Dono da Verdade
O colunista da revista CartaCapital, Nirlando Beirão escreveu em sua coluna, um texto com o título acima. Reproduzo este texto dele abaixo (CartaCapital, nº 412, ano XIII, 27/09/2006, página 47):
"Houve quem visse, no recente surto de Bento XVI contra os discípulos de Alá, o despertar daquele que presidiu até a morte de João Paulo II a Santa Inquisição com estilo tão imperioso que o chamavam de "Rottweiler da Fé". Na verdade, o papa alemão andou tentando se adocicar, em palavra e ação, de forma a ampliar o espectro de seu pontificado. O problema de Bento XVI não é temperamento. Como todo teólogo de formação, ele não pode duvidar de sua fé. É um intelectual, acadêmico, dogmático. Religiões são por natureza exclusivistas - a verdade é única, a sua. Por mais que se desminta, Bento XVI crê no que diz. João Paulo era de outra índole. Dizia-se pastor. O pastor crê, mas sabe que o mundo tem algo a lhe ensinar."
O único reparo que eu faria é que me parece que as religiões não são por natureza exclusivistas. Talvez seja a questão de se questionar o que significa "por natureza" em primeiro lugar, haja visto que religiões não são naturais, mas, historicamente, são criações culturais dos homens. Mas se o autor quis dizer que faz parte do caráter intrínseco das religiões serem exclusivistas, vamos lembrar que isso se aplica mais ao cristianismo e ao islamismo. Hinduísmo é uma religião que adora muitos deuses. O budismo tem variadas formas e respeito por outras fés. Os antigos paganismos aceitavam acréscimos de deuses de outras sociedades.
"Houve quem visse, no recente surto de Bento XVI contra os discípulos de Alá, o despertar daquele que presidiu até a morte de João Paulo II a Santa Inquisição com estilo tão imperioso que o chamavam de "Rottweiler da Fé". Na verdade, o papa alemão andou tentando se adocicar, em palavra e ação, de forma a ampliar o espectro de seu pontificado. O problema de Bento XVI não é temperamento. Como todo teólogo de formação, ele não pode duvidar de sua fé. É um intelectual, acadêmico, dogmático. Religiões são por natureza exclusivistas - a verdade é única, a sua. Por mais que se desminta, Bento XVI crê no que diz. João Paulo era de outra índole. Dizia-se pastor. O pastor crê, mas sabe que o mundo tem algo a lhe ensinar."
O único reparo que eu faria é que me parece que as religiões não são por natureza exclusivistas. Talvez seja a questão de se questionar o que significa "por natureza" em primeiro lugar, haja visto que religiões não são naturais, mas, historicamente, são criações culturais dos homens. Mas se o autor quis dizer que faz parte do caráter intrínseco das religiões serem exclusivistas, vamos lembrar que isso se aplica mais ao cristianismo e ao islamismo. Hinduísmo é uma religião que adora muitos deuses. O budismo tem variadas formas e respeito por outras fés. Os antigos paganismos aceitavam acréscimos de deuses de outras sociedades.
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