candidatos envolvidos com a obra.

E na futura praça do largo de Pinheiros não espere referência aos achados arqueológicos. Afinal, a tradição de São Paulo é erguer uma cidade em cima da outra. Quem sabe daqui a 200 anos um buraco no local redescubra um pacote de batata chips, um CD de forró ou um telefone celular que tira fotos. E assim, os que vierem depois de nós saberão como se vivia no longínquo início do século 21.

Após a publicação desta reportagem, a prefeitura paulistana entrou em contato com a redação e afirmou que os objetos mostrados não foram selecionados pela prefeitura e sim pela empresa contratada pelo consórcio responsável pelas obras de reconversão urbana do Largo da Batata. "A informação de que são objetos dos anos 50 nos foi passada por essa empresa, responsável pela análise dos objetos", escreveu a assessoria de imprensa. "A prefeitura tem todo o interesse em entregar no prazo as obras de reurbanização do Largo da Batata. Mas preservar objetos de relevância histórica é de igual importância para a prefeitura", declarou em outro trecho do comunicado.

Notícia originária do UOL.

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sexta-feira, janeiro 15, 2010

Limpeza - Liniers

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Amigos falsos no Facebook

Procura por amigos falsos aumentou no Natal, informa executivo do uSocial

Parece que a empresa uSocial resolveu beneficiar mais alguns usuários das redes sociais no final do ano e registrou um aumento em sua atividade.

Segundo matéria do Telegraph, Leon Hill, executivo do site, afirmou que, durante o Natal, houve um aumento no pedido de novos amigos para sites como o Facebook, por exemplo.

Os usuários gastam cerca de 125 libras esterlinas para terem um bloco de 1000 amigos falsos nas redes sociais.

“As pessoas estão comprando amigos para não se sentirem sozinhas na frente do computador”, disse Hill.

No entanto, o uSocial enfrenta oposição. Um site chamado leanbhill chegou a ser criado para criticar os serviços da empresa, que usa contas falsas para promover os clientes.

Advogados do próprio Facebook chegaram a tomar medidas sem sucesso com o objetivo de encerrar as atividades do uSocial.

Visto no Gigablog UOL Tecnologia.

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terça-feira, janeiro 12, 2010

Um choque de civilizações na Nigéria

Tanto muçulmanos quanto cristãos estão se radicalizando na Nigéria, lar do nigeriano da "cueca explosiva". Em quase nenhuma outra parte do mundo a rivalidade entre as religiões leva a conflitos sangrentos com tanta frequência.

Em Bauchi, há rumores de que muçulmanos militantes estão preparando um ataque aos cristãos em Jos, a 100 quilômetros de distância. Será verdade? Ou apenas uma tentativa de provocar medo?

Nada é certo em Jos, uma cidade de perto de um milhão de habitantes no chamado "Cinturão do Meio" no centro da Nigéria, uma região ampla entre os paralelos 8º e 12º norte. Em alguma parte dessa região, uma linha móvel separa o norte predominantemente islâmico da Nigéria de seu sul cristão. Muitos cristãos temem que os seguidores de Alá estão tentando se expandir para o sul e Jos fica no meio do conflito.

A violência estourou novamente na semana passada, logo depois de Umar Farouk Abdulmutallab, o homem que tentou explodir um avião em Detroit, ter sido identificado como sendo um muçulmano nigeriano. "Os hausa-fulani não fazem parte de nós", escreveram cristãos em fóruns na internet, se referindo ao maior grupo étnico muçulmano ao qual Abdulmutallab traça sua origem. "Eles são bastardos, misturados com sangue árabe para aterrorizar o mundo. Eles não gostam de educação. Eles odeiam a civilização e eu me pergunto por que eles ainda existem como parte da raça humana."

O ex-James Wuye
O pastor James foi a Jos para passar algumas poucos horas. Isso não é um bom sinal, porque sempre que o pastor James aparece, o terror não está distante. Ele acabou de vir de Bauchi, onde ouviu conversas sobre os muçulmanos estarem se armando.

