sexta-feira, abril 07, 2006

TV Digital

O "post" abaixo é referente a uma troca de mensagens de correio eletrônico sobre TV Digital.


Amigo,

Seria interessante saber quem escreveu isto.
Acho que as afirmações são verdadeiras.
Me parece que o interesse das emissoras de tv é manter o atual status quo, afastando as empresas de telefonia do negócio. As emissoras de tv têm faturamento anual de cerca de 5% das empresas de telefonia, ou seja, menos poder econômico, mas possuem um grande poder político como grandes divulgadoras de informações. A idéia é passarem para o novo modo de transmissão de tv, com o atual poder político. Para elas, se o tal padrão brasileiro do modulação lhes permitisse transmitir como transmitem atualmente, estaria tudo bem. Continuariam com o poder que têm.
A questão com os modelos de modulação, padrão japonês, europeu, norte-americano ou brasileiro, tem a ver com a venda de aparelhos televisores. Como tu deves saber, ou os fabricantes já são empresas transnacionais, como Sony, ou Philips, ou se são brasileiras como a CCE, praticamente importam todos os componentes para montá-los na Zona Franca de Manaus. Se fosse adotado um padrão totalmente brasileiro, a menos que o Brasil bancasse a divulgação da tecnologia para, por exemplo, outros países da América Latina com um dinheiro que me parece que o país não tem, os televisores só seriam vendidos aqui, e possivelmente o governo brasileiro iria dar aos fabricantes algum subsídio para adaptarem suas tecnologias. No momento, me parece que o governo está fazendo consultas aos representantes dos consórcios japonês e europeu para ver se eles estão dispostos a investir numa fábrica de semicondutores aqui no Brasil, o que diminuiria os gastos com importação, e poderia até gerar exportação dos tais componentes.
Além disso tudo, há ainda a questão que a transmissão digital economiza largura de banda. Dentro da freqüência atual, em que cabem 12 canais UHF, e uns 30 VHF, caberiam quase 300 canais, mas não com a tal HDTV, isto é, a tv de alta densidade, com 720 linha de resolução. O atual sinal analógico transmite menos de 400 linhas. Ou seja, teríamos 300 canais de opção, mas sem tv de alta qualidade como dizem as transmissoras. Essa divisão em 300 canais é o que desejam os movimentos sociais (sindicatos, igrejas, ong's). As transmissoras, como a Globo, afirmam que tal solução trará para o telespectador amadorismo, em vez de diversidade, além de privá-lo de imagens com muito melhor resolução.
Por fim, há ainda a questão da produção independente. Digamos que alguém chamado André se associe a outra pessoa chamada Adriano, e fundem uma produtora de vídeos, e comecem a produzir coisas: documentários, vídeos didáticos, etc. A produtora gera, digamos 24 obras por ano, uma média bem grande, de 2 por mês. Aonde eles vão exibir o que produzem? Seria mais uma questão que deveria estar envolvida no debate acerca da tv digital.

Acho que era isso,

Zé.

P.S. Gostei do texto. Acho que vou colocar no meu blog http://www.voltasnoporto.blogspot.com/ . :)


-----Mensagem original-----
De: Amigo
Enviada em: terça-feira, 4 de abril de 2006 21:12
Para: Pessoa Um; Pessoa Dois; Jose Rodrigues
Assunto: ENC: TV digital


Caros amigos recebi assim, não sei a fonte, mas tratando-se de Brasil, deve ser por aí!!!!

Amigo,

O que as emissoras querem esconder

Em numerosas reportagens de jornais e TVs temos lido que as emissoras de TV (Globo à frente) defendem a escolha do padrão japonês de modulação da TV digital (ISDB) porque este seria o único padrão que lhes permitiria fazer transmissão para recepção móvel usando a banda do espectro eletromagnético reservada para o UHF.

No caso do padrão europeu (DVB), por exemplo, a transmissão para recepção móvel teria que usar a banda reservada para a telefonia celular, o que incluiria as empresas de telefonia no núcleo-central da operação de TV.

Receosas desta concorrência, as emissoras, então, preferem a modulação japonesa.

Antes de prosseguir, algumas ressalvas:

** O padrão de modulação brasileiro, desenvolvido pela PUC-RS, conhecido como SORCER, também permite a transmissão para recepção móvel. Portanto, mesmo aceitando o argumento da Globo e das demais emissoras, poderíamos adotar uma modulação com tecnologia brasileira.

** Todos os padrões de modulação (japonês, europeu, norte-americano e brasileiro, além do chinês que está em desenvolvimento) permitem transmitir em SDTV, EDTV e HDTV. Ou seja, para esta questão específica, a escolha da modulação é indiferente.

** Igualmente, todos os padrões permitem que se desenvolva uma séria de serviços interativos, como governo eletrônico, e-learning, e-bank, telemedicina etc. Novamente, nesta questão específica, a escolha da modulação é indiferente.

Modelo pago

Mas voltemos ao suposto motivo da preferência da modulação japonesa pelas emissoras de TV: a transmissão para recepção móvel.

Pois bem, agora ficamos sabendo que, desde março de 2005, a Finlândia possui uma operação-piloto de transmissão da TV digital para recepção móvel utilizando o padrão de modulação europeu conhecido como DVB-H e transmitindo justamente pela banda de UHF, que a Globo dizia ser uma exclusividade do padrão japonês.

Estão envolvidas na experiência o operador de rede de broadcast da Finlândia (Digita), a maior emissora de TV daquele país (MTVB), a maior rede de TV nórdica (Sanoma WSOY), a TV pública da Finlândia (YLE), as duas maiores teles do país (Elisa e Telia Sonera) e a Nokia.

O modelo de negócios escolhido envolve as teles e é pago. Mas poderia perfeitamente ser gratuito, já que utiliza a banda de UHF e se trata de serviço de radiodifusão. Neste caso, não há nenhuma necessidade tecnológica de envolver as teles ou de cobrar do usuário. Trata-se de uma opção do modelo de negócios finlandês e não de uma demanda tecnológica.

E, ainda, também ficamos sabendo que a Holanda já está construindo sua rede para transmitir em DVB-H igualmente usando a banda de UHF.

Jogo nos gabinetes

Antes de prosseguir, nova ressalva. Vejam bem que este artigo não procura defender a adoção brasileira do DVB. Muito pelo contrário, continuo achando que devemos adotar a tecnologia nacional do SORCER.

Dito isso, cabe perguntar: se definitivamente não é verdade o que as emissoras disseram que somente o ISDB permitiria a transmissão para recepção móvel através da banda do espectro eletromagnético reservada para a radiodifusão, se é verdade que o DVB e o brasileiro SORCER igualmente permitem este mesmo tipo de transmissão, se também é verdade que qualquer padrão garante a alta definição (defendida pelas emissoras) e a introdução de serviços interativos, então por que, afinal de contas, as emissoras de TV estão defendendo a adoção do ISDB japonês?

Qual é a parte dessa história que nós não sabemos e que ainda não veio a público?

O que é que nós só saberemos depois, quando o jogo já tiver sido decidido nos gabinetes de Brasília, sem a participação da sociedade civil?