quinta-feira, março 20, 2008

Requentando a vaca: A CartaCapital, o Procurador, o Kaká, o Apóstolo e a Bispa

Pois a revista CartaCapital voltou ao tema do jogador de futebol, e os líderes da igreja que o jogador frequenta, a Renascer em Cristo. Estes líderes são o apóstolo Estevam Hernandes, e sua esposa, a bispa Sônia.

Na edição desta semana, de 19 de março de 2008, n. 487, na seção que análise as notícias consideradas relevantes da semana anterior há um texto em tom irado onde o autor reclama que uma assessoria de imprensa contratada pela igreja divulgou que o questionário divulgado pela revista, e feito procurador Mendroni, para ser encaminhado à justiça italiana, era falso, pois não estava nos autos do processo. Na reportagem original, o procurador, por alegado engano do redator, era chamado o tempo todo de juiz.

O tom irado da revista fica evidente pelos adjetivos. A peça da assessoria de imprensa é uma "mentira" (logo seus autores mentirosos), o texto é "malandro e mal intencionado". Também a peça é uma "artimanha do capeta", e os assessores são "serviçais da Renascer".

Depois o texto parte para a desqualificação de Carlos Brickmann, proprietário da Brickmann e Associados. A empresa responsável pelo trabalho de assessoria de imprensa da Renascer, somos informados, tem em sua carteira de clientes "notórios condenados pela justiça, a começar pelo apóstolo e pela bispa". E que "há quem busque seus préstimos pela disposição do assessor em praticar o jogo sujo, a aceitar tarefas que gente séria no mercado de assessoria de imprensa rejeitaria sem pestanejar" (grifo meu em "gente séria"). Continua a revista: "Entre outras, Carlinhos é afeito a denegrir concorrentes e adversários de seus clientes, inclusive por meio do baixo expediente de distribuição de dossiês e fofocas".

Mais, já em novo parágrafo: "Se ele considera o dízimo que lhe é pago pela Renascer suficiente para se prestar a qualquer tipo de ignomínia, é uma opção de vida". E, por fim: "Fique claro, porém, que CartaCapital tomará as medidas judiciais cabíveis".

O texto da revista ainda acusa a o advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, notório por ser presidente da seção paulista da OAB, e um dos líderes do fracassado movimento civil e "apolítico" "Cansei", e que neste caso deu assessoria jurídica à Brickmann e Associados, de "mais um exemplo de indignação seletiva ambulante".

Como diria um conhecido meu, por que tanta mágoa nesse coraçãozinho? Os advogados existem, me parece, para defenderem seus clientes. Isto nem sempre quer dizer que eles busquem mais a justiça do que o dinheiro, mas não dá para imaginar um advogado de defesa atuando ao lado do promotor, e ambos trabalhando para condenar o réu.

Por outro lado, assessorias de imprensa existem para, bem... prestarem assessoria de relações públicas para quem as contrata. E, também me parece, isto inclui tentar ressaltar o que de melhor pode existir em seus clientes, e tentar evitar que o distinto público ignore, ou releve, coisas supostamente ruins que o cliente fez ou causou.

Ficou me parecendo que na lógica dura do redator de CartaCapital os advogados, os assessores de imprensa, e, por afinidade, os publicitários não deveriam existir. Ou talvez só devessem existir se não fossem contra aquilo que a revista publica. Pois afinal, o que a revista publica, conforme seu diretor de redação, Mino Carta, é a "verdade factual".

Eu não conheço pessoalmente Carlos Brickmann, ou "o Carlinhos", como a revista o chama. Eu só conheço a coluna que ele publica no Observatório da Imprensa; coluna esta bastante jovial e divertida.

Também não conheço a peça publicitária feita pela Brickmann e Associados a pedido da Igreja Renascer e distribuída aos órgãos de comunicação. Posso dizer que soube do caso pelo meu filho que, por sua vez viu a notícia no Portal 3, o portal de notícias da Universidade do Rio dos Sinos, que fica aqui em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre.

Assim todos estes meus julgamentos são tipo assim, "acho que..." . O que de fato é bem irrelevante.

Só voltei a insistir neste assunto porque eu já havia reclamado quando a revista deu capa para o assunto: "A Fé e a Grana", e texto interno com a manchete "Fé, família, dinheiro", com texto de Paolo Manzo. Edição 478, de 16 de janeiro de 2008. Especulei na ocasião que a revista usava de um promotor que estava atrás de um holofote para vender mais revistas, em cima de um famoso jogador de futebol, que professava fé em Deus através da citada igreja, e amizade pelos líderes desta mesma igreja, mesmo que eles estivessem envolvidos com problemas legais.

Em edições posteriores a revista afirmou e reafirmou que não obtivera o questionário das mãos do promotor Mendroni. Ou seja, não era um promotor buscando holofotes. Na minha opinião apenas uma forma de vender mais revistas usando a imagem de um jogador de futebol. Quer dizer, como afirmei na ocasião, CartaCapital estava tendo seu momento Caras, esta famosa revista de celebridades.

Então repito. A revista usou uma figura famosa (mas que mantém certa privacidade a respeito de sua vida pessoal, apesar de usar sua fama para divulgar a fé que professa) para, através da relação desta pessoa famosa com dirigentes de uma igreja (uma associação civil e de direito privado), vender mais revistas. De quebra o texto original ainda trata de supostos problemas de relacionamento entre o jogador e sua sogra, sem ter consultado nenhum dos dois. Para mim, isto, o questionário do procurador que quer que Kaká seja testemunha num processo contra amigos dele, ou o relacionamento de Kaká com a sua sogra, não era relevante, quanto mais notícia para ser capa de uma revista semanal, que não se quer de fofocas e celebridades.

Se o primeiro texto, com sua respectiva capa, não tivesse sido publicado, toda esta celeuma teria sido evitada. Afinal o assunto era mesmo irrelevante, e eu, como leitor e assinante da revista, preferiria que o espaço nobre da capa da revista semanal fosse utilizado, para um assunto mais importante. Qualquer assunto mais importante.

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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Vergonha

12:36 AM  
Blogger José Elesbán said...

...

3:58 AM  

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