sábado, agosto 22, 2009

A Outra Margem do Guaíba - Sobre o Guaíba (II)

A OUTRA MARGEM DO GUAÍBA

Guaíba, rio ou lago? Ontem, mostrei os argumentos de Rualdo Menegat. Hoje, apresento uma carta do engenheiro Henrique Wittler: 'Mais uma vez venho te apresentar elementos que contestam o professor Menegat feitos por um professor de doutorado e mestrado da UFRGS onde Menegat é professor de formação. Também gostaria de te informar que o Atlas foi desenvolvido no período de 1994 a 1998. Nesse período, Menegat era, como ainda é, professor da UFRGS com 40 horas de dedicação exclusiva. Um pouco antes, foi firmada uma parceria entre Faurgs e prefeitura, Dmae, Smam, Condor Empreendimentos Imobiliários, Copesul, Varig para elaboração do Atlas Ambiental de PoA. Em 1994, o professor Menegat foi convidado para ser o coordenador e foi até 1998 com a publicação daquele. Como coordenador, teve sob suas ordens pessoal de prefeitura, Dmae, Smam, entre outros'.
Wittler fala de poder: 'Ocorre, fato mais grave, que o professor Menegat além de ocupar o cargo de coordenador foi designado por Tarso Genro para ser secretário-adjunto da Smam e o foi até 1998 (dois anos de governo Raul Pont). Veja, o professor tinha toda a máquina a sua disposição como coordenador do Atlas, dinheiro da Faurgs e, além disso, tinha o cargo de secretário na Smam, o que lhe permitia em nome desta realizar palestras, contatos com editoras, magistério, órgãos encarregados dos currículos escolares, no sentido de caracterizar o Guaíba como lago. É triste, mas é a verdade, está escrito, ninguém pode negar. Foi neste período que o lago passou a ser considerado na Smam, consumando-se a farsa'.
A oficialização do Guaíba como lago teria ocorrido por decreto. Wittler contesta: 'Quanto a decreto de Amaral de Souza, constatamos que não existe. Fui induzido a acreditar neste em face de uma entrevista de Menegat ao Correio do Povo em 2001, de que tenho cópia, na qual citava o referido decreto. Recentemente, o professor confirmou em e-mail ao arquiteto Nadruz, inclusive quase que afirmando que a inclusão do termo lago foi em razão do decreto, que continua afirmando existir'. Em apoio à tese de que o Guaíba é rio, Wittler traz o depoimento de Elírio Toldo Jr., do programa de pós-graduação em Geociências da UFRGS. É a guerra dos especialistas.
Toldo: 'Antes de tudo, o Guaíba tem nome, e este nome é ‘rio Guaíba’. É o nome popular do Guaíba, consta nos mapas, nos livros e, historicamente, é descrito como rio Guaíba (...). O Guaíba apresenta elementos descritivos de três tipos de ambientes: rio, lago e estuário (...). No Guaíba se destaca a morfologia do ‘canal’. É uma feição de fundo que atravessa todo o ambiente e onde se encontram as maiores profundidades. Canal é uma feição de fundo construída por um rio. As grandes dimensões do canal são ainda suficientes para controlar o padrão de circulação de suas águas e do escoamento direcionado predominantemente para o Sul, comportamento típico de rios. A distribuição dos sedimentos de fundo obedece muito mais a um padrão fluvial do que lacustre. Os fatores hidrodinâmicos, morfológicos e sedimentológicos são os de maior relevância para a classificação do Guaíba, principalmente como rio'. Sem dúvida, palpitante.

Este texto é de Juremir Machado da Silva, e foi publicado no jornal Correio do Povo, de 8 de maio de 2009.


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