O pastor de 50 anos é um dos ativistas da paz mais proeminentes na Nigéria. Um motivo para ser tão famoso é que ele aparece com frequência com o imã Muhammad Ashafa, de Kaduna, no centro-norte da Nigéria. Os homens pregam a mesma mensagem: "Não importa se você seja cristão ou muçulmano, viva sua religião mas não mate ninguém". Outro motivo para o pastor ser tão proeminente é que, há 20 anos, atendendo pelo nome de James Wuye, ele era conhecido como um temido líder de milícia cristã em Kaduna, a cerca de 200 quilômetros a oeste de Jos. Ele perdeu um braço lutando contra as pessoas que seu atual parceiro de púlpito representa. "Eu odiava os muçulmanos", ele diz. Ele recobrou a razão em meados dos anos 90 e, desde então, chama a si mesmo de "gestor de conflito". O pastor James é um homem ocupado hoje, pregando a paz por toda a Nigéria.

O país tem uma população de cerca de 150 milhões; seus aproximadamente 400 grupos étnicos falam mais de 400 línguas. Metade da nação reza para "Alá" e a outra metade reza para "Deus". Dificilmente em qualquer outro lugar no mundo a rivalidade em andamento entre cristãos e muçulmanos custou tantas vítimas, com pelo menos 10 mil mortos.

Há morte por toda a parte. Os muçulmanos foram caçados na cidade portuária de Lagos, no sul, enquanto cristãos foram mortos em Kano, no norte muçulmano. Mas a maioria das mortes ocorre no Cinturão do Meio, em locais como Kaduna e Bauchi, e particularmente em Jos, onde os seguidores das duas religiões vivem relativamente próximos uns dos outros.

Em quase nenhuma outra cidade no mundo o choque de civilizações é mais evidente. Sem um muro, Jos é uma cidade dividida. Bairros inteiros foram incendiados, repetidas vezes, mais recentemente em novembro de 2008. Cada nova conflagração custa centenas de vidas. Em 2001, os muçulmanos incendiaram os enormes prédios do mercado no centro de Jos, que abrigavam mais de 10 mil bancas. A maioria das vítimas era de membros da tribo Ibo cristã. Após cada novo conflito, a divisão entre as religiões se agrava.

Uma divisão colonial
Mercadores árabes trouxeram o Islã para a zona do Sahel há cerca de 1.000 anos, mas por muito tempo ele tinha apenas um papel secundário como religião. O comércio, incluindo o comércio de escravos, era mais importante para os califas e emires do que a fé. Missionários cristãos penetraram pelo sul há pouco mais de 100 anos, seguindo os mestres coloniais britânicos do país. Mas os britânicos permitiram que os emires prevalecessem e impedissem um maior avanço dos missionários. Uma consequência da decisão dos mestres coloniais é que as escolas e universidades no sul são atualmente muito melhores do que as do norte.

Os governos militares que governaram a Nigéria até 1999 usaram meios autoritários para manter unida a nação multiétnica. Então veio a democracia. Uma nova Constituição e acordos informais trouxeram certa estabilidade - por exemplo, sob as novas leis, a presidência troca de mãos entre os cristãos do sul e os muçulmanos do norte pelo menos uma vez a cada dois mandatos, enquanto presidente e vice-presidente não são do mesmo grupo religioso.

Mas esses acordos não garantiram a paz.

O governo encobriu os números reais
Olusegun Obasanjo, um cristão, mal tinha sido eleito em 1999 quando 12 Estados no norte da Nigéria introduziram a lei Sharia, provocando protestos por todo o mundo cristão.

As causas do estouro periódico de conflitos religiosos às vezes são banais e frequentemente absurdas. Quando um concurso de Miss Mundo foi marcado para ser realizado na Nigéria, em 2002, os muçulmanos ficaram enfurecidos com um comentário insensível de jornal. A violência resultante custou 215 vidas apenas em Kaduna.

Uche Uruakpa, 38 anos, pode descrever o conflito religioso por um ponto de vista singular. Ele é um médico cristão e em 2001 começou a trabalhar no maior hospital muçulmano em Kano, uma cidade de 1 milhão de habitantes - 90% deles muçulmanos. "Em certas manhãs, havia 2.000 pacientes aguardando diante da minha sala no hospital", diz Uruakpa.

