quinta-feira, maio 25, 2006

Cena na Noite: Solidariedade


Quarta-feira, 10 de maio. São quase 10 e meia da noite. Estou parado na rua Sete de Setembro aguardando a lotação que, eu espero, me levará para casa.
Enquanto aguardo sou obrigado a observar o fraco movimento da noite. Um ou outro trabalhador que ficou até mais tarde no serviço, ou que tem um horário diferente, os funcionários de uma empreiteira fazendo reformas no prédio do Banco do Brasil que fica na esquina da rua Uruguai com a Sete de Setembro trazendo para fora restos de materiais da obra, um carroceiro que aguarda restos de papelão, provavelmente para levar para reciclagem, e ganhar alguns trocados. Dois fiats pálio que passam devagar, como se estivessem procurando algo. Um hotel, talvez?
Os pálios vêm trafegando pela Sete de Setembro. Ao chegar na esquina da Uruguai, param e acionam seus pisca-alertas. Um menino sai do palio que vai à frente. Carrega uma garrafa de 5 litros com o que parece ser um suco artificial de laranja, e uma pilha de copos de plástico. Do veículo de trás sai uma moça, carregando uma embalagem que parece uma "quentinha", pode ser alguma espécie de marmita ou um sanduíche embalado. Ambos, o menino e a moça, se dirigem ao carroceiro oferecendo-lhe suas dádivas. O carroceiro resmunga alguma coisa, que entendo como "aceito!" . A moça lhe entrega a embalagem, e o menino, com a ajuda da moça, serve um copo de suco. Rapidamente, eles voltam para os carros, que continuam pela Sete de Setembro, em direção à Borges de Medeiros.
A moça vestia uma camiseta preta. Se não me engano, nas costas, estava estampada a frase "Amigos da Rua".