Davi e Golias
Israel sempre teve capacidade de gerar simpatias. Por exemplo, para muitas igrejas cristãs protestantes o surgimento de um estado judeu na Palestina, quase dois mil anos após a diáspora judaica, que aconteceu após os romanos terem esmagado uma rebelião no início da era cristã, era um sinal de cumprimento das profecias bíblicas acerca da restauração de Israel quando da proximidade "dos últimos dias".
Para outros, o surgimento do estado de Israel a partir da criação dos kibutzim, propriedades agrícola de caráter socialista, lembrava uma espécie de utopia.
Além disso, quando da declaração da independência de Israel, o nascente estado foi atacado por cinco exércitos árabes combinados, do Egito, da Jordânia, do Iraque, da Síria e do Líbano, e conseguiu resistir, e até aumentar um pouco os territórios que lhe haviam sido destinados ne partilha da Palestina pela ONU, em 1947 (as atuais Faixa de Gaza e Cisjordânia foram ocupadas por Egito e Jordânia, respectivamente). Parecia que os judeus repetiam os feitos de Davi contra Golias, dos tempos bíblicos.
Assim foi em todos os conflitos que envolveram Israel. Os árabes atacavam, mas os judeus conseguiam resistir. Até 1982.
Em 1982, sob a alegação de destruir base palestinas no sul do Líbano, de onde eram lançados mísseis contra cidades do norte de Israel, as forças armadas lançaram um ataque sobre o Líbano, expulsaram a liderança palestina de Beirute para a Tunísia, e criaram uma zona de ocupação no sul do Líbano, além de armarem um grupo para lhes ajudar na zona de ocupação. Esta ocupação do sul do Líbano durou até o final da década de 1990, quando o então primeiro-ministro Ehud Barak resolveu desocupar a área, que já havia custado o suficiente em dinheiro e vidas israelenses. Na ocasião, centenas de milicianos fugiram do sul do Líbano para Israel.
Foi durante esta ocupação que se formou o Hizbollah, tendo como base a resistência à ocupação israelense do sul do Líbano.
Assim, me parece que a percepção sobre Israel mudou. Ultimamente parece que o Golias é o próprio Israel, e o Davi, as milícias que lhe tentam resistir. O Hamas na Faixa de Gaza, ou o Hizbollah no sul do Líbano. Estes grupos pregam a destruição total de Israel. Já mataram dezenas de cidadãos israelenses. Mas as reações de Israel parecem com um gigante matando insetos, tipo, para cada cidadão israelense morto, devem morrer cinco palestinos ou libaneses. Israel tem o direito a se defender, e os cidadãos israelenses têm o direito a viver seguros e em paz, mas parece que para que isso aconteça, a iniciativa está mais com Israel do que com palestinos, ou libaneses, mas Israel hesita, pois parece que acredita que tem que parecer forte (talvez tenha mesmo...) para estabelecer fronteiras e a paz nas condições que quiser.
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