O derramamento de sangue começou quando um muçulmano fundamentalista viu uma criança cristã na rua, segurando uma página do Alcorão - e prontamente matou a criança. Centenas morreram no frenesi que se seguiu. "O governo encobriu os números reais", diz Uruakpa, que se escondeu por duas semanas no bairro cristão em Kano e deixou a cidade um ano depois. "Eles teriam que me oferecer muito para trabalhar de novo lá", ele diz.

Uruakpa viveu em uma cultura que considerou estrangeira e impenetrável. "Eu vi eles todos", ele diz, incluindo homens com quatro esposas, o número máximo que é permitido ao homem no Islã. Algumas garotas casadas, ele diz, não tinham nem mesmo 12 anos. "Os homens vinham até mim com suas grandes famílias e eu tinha que perguntar quais eram suas esposas e quais eram suas filhas."

Êxodo do norte
A ironia na Nigéria é que o norte tem uma maior necessidade de especialistas bem treinados, médicos e cientistas do sul, mas a falta de cultura e os atos de extrema violência persistentes levaram a um êxodo de empresários, professores, médicos e cientistas.

No início dos anos 90, havia cerca de 500 empresas industriais em Kano. Dez anos depois, o número caiu para cerca de 200. Este é um motivo para muitos muçulmanos hausa-fulani terem se deslocado mais ao sul, para cidades como Kaduna, Jos e Bauchi, onde agora formam os novos pobres proletários.

O xeque Khalid Aliyu está familiarizado com os garotos que vendem gasolina adulterada em garrafas, ao longo das principais avenidas de Jos, periodicamente cheirando gasolina ou cola para se drogar. "Pobreza, políticas ruins e tribalismo são os combustíveis do descontentamento", diz Aliyu, cuja organização promove a conciliação e o entendimento entre a população muçulmana.

Aliyu sabe muito bem que os sucessos são modestos. "Os políticos não estão solucionando os problemas", ele diz. "Sem empregos, sem educação, sem eletricidade, sem nada para fazer. Um homem faminto não produzirá a paz", ele diz.

Os cristãos agora se sentem ameaçados, enquanto os muçulmanos se sentem marginalizados. Os hausa-fulani tiveram problemas quando chegaram a Jos. Como a lei nigeriana distingue entre os recém-chegados e os moradores locais, eles não conseguem se livrar do rótulo de "recém-chegados" na cidade, que possui um governo dominado pelos cristãos. Isso os impede de obterem empregos no setor público e a ter acesso às universidades. O mesmo acontece por toda a Nigéria, mas nos lugares de grande pobreza, a revolta cresce desenfreada - e com ela o impulso de buscar refúgio na religião.

Ambos os lados estão se preparando para a batalha
Maiduguri, no extremo nordeste da Nigéria, com uma população estimada de mais de 1 milhão, é um desses lugares - com ruas de terra, isolada e empobrecida. Há dezenas de escolas corânicas em Maiduguri, algumas fundadas com dinheiro saudita. Caminhões cheios de crianças de Níger e do Chade ocasionalmente chegam à cidade, e as crianças são recebidas nas madrassas para aprender o Alcorão, mas não a ler e escrever. Quando elas não estão na escola, as crianças devem trabalhar.

"É escravidão moderna", diz Bolaji Aina, da organização alemã de ajuda humanitária GTZ, que apoiou projetos para mulheres em Maiduguri por muitos anos. A Boko Haram, uma seita islâmica, se mostra bastante disposta a receber esses escravos modernos. Mais de 700 pessoas morreram em julho passado durante choques entre a seita e a polícia em Maiduguri.

O país entrou em 2010 dividido, sem qualquer perspectiva real e sem liderança. O presidente Umaru Yar'Adua está em um hospital na Arábia Saudita há semanas, incapaz de governar seu país em meio às crescentes exigências para a nomeação de um sucessor. Mas quem seria? Outro muçulmano como Yar'Adua? Ou é a vez dos cristãos?

"Ambos os lados estão se preparando para a batalha", diz o pastor James, o missionário da paz, em Jos. "É um jogo de gato e rato. Os eventos no norte também estão radicalizando o sul."

