"Terrorismo de Estado"
Aula de História da América.
Quem ministra a aula é uma aluna do doutorado, já mestre em História, realizando pesquisas sobre as ditaduras militares do Cone Sul da América do Sul, nos anos 1960 e 1970.
E lá pelas tantas entra o assunto "terrorismo de estado", um termo que não é muito utilizado pelos pesquisadores quando se referem à repressão que se instalou no Brasil naquele período. Além disso, há muitas pessoas que advogam que a repressão brasileira teria sido "mais benigna", ou "menos maligna", que sua congênere argentina, por exemplo, pois durante a ditadura militar brasileira morreram ou desapareceram "apenas" cerca de 300 pessoas, enquanto na Argentina mais de trinta mil pereceram. E como a população argentina é de aproximadamente 1/4 da brasileira, para conseguir um feito equivalente a repressão brasileira teria que ter dado cabo de mais de 100.000 brasileiros.
Mas como disse, a professora, "pera aí". Os desenvolvimentos de Argentina e Brasil são e eram diferentes naqueles anos. Como o Brasil ainda tinha muita gente vivendo em áreas rurais, um número absoluto e proporcional de analfabetos muito maior, um nível de participação política também muito menor, foi muito mais fácil para o regime militar daqui estabelecer a paz dos vencedores e dos cemitérios aqui do que lá. Ou olhando pelo lado contrário, com uma população mais urbana, educada, e participante politicamente, foi necessário matar ou sumir com muito mais gente lá, para que o regime militar de lá se consolidasse.
Se paramos para pensar, a coisa se torna realmente assustadora...
Após a aula, eu e um colega que me dá carona, vínhamos conversando sobre o assunto. Este colega é jovem há um pouco mais de tempo do que eu, e ele viveu aqueles anos de chumbo no Brasil. E ele me disse que ainda sente um pouco de temor de um novo golpe no Brasil. Eu tentei dizer que, ao contrário de 1964, quando tanto os partidos de esquerda, quanto as forças conservadores não demonstravam apreço pela democracia representativa, hoje aparentemente todo o espectro ideológico de partidos que existem no Brasil se faz representar dentro desta mesma democracia representativa, e parece respeitar as regras desta democracia. Ele disse que me entendia, talvez até concordasse, mas ainda sentia algum medo.
Ou seja, o terror dos anos 1970 ainda está impregnado nele...
Quem ministra a aula é uma aluna do doutorado, já mestre em História, realizando pesquisas sobre as ditaduras militares do Cone Sul da América do Sul, nos anos 1960 e 1970.
E lá pelas tantas entra o assunto "terrorismo de estado", um termo que não é muito utilizado pelos pesquisadores quando se referem à repressão que se instalou no Brasil naquele período. Além disso, há muitas pessoas que advogam que a repressão brasileira teria sido "mais benigna", ou "menos maligna", que sua congênere argentina, por exemplo, pois durante a ditadura militar brasileira morreram ou desapareceram "apenas" cerca de 300 pessoas, enquanto na Argentina mais de trinta mil pereceram. E como a população argentina é de aproximadamente 1/4 da brasileira, para conseguir um feito equivalente a repressão brasileira teria que ter dado cabo de mais de 100.000 brasileiros.
Mas como disse, a professora, "pera aí". Os desenvolvimentos de Argentina e Brasil são e eram diferentes naqueles anos. Como o Brasil ainda tinha muita gente vivendo em áreas rurais, um número absoluto e proporcional de analfabetos muito maior, um nível de participação política também muito menor, foi muito mais fácil para o regime militar daqui estabelecer a paz dos vencedores e dos cemitérios aqui do que lá. Ou olhando pelo lado contrário, com uma população mais urbana, educada, e participante politicamente, foi necessário matar ou sumir com muito mais gente lá, para que o regime militar de lá se consolidasse.
Se paramos para pensar, a coisa se torna realmente assustadora...
Após a aula, eu e um colega que me dá carona, vínhamos conversando sobre o assunto. Este colega é jovem há um pouco mais de tempo do que eu, e ele viveu aqueles anos de chumbo no Brasil. E ele me disse que ainda sente um pouco de temor de um novo golpe no Brasil. Eu tentei dizer que, ao contrário de 1964, quando tanto os partidos de esquerda, quanto as forças conservadores não demonstravam apreço pela democracia representativa, hoje aparentemente todo o espectro ideológico de partidos que existem no Brasil se faz representar dentro desta mesma democracia representativa, e parece respeitar as regras desta democracia. Ele disse que me entendia, talvez até concordasse, mas ainda sentia algum medo.
Ou seja, o terror dos anos 1970 ainda está impregnado nele...
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home