"Anima Heroes" em Porto Alegre - 16/11/2008
Neste domingo, dia 16 de novembro, enquanto boa parte de Porto Alegre se reunia ao redor da 54ª. Feira do Livro, em seu último dia, fui convidado/convocado pelo meu filho para visitar o evento, digamos assim, Anima Heroes, que se realizou neste final de semana no Colégio Rainha do Brasil, no morro Santo Antônio. O colégio fica atrás da Igreja Santo Antônio.
Este tipo de evento reúne entusiastas da parte da cultura japonesa ligada aos mangás, histórias em quadrinhos com um traço bem típico; animes ou animês, desenhos de animação japoneses, baseados ou não nos mangás, e videogames. Muitos dos participantes comparecem a estes eventos fantasiados como personagens dos mangás ou dos animes. Também vale ir vestido como personagens da indústria cultural para além dos mangás, animes e games. Eu pude ver, por exemplo, o Coringa (é, ele mesmo, o inimigo do Batman), e Chávez (o mexicano, não o venezuelano), e o Capitão Cueca (não pergunte).
Você pode escolher como se sentir num evento destes. A minha cabeça vacilou entre lúdico, surreal e psicodélico, se bem que este último adjetivo não se encaixa muito bem.
A maioria dos participantes são adolescentes ou pós-adolescentes, algumas crianças, e alguns adultos, estes em geral são pais ou mães acompanhando seus pimpolhos. E a maioria da turma está fantasiada. De uma maneira mais rica ou mais pobre.
Por obra e graça de meu filho acabei acompanhando e gostando da série de TV japonesa (“anime”) Naruto. Quem acompanha a série, como eu, encontrou por lá belas réplicas do Chouji, do Jiraya, do Shimo, e da Tsunade. Enquanto eu estava numa fila, uma cópia do Rock Lee me chamou de “tio”, e me pediu para segurar umas folhas de papel para ele.
Também estiveram por lá, os dubladores Elcio Sodré e Miriam Ficher. Para quem conseguiu ver Naruto na TV, Elcio Sodré é o atual dublador de Hataki Kakage, ou o Kakage sensei, mestre das artes ninjas do Naruto. Ele já foi a voz de Shiryu, o cavaleiro do dragão, nos Cavaleiros do Zodíaco. Miriam Ficher foi dubladora da Sara, a personagem principal do desenho Cavalo de Fogo, que passava (ainda passa?) no canal do SBT séculos atrás. Atualmente é a voz da Vicki, a “babá do mal” de Timmy Turner, no desenho dos Padrinhos Mágicos.
E aí é que a coisa deixa de ser psicodélica. A turma está fantasiada, mas em comportamento estas crianças, adolescentes e jovens não fariam feio frente a um retiro religioso promovido por alguma igreja. Bebidas só refrigerantes. Poucos fumavam (e daqueles cigarros que passarinho fuma). Então as panelinhas se reuniam, comentavam os mangás, as séries, faziam pose para fotografias. E embora alguns desses adolescentes segurassem plaquinhas informando quem quisesse ler que estava dando “abraços grátis”, ou vendendo “selinhos a 0,50”, ou um grande aforismo como “virgindade é uma doença que dá e passa”, não pude ver nada de acintoso. Enfim, uma grande brincadeira. Lúdico. Surreal porque parece estranho ver aquela gente vestida como o herói, ou o vilão, da série de TV.
E este tipo de evento se desenvolve mais ou menos à revelia do braço principal da indústria cultural. Embora seja relativamente fácil encontrar mangás nas bancas de revistas brasileiras, os principais animes estão mais nas televisões por assinatura. Bom, claro que os videogames tem ampla penetração entre praticamente todas as faixas etárias nos dias de hoje, mas ainda é mais comum as pessoas conversarem sobre a novela de ontem, do que sobre o que acontecerá com o menino órfão que tem o demônio da raposa de nove caldas selado dentro de si (este é o Naruto). E não. Não há eventos, ou convenções em que as pessoas vão se reunir para discutir as novelas e se vestirem como as personagens da novela.
Acho que este tipo de evento merecia uma reflexão de um etnólogo para buscar mais significados sobre o comportamento desta tribo. Isto é apenas um pequeno relato.
Marcadores: Anima Heroes, Porto Alegre, tribos
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home