Seria isto racismo?
Seria isto racismo?
Visito a agência de um banco brasileiro aqui na Rua Sete de Setembro. A rua Sete de Setembro é cheia de bancos. Neste caso é o banco familiar brasileiro.
Digo familiar porque o controle acionário pertence a uma família. Há uns 20 anos atrás havia mais bancos familiares brasileiros: o Auxiliar, por exemplo, pertencia a uma família mas foi liquidado extra-judicialmente nos anos 1980, ainda no governo Figueiredo. Tivemos o Mercantil de São Paulo, que acho que foi vendido ao Bradesco. O Banco Real foi vendido ao holandês ABN, e daí passou para o espanhol Santander. O Bamerindus foi comprado pelo britânico HSBC. Aqui no Rio Grande do Sul já tivemos Sul Brasileiro, Habitasul, Maisonnave, Banco de Crédito Real do Rio Grande do Sul. Todos sumiram, liquidados como o Sul Brasileiro, ou comprados como o Crédito Real. Assim, eu acho que bancos pertencentes a famílias só ficaram o Safra, o Itaú e o Unibanco. E estes dois últimos estão se fundindo. Ou o Itaú adquiriu o controle do Unibanco, o que dá quase no mesmo no final das contas.
Mas voltemos ao início do texto. Eu dizia que visitava uma agência de um destes bancos na rua Sete de Setembro, aqui em Porto Alegre. A rua Sete de Setembro é cheia de bancos.
Enquanto aguardo para ser atendido dou uma olhada ao redor, contei uns oito ou nove funcionários, entre gerentes e auxiliares de gerência e caixas. Todos brancos.
Está certo que Porto Alegre não é a cidade brasileira com o maior percentual da população com a tez escura, mas fiquei me perguntando porquê não haveria entre os funcionários de frente do atendimento da agência ao menos um funcionário negro ou mulato. O sistema de seleção para contratações não conseguiu achar uma pessoa educada o suficiente para trabalhar ali? Ou será que tal sistema de seleção, mesmo que de forma algo inconsciente, descarta candidatos pela cor da pele?
Talvez o banco assuma que os clientes sejam em sua maioria de cútis clara e não gostariam de ser atendidos por pessoas de cútis escura? Sei lá!
Ou talvez eu seja muito paranóico!
Certo é que Ali Kamel, funcionário das Organizações Globo, se deu ao trabalho de escrever um livro para demonstrar que nós, brasileiros, não somos racistas.
Marcadores: Brasil, Dia da Consciência Negra, jar, racismo
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