Surpresas - Por Riad Younes
O texto abaixo é um box, um pequeno texto dentro do texto maior, posto em destaque na revista, na página 10:
Grandes e Pequenas Surpresas
A ação do Hezbollah, a reação de Israel, a indiferença mundial...
Surpreendeu a Israel e o mundo a ação do Hezbollah e sua abrangência, conseguindo matar oito soldados do exército israelense e capturar dois.
Surpreendeu a demora do exército israelense em detectar esse incidente e enviar reforços a tempo para ajudar seus soldados e combater o Hezbollah.
Surpreendeu a intensidade dos ataques logo deflagrados por Israel contra milhares de alvos civis e infraestruturas no Líbano.
Surpreendeu a meticulosa destruição de pontes, portos e aeroportos.
Surpreendeu a declaração aberta dos comandantes israelenses para que a população civil, os pobres agricultores dos vilarejos do sul do Líbano, abandonassem imediatamente suas casas e se dirigissem para o norte. Motivo declarado: arrasar toda a região fronteiriça, e criar um cinturão de segurança para o norte de Israel.
Surpreendeu a indiferença mundial com morte de centenas de civis libaneses, a maioria crianças e mulheres, cuja única culpa é ter nascido ao sul do rio Litani.
Surpreendeu a indiferença das agências de notícias americanas e outras quanto à magnitude da tragédia do povo libanês.
Surpreendeu a resposta tímida do Conselho de Segurança da ONU às solicitações do governo libanês para pressionar Israel a suspender seus ataques aos alvos civis, e procurar solução negociada para a situação.
Surpreendeu a resposta medíocre da Liga dos Países Árabes ao desastre libanês.
Surpreendeu o poder e a facilidade do Hezbollah de lançar foguetes de alcance cada vez maior, atingindo cidades israelenses em distâncias nunca antes imaginadas.
Foguetes do Hezbollah de origem iraniana e síria, declaram os israelenses. Foguetes de Israel de origem americana, declara o Hezbollah. Será que a guerra no Líbano não é na realidade mais um confronto entre Estados Unidos de um lado e Irã e Síria do outro,onde somente civis dos dois lados da fronteira do frágil Líbano pagam o alto preço em mortes e destruições? Milhares de civis dormindo há dias em abrigos e prédios públicos, nem por isso a salvo do poder de fogo dos combatentes. Filas de pessoas procurando por entes queridos em hospitais e necrotérios. Pena que isso não me surpreenda nem um pouco.
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