sábado, fevereiro 17, 2007

Esperanças e Bons Presságios

Na sexta-feira antes do domingo, domingo que seria 17 de dezembro, eu imaginava que o Internacional tinha 25% de chances contra o Barcelona, na final do Mundial Interclubes, no Japão. As chances eram pequenas, mas existiam. Afinal quem morre na véspera é peru (no Natal, ou, no caso dos estadunidenses, do Dia de Ação de Graças). Enquanto o Barcelona não tivesse ganho a partida, havia esperança. E felizmente, o Eto estava machucado...
No final do expediente de trabalho, um colega gremista, se despediu, e disse que, por motivos óbvios, ele não me desejaria boa sorte para o domingo. Coisas de rivalidade gaúcha...
Mas dezembro de 2006 lembra outros dezembros. Por exemplo, 14 de dezembro de 1975. Naquela tarde eu, um piá de 10 anos, estava no Beira-Rio, e pude acompanhar o primeiro título do Internacional, Campeão do Brasil. Muito embora, desprevenido, e ainda baixo, não vi o lance do gol, que tive que conferir pela televisão depois. Mas pude acompanhar as defesas heróicas do Manga, que terminou a partida com as mãos machucadas. Antes daquela final, o Inter havia vencido o Fluminense em pleno Maracanã, na semi-final, por dois a zero, com um gol inesquecível de Paulo César Carpeggiani. Eu não me lembro, mas dizem que aquele time do Fluminense era favorito e imbatível no Maracanã, mas foi batido!
Ou dezembro de 1976. No caso era 12 de dezembro de 1976. Em 1976 o Inter era favorito. Se não me engano, havia chegado à final do Campeonato Brasileiro com 50 pontos no total, contra 36 do Corinthians, o adversário. Mas naquele ano os jornais aconselhavam os pais a não levar crianças para o estádio, pois poderia haver confusão. Assim acompanhei pela televisão. Inter 2 x 0 Corinthians. Inclusive houve alguma confusão mesmo com a torcida do Corinthians...
O Inter ainda ganharia o Campeonato Brasileiro de 1979, mas ele também era favorito. E como a final era com partidas de ida e volta, e o Inter havia ganho do Vasco no Maracanã, por 2 a 0, no Maracanã, a missão do Vasco era muito difícil. Em 1979, a verdadeira final foi a semi-final entre Inter e Palmeiras...
No dia 17 de dezembro de 2006 eu tinha a intenção de acordar tarde, já com o resultado da partida definido. Evitaria tensão, ansiedade, sofrimento... Mas não deu. O meu filho, gremista, me acordou para acompanhar a partida. Sensação térmica de quase 40 graus Celsius em Porto Alegre, temperatura próxima de zero em Yokohama, no Japão onde a partida aconteceria.
TV ligada, tensão no coração! O Barcelona dominava o jogo, mas não chegava agudamente no ataque. Terminou o primeiro tempo, e pensei comigo mesmo que ainda não estávamos perdendo, mas era preciso mais para ser campeão.
O segundo tempo continuou mais ou menos no ritmo do primeiro. Para piorar a coisa, o Abel teve que substituir o Fernandão, machucado, pelo Adriano Gabiru. Parece que a estratégia era empurrar para a prorrogação, e decidir nos pênaltis. Só que aos 36, ou 37, a bola chegou ao Iarley, na intermediária do Barcelona. Ele se desvencilhou da marcação, e lançou para... o Adriano Gabiru! O Adriano Gabiru avançou e bateu cruzado. Gol! Gol! Incrível! Inacreditável! Gol do Inter! 1 a 0 contra o Barcelona, e faltavam menos de 10 minutos para terminar o jogo. E o Inter conseguiu segurar a reação do Barcelona. Incrível! Impressionante! Como aquilo podia ser? Parecia um sonho! Internacional Campeão do Mundo! Uhuuuu! Nada podia ser maior, como já dizia uma placa num estádio aqui de Porto Alegre! Sonho! Era dia de sonhar acordado! Ou como disse o Luís Fernando Veríssimo no jornal Zero Hora (reproduzido neste blog), se isto é um sonho, por favor, não me acordem!
Segunda-feira era dia de continuar festejando! Comentei com meu colega gremista, aquele que não poderia ter me desejado boa sorte, sobre o meu cálculo de chances do Inter. Ele achava que as chances do Inter eram ainda menores do que eu havia imaginado. E disse, que quando o jogo terminou, ele também não podia acreditar que já tinha acabado, e o Inter ganhado. Mas pelos motivos opostos aos meus!...
Pois é! Que alegria! Em matéria de futebol, o que mais eu poderia desejar?

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