segunda-feira, julho 31, 2006

Qana II: As Vinhas do Ódio

De Um Blog Libanês – Lebanese Political Journal


Abaixo a tradução de um “post” de um blog do Líbano.


Qana II: As Vinhas do Ódio


Enquanto eu “posto” isto, o Conselho de Segurança da ONU está reunido para discutir a recente escalada no Líbano, principalmente o injustificado ataque do exército israelense contra na vila de Qana, no sul do Líbano. Cerca de 37 dos 60 mortos em Qana eram crianças inocentes.


Tal agressão atroz não é nova para Qana e seus habitantes. Dez anos atrás, Qana tinha testemunhado um evento sangrento similar, o qual foi chamado “As Vinhas da Ira”. Esta pequena aldeia do sul é percebida pelos oficiais israelenses como uma base de apoio forte para o Hezbollah. Foi declarado que Israel tinha advertido os civis para abandonarem a aldeia antes do ataque. Mas isto justifica um ato desumano que não pode ser aceito sob qualquer hipótese?


Qana II não aconteceu sem implicações políticas significativas: Israel está se perdendo mais e mais, e sua imagem se tornando mais e mais sombria. Depois de uma reunião de emergência entre o primeiro-ministro Fouad Siniora e o porta-voz Nabih Berri no Grande Salão de Beirute, ficou claro que toda a família libanesa estava agora unida, não apenas do ponto de vista humano, mas também politicamente. O conselho de ministros libanês declarou segunda-feira como um dia de luto nacional em todo o Líbano.


Em um programa de entrevistas, com o jornalista Ali Hamadeh, na TV Future, o ministro representante do Hezbollah, Mohammed Fneich, e o representanto do Movimento Futuro (“Future Moviment”) Mohammed Kabbani declararam abertamente que todos os libaneses estão mais unidos agora, depois dos ijustificados ataques que miram qualquer um em qualquer lugar. O primeiro-ministro Fouad Siniora disse que nenhuma negociação é possível antes de ser alcançado um imediato e incondicional cessar-fogo. De acordo com a Agência France Press (AFP), Israel declarou uma suspensão de seus ataques aéreos ao sul do Líbano por 48 horas.


Depois de Qana II, se tornou claro que Israel vai aos extremos. Ehud Olmert (primeiro-ministro de Israel) parece abalado agora, e os passos tomados por suas forças militares parecem apresentar erros sobre erros.


Siniora se dirigiu ao corpo de diplomatas em Beirute, e descreveu as atrocidades e a importância daquilo que ele chamou “As Vinhas do Ódio”, ou Qana II. Ele também deu apoio a Hassan Nesrallah em todas as suas posições, e disse que qualquer cessar-fogo deve ser decidido pelo agressor, Israel.


A cena depois de Qana II - Mais libaneses simpatizam com o Hezbollah e o povo do sul, tanto humana, quanto politicamente. O governo libanês condena com veemência os crimes atrozes de Israel e adota posições crescentemente favoráveis em relação ao Hezbollah. Condenação internacional do ato de Israel (mesmo “amigos” de Israel, como a Jordânia declararam abertamente que rejeitam o que Israel fez). Os representantes dos Estados Unidos estão sob pressão de vários europeus, e mesmo da opinião pública interna que claramente condena os massacres de Israel em Qana. A administração americana não pode mais contar com uma aproximação “amigável” do governo libanês: Condi Rice não é bem-vinda a Beirute antes que um cessar-fogo seja alcançado. A secretária de Estado dos Estados Unidos e representantes do Reino Unido declararam que estavam buscando alcançar tal cessar-fogo, depois que eles tinham rejeitado completamente tal possibilidade em passado recente. Os erros de Israel estão mudando definitivamente as regras do jogo de guerra.


Que Deus abençoe as almas de todos os mártires, principalmente aqueles civis inocentes, e especialmente aquelas pobres crianças de Qana II...


http://lebop.blogspot.com/2006/07/qana-ii-grapes-of-hatred.html