OS PROFESSORES LONGE DA SALA DE AULA
Editorial
OS PROFESSORES LONGE DA SALA DE AULA
Um estudo inédito elaborado pelo Ministério da Educação (MEC) mostra que, com exceção das disciplinas de Física e de Química, há mais professores habilitados para ministrar aulas do que a demanda por esses profissionais de 5ª a 8ª série e no ensino médio. Nos últimos 25 anos, cerca de 1,2 milhão de professores se formaram e o aumento do número desses profissionais foi de 66% desde 2001. O problema é que a sala de aula não está nos planos desses licenciados, que acabam por encontrar em outras atividades seu reconhecimento profissional. Segundo o MEC, seriam necessários 725.991 novos professores para serem somados ao contingente atual, de 1,4 milhão em exercício. Mais de 70% dos formados trabalham em outra atividade.
Um exemplo do desequilíbrio na área é o curso de Educação Física. Somente 32 mil dos 63 mil que ministram aulas fizeram Licenciatura na área. Todavia, há um total de 195 mil graduados nessa disciplina nos últimos anos que optaram por trabalhar longe da sala de aula, em outras atividades nas quais percebem melhores salários e encontram melhores condições em seu ofício.
No RS, a situação não é diferente. Apesar do grande número de inscritos a cada concurso, muitos acabam por desistir assim que surge uma melhor oportunidade de emprego. Isso sem falar do uso dos chamados contratos emergenciais, que acabam por reproduzir relações precárias de trabalho e de renda.
Segundo a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar, os potenciais professores não querem trabalhar num lugar que é um fracasso. Afirma que a revalorização da profissão é um dos pontos básicos do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado em 2007.
Realmente, o cotidiano de um professor lhe exige uma dedicação ímpar, o que implicaria que ele tivesse bem mais condições para exercer sua imprescindível atividade. Infelizmente, a educação é a primeira a ser lembrada nos discursos eleitorais e a primeira a ser esquecida após as eleições. Não é demais lembrar que só com mais investimentos em educação o país terá um futuro mais digno para seu povo.Editorial do Correio do Povo (para assinantes), de 21 de outubro de 2007.
Marcadores: direito à educação, educação, professores
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