O Natal foi tranquilo em Jos. Mas os rumores que vinham de Bauchi não eram apenas rumores. Os confrontos na cidade, na última segunda-feira, instigados por uma seita islâmica, deixaram 38 mortos.

Tradução: George El Khouri Andolfato

Texto da Der Spiegel, republicado no UOL.


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Clarice Lispector

Escrever é procurar.
Clarice Lispector

Certa vez uma amiga mencionou um livro de Clarice Lispector numa entrevista de emprego num grande jornal e foi rechaçada: “Por que você gosta dela? Você é deprimida?”. O entrevistador foi eleito há pouco tempo para a Academia Brasileira de Letras e com a cultura nacional com esse tipo de luminar, não surpreende que a reflexão sobre a mais importante autora do país venha de fora, das mãos do americano Benjamin Moser. “Clarice,” (no original em inglês, “Why this world?”) é uma excelente biografia daquela que Moser classifica como “a melhor escritora judia desde Kafka” e descreve como “uma mulher que se parecia com Marlene Dietrich e escrevia como Virgina Woolf”.

A família Lispector enfrentou provações trágicas em sua Ucrânia natal. Com o caos da guerra civil que se seguiu à Revolução Russa, a população judaica foi alvo de massacres tanto pelos comunistas quanto pelos monarquistas. Um dos avôs de Clarice foi assassinado num pogrom, e sua mãe, estuprada por um grupo de soldados russos. Contraiu sífilis, e a doença e o trauma psicológico acabaram por matá-la precocemente. Os Lispector conseguiram fugir da Ucrânia e foram para o Nordeste brasileiro, onde tinham parentes. Clarice ainda era bebê. Viveram em Maceió e no Recife e após a morte da mãe se mudaram para o Rio de Janeiro. A família tinha condições modestas de vida, mas as três filhas – Elisa, Tânia e Clarice – eram inteligentes, dedicadas e trabalhadoras. Todas se destacaram nos estudos e Elisa e Clarice tiveram carreiras como escritoras e profissionais liberais.

Clarice se formou em Direito – algo raro para uma mulher no Brasil da década de 1940. Ainda na faculdade, começou a trabalhar como jornalista e conheceu o escritor Lúcio Cardoso, por quem teve uma paixão platônica – ele era homossexual – e que foi amigo íntimo por toda a vida. Clarice era muito bonita e tinha diversos admiradores. Casou-se cedo com Mauro Gurgel Valente, um colega de universidade que se tornou diplomata. Como sua esposa, passou cerca de 15 anos no exterior, na Itália, Suíça, Inglaterra, Estados Unidos e Polônia.

Escrevia desde menina, quando seus contos eram rejeitados pelos suplementos infantis dos jornais por não seguirem as fórmulas convencionais do “era uma vez”. Publicou contos quando repórter e o primeiro romance, “Perto do Coração Selvagem”, pouco antes de deixar o Brasil. O livro teve excelente recepeção, mas o longo período no exterior foi uma época difícil para Clarice. O marido era apaixonadíssimo por ela, tiveram dois filhos (um dos quais tornou-se esquizofrênico) e um círculo de amigos amplo e instigante, que incluía o escritor Érico Veríssimo, os jornalistas Samuel e Bluma Wainer, o poeta João Cabral de Mello Neto, o banqueiro Walther Moreira Salles, a filha de Getúlio Vargas, Alzira do Amaral Peixoto e os diplomatas Vasco Leitão de Cunha e João Araújo Castro. Ainda assim, Clarice com frequencia ficava deprimida e com saudades do Brasil e da família. Ressentia-se do formalismo e dos protocolos da vida diplomática, e tais sensações aparecem no que escreveu na época, sobretudo o romance “A Cidade Sitiada”.

A correspondência de Clarice com os amigos no Brasil foi farta e muito calorosa, Moser faz excelente uso delas na biografia. Destacam-se as cartas para as irmãs e para os escritores Lúcio Cardoso, Fernando Sabino e Rubem Braga. Além de mantê-la a par das novidades, ajudavam com sua carreira literária e tentavam lhe encontrar editores. Ela fazia sucesso junto a um círculo restrito de admiradores, mas tinha dificuldade em publicar. Seu estilo introspectivo e mesmo sua aparência, nome e sotaque causavam estranhamento, como se fosse estrangeira.

