Agência Internacional de Energia Atômica

Esta semana, excepcionalmente, a Agência Internacional de Energia Atômica - AIEA comportou-se como uma agência internacional, e não como uma agência do governo americano, ao objetar-se a um relatório do legislativo americano que afirmava que o Irã estava refinando urânio em níveis compatíveis com o necessário para a produção de armas nucleares, a partir de informações que haviam sido fornecidas pela própria AIEA.
A AIEA informou que suas medições informavam que o Irã estava refinando urânio, mas não nos níveis enunciados no relatório do legislativo americano.
A AIEA nos últimos tempos vinha parecendo-se muito com uma agência do governo americano, pois parecia muito silenciosa. Enquanto uma delegação européia e o governo iraniano negociavam (negociam ainda) um acordo sobre o programa nuclear iraniano, o representante americano na ONU vinha requerendo punições ao Irã por não ter cessado o seu processo de enriquecimento de urânio. Raras vezes ouvimos notícias da AIEA para o governo americano ser menos veemente.
Afora o governo iraniano ter o direito de enriquecer urânio nos termos do tratado de não-proliferação nuclear, o governo americano é silencioso sobre as armas nucleares israelenses, tolera as armas já existentes no Paquistão (na fronteira do Irã, portanto) e está tomando medidas para cooperar em tecnologia nuclear com a Índia, que também possui bombas e recentemente testou um míssil com alcance de 3.000 km (http://voltasnoporto.blogspot.com/2006/07/msseis.html) .
A revista CartaCapital, nº 410, de 13 de setembro de 2006, comenta que a Coréia do Sul enriqueceu urânio em grande quantidade à 77% de pureza, muito, mas muito mais perto dos 98% necessários para a criação de uma arma nuclear do que os 3% de pureza anunciados pelo ministro brasileiro da ciência e tecnologia, Sérgio Rezende, em meados deste ano, quando anunciou que o Brasil dominava o ciclo nuclear completo. Alguém ouviu alguma palavra da AIEA, ou do governo dos Estados Unidos sobre o assunto?