terça-feira, abril 24, 2007

Boris Yeltsin - 1931-2007

O UOL, e provavelmente muitos outros saites de notícias, informa a morte do ex-presidente da Rússia, Boris Yeltsin.
Que posso dizer sobre Yeltsin? Nas minhas lembranças, dos noticiários da televisão, ele foi o homem que enfrentou os tanques que a linha dura do então Partido Comunista da União Soviética tinham enviado para o centro de Moscou para tentar parar, e mesmo retroceder, as reformas que o então líder máximo da União Soviética, Mikhail Gorbachev vinha tentando implantar no país. As chamadas "Glasnost", ou reformas para implantar maior liberdade política, e "Perestroika", para tornar a economia mais eficiente.
Por conta da Glasnost, a Cortina de Ferro (aquele grupo de países a oeste da União Soviética, Polônia, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, que, a partir do final da Segunda Guerra Mundial, começaram a ter regimes políticos semelhantes ao da União Soviética) começou a apresentar fissuras. A Hungria foi o primeiro país a abrir suas fronteiras para o ocidente, liberando a sua fronteira com a Áustria. Esta abertura de fronteiras da Hungria causou uma avalanche de migrantes da antiga Alemanha Oriental, que começaram a migrar para a então Alemanha Ocidental, via Hungria, o que, por fim, acabou causando a derrubada do "Muro da Vergonha", como era chamado um muro que separava as Alemanhas, bem como a cidade de Berlim, encravada em pleno território alemão oriental (hoje os novos muros da vergonha estão separando os Estados Unidos, do México, bem como Israel e Palestina).
Foi esta fuga em massa, bem como a aparente desagregação do poder do PCUS (Partido Comunista da União Soviética) que disparou a tentativa de golpe da linha dura do partido. Com o líder Mikhail Gorbachev detido e isolado em algum lugar próximo ao Mar Negro, Yeltsin tomou a iniciativa da resistência, que acabou levando ao fracasso do golpe. Como era presidente eleito da Federação Russa, a maior nação das que formavam a União Soviética, Yeltsin logo destituiu Gorbachev de qualquer poder formal, e acabou produzindo a desintegração da União Soviética, que a princípio gerou a Comunidade de Estados Independentes, que acabou, por fim, levando à independência de diversos países: Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia (que se tornaria Belarus), Lituânia, Letônia, Estônia, os países do Cáucaso: Azerbaijão, Armênia, Geórgia, e os da Ásia Central, como Cazaquistão, Quirguistão, e outros. São muitos países para este blogueiro lembrar. Mas, de repente, todos os atlas geográficos ficaram obsoletos.
Assim como parou uma tentativa de golpe. Tempos depois, ele resistiria a outra tentativa de golpe de seu então vice-presidente.
E em 1994, ele teria que se ver com a primeira Guerra da Chechênia, em que o pequeno território no norte do Cáucaso, e sul da Rússia tentaria sua independência. A reação russa foi avassaladora, mas não muito efetiva, com destruição de cidades chechenas, e violação de direitos humanos, mas sem conseguir acabar com as tentativas de secessão.
Yeltsin também levou a Rússia de volta ao mais selvagem e caótico capitalismo, de maneira que a destruição do que havia de bem estar social na antiga União soviética levou milhões a ficar abaixo linha de pobreza. E a destruição dos mecanismos do capitalismo de estado soviético fez a economia russa diminuir em 50%.
Com o tempo, pareceu que Yeltsin começou mais e mais a se desinteressar pelos assuntos de estado, e se interessar mais e mais pela vodka, de forma que acabou renunciando à presidência da Rússia, e indicando Vladimir Putin para o seu lugar. Isso lá pela segunda metade dos anos 1990. Putin permanece como líder máximo da Rússia até hoje.
A notícia do UOL diz que Yeltsin sofria de insuficiência cardíaca crônica e progressiva.

A notícia no UOL:
http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2007/04/23/ult1859u132.jhtm






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