Voltando à polêmica: O Código da Vinci, desta vez, o livro
Voltando à polêmica: O Código da Vinci, desta vez, o livro
Já estive escrevendo sobre “O Código da Vinci”. Na época o texto foi baseado sobre o filme, com os atores Tom Hanks e Audrey Tautou. Pelo que me lembro, eu estava bastante azedo a respeito da história.
Pois agora, nas férias, peguei o livro para ler, numa edição ricamente ilustrada e papel de alta gramatura, com capa dura. Ou seja, uma edição de luxo cheia de figurinhas.
Pois bem, como diria um ontologista, “uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa”. Ou ainda, como talvez dissesse Humberto Eco quando perguntado sobre a adaptação de livro O Nome da Rosa para o cinema, “um filme é uma obra diferente de um livro”. Assim não dá para fazer comparações diretas.
A despeito disso, considerei o livro bem superior ao filme. Normalmente considero os livros superiores às suas adaptações cinematográficas, mas procuro pensar que os produtores de filmes dependendo de cada obra, têm bem menos recursos para recriar o universo imaginado pelo escritor.
Não é o caso aqui. Um roteirista tem a limitação do tempo padronizado de duração de um filme. Algo entre 90 e 120 minutos de duração, embora vez por outra apareça um longa metragem com 180 minutos. Os cerca de cem capítulos do livro abarcam cerca de dois dias dos personagens e da história narrada.
Mas se eu estive azedo quando comentei o filme, devo dizer que estive com a alma muito mais leve ao ler o livro.
O Código da Vinci tem sua estrutura de “best seller”, com uma história que começa com um assassinato, e com perseguições, numa linguagem fluida. O suspense vai crescendo, de maneira que é difícil largar o livro enquanto não se chega ao fim. Eis aí um bom motivo para lê-lo nas férias.
Também dá para entender melhor a ira de algumas pessoas da Igreja Católica. Se no filme as menções eram relativamente sutis, no livro está explícita a citação da Opus Dei como um grupo de radicais que inclusive estão dispostos a matar para sufocar qualquer coisa que venha a ser uma ameaça para a Igreja.
Os motivos para o meu azedume de outrora estão lá, inclusive melhor explicados, melhor desenvolvidos. Mentiras deslavadas sobre o Império Romano no tempo de Constantino, sobre os relacionamento entre cristãos e pagãos. Mentiras sobre a formação do Novo Testamento e os evangelhos apócrifos. Mentiras sobre os resultados do Concílio de Niceia (325 A.D.). Mentiras sobre a perseguição do Papa aos Templários. Mas sabe de uma coisa? Parece que para mim, agora, valeu o que me disse um colega quando reclamei do filme, “É uma obra de ficção”. Então, por que se preocupar se o autor mente sobre a História? Ele só quer “prender” seus leitores.
E, por fim, dá para dizer que o livro ajuda a compreender certas coisas sobre o filme, as quais, apenas assistindo o filme não ficam muito claras.
E não se preocupe muito com a Igreja Católica sufocando “o sagrado feminino”. A prominência feminina, ou a sociedade matriarcal, se é que de fato existiu (pode-se inferir sua possível existência via registro arqueológico, mas não se comprovar a partir de testemunhos escritos), foi substituída pelo patriarcado desde os gregos pré-cristãos até sociedades tão longínquas quanto a China.
Diversão e distração garantidas.
Observação: este texto foi manuscrito em 22/02/2008.
Marcadores: Código da Vinci, Dan Brown, jar, livro
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