terça-feira, maio 06, 2008

Vantagens de um monoglota

Vantagens de um monoglota

ROBERTO MUYLAERT

Por ser monoglota, o presidente Lula está sempre à vontade, em qualquer entrevista que enfrente, nos diversos países que visita

EXISTEM PALAVRAS corriqueiras em francês que ajudam a definir o status internacional de um brasileiro, mesmo que ele não domine o idioma gaulês. Em certas camadas sociais são bem conhecidas, e quase obrigatórias, expressões como "noblesse oblige", "à propos", "faute de mieux". E não é que noutro dia o presidente Lula soltou um garboso "en passant"? Seguido por um comentário dele mesmo: "Nada mal para quem há algum tempo dizia "menas gente'".
Enquanto nos regozijamos com o seu vocabulário internacional enriquecido, devemos lembrá-lo, sem ironia, de que uma das vantagens que ele leva como presidente do Brasil é o fato de ser um monoglota convicto, que ganhou o mundo sem se preocupar em falar outro idioma. E sem complexo de inferioridade por não ser poliglota, característica que comunga com os norte-americanos.
Nesse quesito, eles são insuperáveis. Conheci um dirigente de filial de uma multinacional americana situada no Brasil que, depois de cinco anos vivendo por aqui, continuava fazendo seus discursos em inglês. O divertido é que ele fazia questão de terminar a fala com um sonoro "obrigado", pronunciado com certa dificuldade, após o que abria o sorriso da vitória, como a dizer: "Não passei incólume pelo idioma do país que me acolheu tão bem nos últimos cinco anos".
É sábio o protocolo que manda cada presidente se expressar em sua própria língua, condição de igualdade garantida pelos intérpretes, para a comunicação entre líderes de países soberanos.
Das cordas vocais de Lula saem, mundo afora, vocábulos pronunciados na nossa língua portuguesa, para que as altas patentes de governos estrangeiros comecem a se acostumar, desde já, com o som do idioma de um país que, segundo "The Economist", poderá ser uma superpotência de petróleo, assim como é gigante agrícola.
Por falar em poliglota, não há nada mais extenuante para quem tem bom domínio de um idioma estrangeiro do que entrar numa longa reunião de alto nível, no exterior, com grandes interesses em jogo, tendo de desenvolver um raciocínio complexo em outra língua, com o esforço adicional e simultâneo de encontrar as palavras exatas, no momento certo, para expor suas idéias. Em tal situação, a inteligência aparente do indivíduo baixa de 20% a 30% em relação a quem debate em seu próprio idioma.
Nesse quesito, os brasileiros são campeões do servilismo idiomático, estando sempre prontos a tentar falar a língua alheia, mesmo sem conhecê-la direito. Já vi um brasileiro na Disney (EUA) mostrando erudição à moça que recolhia seus ingressos: "Parla espanhol?".
Eu mesmo me flagrei, quando estive na China, tentando dialogar com um habitante local, amável monoglota lá da língua deles. Ele sorria e me oferecia chá o tempo todo. Colonizado, tentei me entender com ele em inglês, que se mostrou tão ineficaz, como instrumento de comunicação, como se eu tivesse usado a minha própria língua em primeiro lugar.
Tenho um tio que implica com quem conhece muitos idiomas, segundo ele, cultura de "porteiro de hotel". O que ele prestigia é o português bem falado, indignando-se com a desnecessária e deselegante sucessão de gerúndios com que somos contemplados diariamente. Em especial nos serviços de telemarketing e no atendimento das companhias telefônicas e de TV por assinatura.
Situa-se ali o ninho da serpente dos gerúndios inúteis, pronunciados pelas "gerundivas", funcionárias que atendem ao telefone dessas empresas. Durante a infindável espera para ser atendido, uma gravação assegura que "sua ligação é muito importante para nós", "malgré tout".
Brasileiro achava que falava castelhano, até acontecer aquele discurso pronunciado na língua de Cervantes, num país hispânico, em insólita prosódia com sotaque maranhense, pelo então presidente Sarney, para estupefação de hispânicos e lusófonos. Por ser monoglota, o presidente Lula está sempre à vontade, em qualquer entrevista que enfrente, nos diversos países que visita. Fernando Henrique Cardoso, embora nascido "la bas", como eles dizem, brilhou na Assembléia Nacional Francesa falando no idioma pátrio deles. Mas, durante o solene discurso, deve ter ficado com as mãos frias.
E não se diga que há compatriotas que falam tão bem a língua dos outros que podem debater no idioma deles de igual para igual. Não é verdade: quem fala como eles pensa como eles.


ROBERTO MUYLAERT, 73, é jornalista, editor e escritor. Foi presidente da TV Cultura de São Paulo de 1986 a 1995 e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (governo FHC).

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2 Comments:

Anonymous wuilombonnq said...

REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA!
Viva! Chàvez! Viva Che!Viva! Simon Bolívar! Viva! Zumbi!
Movimento Chàvista Brasileiro- Ações Afirmativas Afro –Ameríndia *Quilombismo *
A comunidade negra afros-decendentes brasileira
é solidaria e apóia o povo palestino Viva a Palestina!
Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio 2008 dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada à elite mundial é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo estes afro-ameríndios descendentes vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosa quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc.
Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história dos nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Osvaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam. Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma,Rafael Correa, Fernando Lugo não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a,Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che, Viva Martin Luther King, Viva Osvaldão, Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva os Trabalhadores e Trabalhadoras dos Brasil e de todos os povos irmanados.
O.N.N.QUILOMBO –FUNDAÇÃO 20/11/1970
quilombonnq@bol.com.br

10:51 PM  
Blogger José Elesbán said...

...

1:28 AM  

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