“Morreu o Seu Alfredo”
“Morreu o Seu Alfredo”
Assim começou o meu dia nesta quarta-feira. Juntamente com a troca de cumprimentos de bom dia, recebi de minha vizinha a notícia do falecimento de importante membro da igreja que eu costumava freqüentar.
Engoli em seco a notícia, e desci a rua em direção à condução que me levaria ao trabalho. E logo a tristeza tomou conta, e lágrimas desceram pelo meu rosto.
Seu Alfredo morreu. Ainda que eu estivesse algo afastado da freqüência regular aos cultos da igreja, não pude deixar de pensar que nunca mais poderia compartilhar momentos com ele que me foram bastante prazerosos. Orar juntos. Estar juntos numa classe de escola dominical. Uma classe de escola dominical é um momento em membros de igrejas protestantes se reúnem para estudar juntos a Bíblia. Nesta igreja é às 9 h 15 min de cada domingo. Antes da realização do culto, que ocorre às 10 h 30 min.
Boas lembranças tenho do Seu Alfredo. Por exemplo, sua simpatia. Era muito mais comum vê-lo sorrindo, que vê-lo amuado. Normalmente tinha palavras de incentivo a dar. Nas tais classes da escola dominical de que falei acima, ele tinha palavras interessantes, relevantes. Uma vez me repreendeu quando eu utilizava palavras por demais etéreas para falar do livro do Apocalipse. Desde que uma vez alguém me falou que toda a riqueza lingüística utilizada pelo narrador para falar da Nova Jerusalém no último livro da Bíblia era incapaz de mostrar como a tal cidade em que Deus faria morada com os homens seria de fato, e eu acreditei nisso, ficou difícil falar no mundo do porvir. O texto do Apocalipse é assim: “e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu./ E tinha a glória de Deus;/ e a sua luz era semelhante a uma pedra / preciosíssima, / como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente. (…) / E a cidade de ouro puro, / semelhante a vidro puro.” . Está no capitulo 21 do livro de Apocalipse. Para seu Alfredo o porvir era a esperança da ressurreição, como na carta de Paulo aos Coríntios. Como Jesus ressuscitou, os que crêem nele também haveriam de ressuscitar. E dessa ressurreição resultariam rencontros. Rencontros com os entes queridos que se foram antes de nós. E naquele momento, Seu Alfredo lembrou o pai dele. O porvir haveria de ser a ressurreição da carne e a alegria dos rencontros. Não à toa, me emociono enquanto escrevo isso. Seu Alfredo morreu crendo na ressurreição.
Nos nossos poucos momentos de convivência me lembro de passagens narradas de sua vida. A convicção de sua crença em Jesus, as iniciativas de testemunhar sobre isso. As atividades como pregador leigo, como diácono de igrejas. Uma pessoa que procurou, dentro de seu entendimento, viver como “luz do mundo” tal como Jesus diz no Sermão do Monte.
Pois é. Morreu o Seu Alfredo. Já não mais poderei orar com ele. Segundo me contaram estava com 93 anos. A vida neste mundo é curta!...
10/03/2010.
Marcadores: falecimento, jar, memória
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