Viver com as Imagens
“Viver com as imagens é uma felicidade! A eternidade rotativa (das imagens) pode parecer atroz ao espectador, é satisfatória para seus protagonistas. Livres de más notícias e de enfermidades, vivem sempre como se fosse a primeira vez, sem recordar as anteriores. Para as imagens não existe uma próxima vez (todas são iguais à primeira)”.
“O fundamento do horror de ser representado em imagens, que alguns povos sentem, está na crença de que, ao se formar a imagem de uma pessoa, a alma passa para a imagem e a pessoa morre” (...) “Seria o caso de inventar um aparelho que permita averiguar se as imagens sentem e pensam – ou, ao menos, se têm os pensamentos e as sensações que passaram pelos originais durante a exposição; é claro que não será possível averiguar a relação de suas consciências (?) com esses pensamentos e sensações”.
Borges resume o argumento do livro de Bioy Casares com um trecho de uma música de Dante Gabriel Rossetti:
Estive aqui antes,
Mas quando e como não sei.
Conheço a relva além da porta,
O perfume doce e penetrante,
As luzes pela costa, os sons murmurantes...
No mundo espetacular das imagens, há cores, formas, sons e odores. Só falta a consciência da presença, da mortalidade. É um mundo povoado pela ausência e por uma fracassada ambição de imortalidade. Sem a consciência de si mesma, a imagem assume a forma de um fantasma a flanar pelo mundo, descolado daquilo que foi um dia (ou que poderia ter sido).
Marco Aurélio Weissheimer, no RS Urgente, em momento filosófico-literário.
Marcadores: filosofia, imagem, literatura
2 Comments:
Grande Zé:
Ainda estou de férias, mas cavei um tempinho pra vir aqui te desejar um Feliz Anovo Novo e agradecer as palavras gentis lá na minha toca.
Um abraço.
Em 2008, arriba!
Valeu, Jens!
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