sábado, maio 09, 2009

O Santo Padre Bento XVI vai à Terra Santa

O Santo Padre Bento XVI vai à Terra Santa


Ao acessar a Internet hoje pela manhã vi manchetes sobre uma viagem do Papa Bento XVI à Terra Santa. Segundo o jornal eletrônico Último Segundo, o Santo Padre inicia sua viagem pela Jordânia, onde ficará quatro dias, e depois passará pelos territórios palestinos ocupados na Cisjordânia, indo ás cidades de Belém, Nazaré e Jerusalém, fundamentais para a tradição cristã, e passará também pelo território do Estado de Israel.


Me parece que como todo cristão devoto, o Papa Bento XVI num caso como este, se torna um simples peregrino. Um discípulo andando pelos locais descrito pela Sagrada Escritura Cristã. O jornal diz que ele passará pelo monte Nebo, de onde, segundo a tradição, Moisés viu a Terra Prometida, mas sabia que não poderia alcançá-la, porque Deus não o permitiria. A notícia informa que quando a visibilidade é boa, é possível avistar Jerusalém a partir do monte. Também visitará a margem oriental do rio Jordão, onde foram encontradas ruínas de pias batismais romanas do século IV. O Papa anterior, João Paulo II, esteve ali no início desta década, e, tendo em vista estas ruínas, então recém descobertas, inferiu, e estabeleceu, que a margem oriental deveria ter sido também o local onde Jesus teria sido batizado por João Batista.


O Papa Bento XVI pelo seu passado de teólogo apologista da doutrina católica, ex-chefe da Congregação para Doutrina da Fé, que muitos gostam de lembrar que é a sucessora da Inquisição, e pelas suas posições como Papa mesmo, que mais se assemelham a de um teólogo apologista da doutrina que às posições de um pastor de almas, como acontecia com o Papa João Paulo II, tendo a não ser tão benquisto. O semblante de Bento XVI é mais, digamos assim, carregado, e menos simpático que o de João Paulo II. Mas me parece que as posições teológicas são semelhantes. Sendo assim, um teólogo conservador, sem a simpatia do Papa anterior, Bento XVI tem mais dificuldades em cativar as pessoas. Mas eu vejo o atual Papa com simpatia. Muito mais simpatia que antipatia.


A notícia do Último Segundo informa ainda que a Jordânia possui uma minoria de cerca de 6% de cristãos, a maioria destes dividida entre católicos romanos e ortodoxos gregos. O s muçulmanos são os outros 94%, 92% deles sunitas e 2% xiitas. E um cristão devoto, e peregrino por aquelas terras, deve lembrar o passado com saudades. Antes do surgimento do islamismo e sua expansão a partir do século VII, a maioria da população onde hoje fica a Jordânia deveria ser cristã, pelo menos nominalmente. Curiosamente o texto comenta que o Papa sai de uma Europa que está se tornando cada vez mais descrente, para uma terra onde a crença ainda é vital. E diz esta notícia que isso aproximaria mais o Papa dos cidadãos jordanianos do que talvez ele estivesse dos europeus descrentes. Não tenho certeza se isto é verdadeiro, ou apenas para preencher colunas de texto, ou talvez ainda, para agradar os muçulmanos da Jordânia, dos Territórios Ocupados e de Israel (sim, há muçulmanos em Israel; são minoria mas estão lá).


Por fim, o texto fala ainda do contexto político da visita do atual Papa, comparando-o com o contexto da visita de João Paulo II. Os tempos são mais complicados agora. João Paulo II, pôde falar de uma solução de dois estados para judeus e palestinos. O atual governo israelense não quer falar em dois estados (o que me leva para aquela questão que se não querem dois estados, precisam dar direitos de cidadãos aos palestinos, mas aí Israel deveria também deixar de seu um estado de caráter judeu, caráter judeu este que os atuais e anteriores governos de Israel sempre fazem questão de enfatizar). Além disso a liderança palestina está dividida com o Fatah governando a Cisjordânia, e o Hamas governando a Faixa de Gaza. Definitivamente um contexto político mais complicado aguarda Bento XVI.


Veremos o que nos dirão os próximos dias sobre a visita de Bento XVI à Terra Santa.


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