segunda-feira, novembro 23, 2009

A Casa Monstro na Bienal do Mercosul

A Casa Monstro na Bienal do Mercosul
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Dias atrás o historiador Voltaire Schilling lançou uma espécie de manifesto reclamando de certas obras que acabavam sendo recebidas como presentes pela cidade de Porto Alegre, ao final de edições anteriores da Bienal. Falou, por exemplo de um monumento às cuias exposto no Parque da Harmonia, de um outro em homenagem aos perseguidos pela ditadura militar finda em 1985, no Parque Marinha do Brasil, bem como o monumento em homenagem ao Marechal Castelo Branco erguido no Parque Moinhos de Vento, e de um monumento ao sol poente no final da Avenida Beira-Rio, junto à Avenida Padre Cacique. Schilling reclama que tais monumentos enfeiam a cidade, e são um fardo para os cidadãos.

Mas creio que o que assustou definitivamente Voltaire Schilling foi a manifestação da "Casa Monstro", na edição deste ano da Bienal do Mercosul.

Como é possível conferir na fotografia, a casa monstro é algo nauseante. Estive lá hoje, na terceira quadra da Rua da Praia. E acreditem, a impressão que a casa gera ao vivo é pior do que a da foto. É um pouco chocante.

A Casa Monstro não é uma questão apenas de feiúra, fealdade. Vai um pouco além. A minha racionalização é que o que me causou asco a tal edificação está relacionado à boa caracterização de coisas semelhantes a tumores se expandindo pelas aberturas da casa. A casa nos remete à doença, e isso nos deixa doentes. No meu caso, algo enojado. Na questão humana, a casa nos lembra da nossa fragilidade.

O que nos remete ao autor, e à felicidade que ele teve na produção da sua, digamos, instalação artística. A Casa Monstro nos remete para a doença que acomete nossas aglomerações urbanas, com suas exclusões, sua violência, sua... doença.

Mas acho que o Voltaire Schilling pode ficar tranquilo. Se não me engano, o autor da instalação afirmou que ela será desmanchada no final desta edição da Bienal do Mercosul.

A Bienal do Mercosul termina no próximo domingo, dia 29 de novembro.

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3 Comments:

Blogger Jens said...

Ainda não vi, mas pela tua manifestação percebo que trata-se de uma obra chocante. No mínimo merece uma olhada de perto. Vou conferir.

Um abraço.

12:41 AM  
Blogger Leandro said...

Ridículo criticar as obras que Porto Alegre ganhou nas edições da Bienal... Arte espalhadas pelas ruas de Porto Alegre embelezam e enriquecem culturalmente nossa cidade que é um centro cultural... Se a casa monstro provoca repulsa, acho que é isso que o artista queria... Protesto? melhor ainda... Arte não deve ser bonita, deve ter conteúdo. Acho uma lástima desmontarem no fim da Bienal.

9:52 PM  
Anonymous Paulo Henrique Pacheco II (orkut) said...

Definitivamente, ridículo é não opinar, ficar no silêncio obscuro. O Professor Schilling tem, sim, alguma razão. Arte é interferência na cultura. E quando interfere no cotidiano de um lugar é muito bem vinda mas, se por determinado tempo, ocasional. Depois, desmonta-se e a vida segue. Porém, deixar indefinidamente modificando a paisagem torna-se um "extorvo" visual. Lembram do tronco de árvore instalado no acesso à Casa de Cultura Mário Quintana? Éra para ser momentâneo, apenas durante a exposição a que se destinava. Ficou anos a fio, alí no meio do caminho. Vale lembrar que, os custos de transportes e mão de obra de instalação, são exatamente os mesmos para trazer e instalar e, desmontar e levar de volta ao local de origem. Portanto, que se pense nesses custos, antes de se aventurar. E os organizadores, que tratem de obrigar os artistas a recuperar o espaço após a exposição. Que, essa sim, é por tempo determinado. Ou, deveria ser.

3:33 PM  

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