quinta-feira, dezembro 03, 2009

Peças históricas confirmam povoamento antes da fundação de São Vicente

Peças históricas confirmam povoamento antes da fundação de São Vicente

Prefeitura e arqueólogos encontraram objetos que datam de 1516.
Primeira vila do Brasil foi fundada na cidade em 1532.

Juliana Cardilli Do G1, em São Paulo


A Prefeitura de São Vicente, no Litoral Sul de São Paulo, descobriu por meio de escavações no Centro da cidade construções e objetos arqueológicos datados entre 1516 e 1520, comprovando o povoamento do local antes da fundação oficial da primeira vila do país, em 1532. Os trabalhos começaram em setembro, e foram finalizados no fim de novembro. De acordo com a prefeitura, o sítio será aberto para a visitação do público, dentro da Casa Martim Afonso de Sousa, entre janeiro e fevereiro de 2010.

As escavações foram feitas no entorno de uma parede histórica que já estava parte à mostra no local. A base desta parede estava coberta, e a prefeitura fez um convênio com o Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas para fazer uma limpeza no local e encontrar a base.

“Já sabíamos que a parede era antiga, mas achamos ainda mais coisas. Encontramos um sambaqui, ocupação que data de 3 mil anos atrás, cerâmicas da cultura tupi acima deles e acima destas cerâmicas havia louças, objetos de ferro, vidro e bronze, utilitários usados no processo colonial”, explicou o arqueólogo Manoel Gonzalez, que participou dos trabalhos.

A base da parede e os objetos do período colonial foram datados como sendo de antes da fundação da cidade. O que não é uma novidade para os historiadores. “A história de que havia construções nesse local antes da chegada de Martim Afonso [um dos fundadores da vila] é muito antiga. Aparece em um texto de 1530 de Alonso de Santa Cruz, falando de dez a 12 casas de portugueses e uma construção para se proteger dos ataques dos índios”, explicou o historiador Marcos Braga, da Secretaria de Cultura de São Vicente.

A descoberta, entretanto, comprova pela primeira vez com material concreto essa informação. De acordo com o arqueólogo Gonzáles, a datação dos objetos históricos foi feita por meio de termoluminescência, técnica mais recente que usa raios luminosos para determinar a data do material.

No total, foram retiradas do sítio 883 peças arqueológicas, que serão expostas na Casa Martim Afonso de Sousa. Outros materiais foram deixados como parte do contexto do sítio, que será aberto para a visitação do público no início do próximo ano.

“A gente já sabia que a parte da parede que estava evidenciada não era de uma simples casa, mas de uma edificação maior. Agora, temos a confirmação do que já havia nos textos históricos, a confirmação da importância do local”, afirmou Braga. “Ainda devemos achar mais material no local. Esse é apenas o início do processo.”

Notícia do G1.

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