Caminhada no Parque
Ontem, domingo, eu e meu filho tivemos um programão em família. Saímos para ir a um pronto-atendimento otorrinolaringológico. Ele por conta de um resfriado chato e uma tosse persistente que o afligia desde a sexta-feira. Eu por conta de um tampão de cera no ouvido, que não me permitia escutar direito com o ouvido direito (seria menos cacofônico se eu dissesse que não conseguia escutar direito com o ouvido esquerdo, mas, enfim...) .
Após os devidos diagnósticos e correções e prescrições terapêuticas, convidei o meu filho a darmos uma caminhada na Redenção. Ele achava melhor darmos uma esticada até o Shopping Praia de Belas, para vermos a decoração de Natal deste ano. Eu tentei arrazoar, nos limites da minha douta ignorância, replicando em termos de ciências sociais, que um xóping era um "não-lugar", como gostam de teorizar alguns, uma ilha de artificialidade com uma eterna primavera, onde mendigos e pivetes são proibidos de entrar, uma forma bastante concreta de exclusão, etc, etc. Além disso, eu disse a ele que na Redenção eu poderia tirar algumas fotos, pois, afinal, após um intervalo de uns 20 anos, passei a me interessar mais por fotografia (não que o interesse tivesse cessado completamente, mas era bastante moderado durante o final dos anos 1980 e nos anos 1990, até que no início do século XXI, a popularização da fotografia digital me chamou a atenção, e comecei a disparar a torto e a direito, [ou a direito e a esquerdo? Sei lá!]). Ele reclamou que fazia não muito tempo estivéramos na Redenção, e que então eu já havia tirado fotos. E eu respondi que agora estava utilizando outras câmeras, voltara a fazer fotos em filme, estava tentando experimentar a moda Lomo, havia conseguido uma maquininha que tirava fotos "grandes angulares", e que afinal, só agora eu percebi que grande angular podia ser mais legal que teleobjetiva.
No fim acabamos indo à Redenção. Passamos pela rua José Bonifácio, final de tarde no Brique, e entramos pela esplanada central da Redenção através do "portal" do Monumento ao Expedicionário.
Fotos. Pude bater muitas fotos. A maioria digitais. Mas também com câmeras com filme.
Gente. Muita gente. Adolescentes vários, várias tribos, punks, emos, ... E cachorros. Muitos cachorros. De todas as raças e tamanhos. Talvez nem todas. Felizmente não me lembro de ter enxergado nenhum pitbull, mas havia pugs, galgos, labradores, foxes, e, obviamente, muitos vira-latas. Lá pelo meio do parque um artista de rua, conseguia reunir pequena multidão ao seu redor. Meu filho comentou que uma arte tão antiga quanto o teatro, neste caso de rua, conseguia sempre atrair a atenção das pessoas. Eu falei para ele que tão antigo quanto o teatro era a necessidade das pessoas de se comunicarem, se distraírem, e procurar alegria para as suas vidas. Hummmm...
Pensei com as fibras da minha camiseta, eu estava sem botões, que a Redenção, o Brique, eram lugares em que as pessoas iam para se encontrar, para verem e serem vistas. Talvez seja o substituto para esta geração das caminhadas e paqueras da juventude dos anos 1960 e 1970 na rua da Praia de antes do calçadão, quando Porto Alegre era menos violenta, pois afinal os pobres ainda não tinham vindo quase todos do campo para a cidade. Será?
Caminhamos em volta do lago dos pedalinhos, e acabamos chegando à Avenida João Pessoa. Enquanto andávamos pelo parque pude compartilhar com meu filho que me dava um grande prazer caminhar pelo parque, pois assim eu me sentia um pouco mais vivo. "Também, né, pai? Com toda esta natureza ao redor, tu só tens que te sentir mais vivo!"
Acho que ele não pegou bem o espírito do que eu queria dizer, mas tudo bem.
Da João Pessoa, pegamos a República, com seus bares com mesas na calçada, e um monte de gente bebendo e conversando. Passamos pelo colégio Olyntho de Oliveira, o primeiro colégio em que meu filho havia estudado, e chegamos à Avenida Praia de Belas.
Afinal estávamos nos dirigindo para o tal não-lugar...
Marcadores: Parque da Redenção, Parque Farroupilha, Porto Alegre, Redenção
2 Comments:
Zé Grandão:
Ok, ok, gostei do passeio pela city. Porém, o fato estarrecedor permanece lá, logo no início do texto: TAMPÃO DE CERA NO OUVIDO!!!
No comments. Um abraço.
Arriba! (E cotonetes. hehehehe... Sacanagem, eu sei).
Pois é, Jens. Padeço de excesso de produção de cera nos ouvidos. Periodicamente tenho que ir ao médico retirar. Cotonetes não adiantam, apenas empurram a cera mais para o fundo do canal.
[]
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