Clarice terminou se separando do marido e voltando em definitivo ao Brasil no início da década de 1960, vivendo no Rio até morrer em 1977. Foi uma fase de grande produtividade artística e literária, com reconhecimento público crescente e a publicação de seus livros mais celebrados, como “A Paixão Segundo G.H.”, “Laços de Família” e “A Hora da Estrela”. Mas também momentos pessoais de solidão, isolamento, depressão, a doença mental do filho, problemas com o abuso dos tranquilizantes e dificuldade de aceitar o envelhecimento.

Moser analisa de maneira clara os principais temas da obra de Clarice – a impossibilidade em se ajustar ao cotidiano, a ruptura caótica que se esconde em gestos banais, a dificuldade em se abrir para os outros, a procura de uma identidade e de um lugar no mundo. Credita esse aspecto sombrio à trágica história familiar dos Lispector, mas também mostra o lado luminoso de Clarice: as invenções linguísticas, as relações ternas com crianças e animais. Um lado muito interessante são os pontos em comum entre sua literatura e o misticismo judaico, de Spinoza aos cabalistas, sobretudo no que diz respeito à procura (ou invenção) de Deus e sobre a incapacidade das palavras expressarem a realidade.

Este texto é originário do blog Todos os Fogos o Fogo.

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quinta-feira, janeiro 07, 2010

A perda de referências na cidade em movimento – A Companhia Wallig na Francisco Trein

A perda de referências na cidade em movimento – A Companhia Wallig na Francisco Trein



Na Avenida Francisco Trein, na Zona Norte de Porto Alegre, havia pelo menos duas coisas notáveis, uma a fábrica de fogões Wallig, a outra era o Hospital Nossa Senhora Conceição, ou apenas o Hospital Conceição.


Na década de 1970 minha avó, por exemplo, teve que passar alguns dias internada no Hospital para seus problemas cardíacos. E vez por outra vinha algum parente do interior do estado, para se tratar ali. O Hospital Conceição continua lá. Hoje é um dos grandes hospitais gerais públicos da cidade de Porto Alegre. E parece que hoje, mais do que no tempo de minha avó (ou nos tempos de minha infância) recebe pacientes de grande parte da Grande Porto Alegre, e mesmo de cidade mais afastadas.


A Companhia Wallig já foi sinônimo de fogão no Rio Grande do Sul. Assim como a Companhia Geral e os fogões Venax. O primeiro fogão que conheci foi um fogão Wallig. Obviamente porque era o que tínhamos em casa. Como foi dito, sua fábrica era na Avenida Francisco Trein. E me parece, que não por coincidência, o sindicato dos metalúrgicos ficava bem em frente à fábrica.


Infelizmente a Companhia Wallig quebrou no final dos anos 1970, início dos 1980 (e, a propósito, acho que a Venax e a Geral também não existem mais). Parte de seus empregados formou cooperativas de trabalho, que acabaram por se mudar para o município de Gravataí, se não estou enganado.


Ficaram na Francisco Trein as ruínas da velha fábrica que um dia funcionou ali. Ali ficaram por mais de dez anos.


Agora não mais. As velhas ruínas já foram postas abaixo.


Já foi feito um relatório de impacto ambiental, e até mesmo escavações arqueológicas foram realizadas no terreno onde funcionou a fábrica de fogões Wallig.


Breve ali mais um hipermercado e shopping center.


11/12/2009.


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terça-feira, janeiro 05, 2010

Fotogênico - Liniers



Na Folha.

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segunda-feira, janeiro 04, 2010

Lá Vamos Nós, 2010!

Hoje é 4 de janeiro de 2010.

O primeiro “dia útil” (“útil” para quem?) do novo ano de 2010. O ano 2010 da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Eu estou levemente otimista. Não tenho muita certeza do porquê...

Levemente ansioso...

E suavemente quase em pânico. Mas isso eu sinto pouco todos os dias.

Mas como diria outro blogueiro, já que 2010 está aí, “pra cima com a viga”!

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