sexta-feira, fevereiro 27, 2009

O caos informativo em perspectiva

O caos informativo em perspectiva

Carlos Castilhos

A questão do caos informativo mereceu comentários de vários leitores do post anterior. Como se trata de um tema complexo vale a pena aprofundar a troca de idéias, porque ele já está afetando a nossa forma de perceber o noticiário da imprensa, como mostrou o caso Paula.

A palavra caos ganhou uma conotação negativa ao longo dos últimos anos ao ser associada a confusão, desorientação e desordem num contexto onde a ordem e a disciplina eram conceitos acima de qualquer dúvida.


Mas no ambiente atual, marcado pela transição da era analógica para a digital (não apenas na TV), a expressão está associada cada vez mais à idéia de complexidade e ausência de consenso. É justamente esta percepção que um número crescente de consumidores de informações começa a ter ao ler o noticiário sobre a crise econômica, por exemplo.


A cada dia surgem versões novas e geralmente contraditórias. Notícias otimistas se alternam com as pessimistas. O que parecia certo num momento deixa de sê-lo no seguinte, devido ao surgimento de um dado mais recente. Este fenômeno não é novo. O inédito é a sua intensidade e complexidade. Daí a nossa sensação de perplexidade e desorientação.


Tudo isto acontece porque a internet e a digitalização eletrônica geraram uma avalancha de informações depois que ficou muito fácil e barato publicar dados, notícias e fatos na Web. Os dados desta avalancha impressionam:


a) Estima-se que, só em 2008, foram publicados na Web documentos que dariam para encher 70 mil novas Bibliotecas do Congresso norte-americano, a maior do mundo, com um acervo (em 2002) de 17 milhões de livros;

b) Outra estimativa, garante que no ano passado, o total de documentos novos digitalizados na Web dividido pelos 6,76 bilhões de habitantes do planeta (em março de 2009) daria para cada ser humano uma pilha de livros de 32 metros de altura (um edifício de nove andares)[1]


Estes números impactam não apenas pelo seu significado atual mas principalmente porque eles tendem a crescer, na medida em que a internet está em ampliação contínua. Com base nisso fica fácil perceber que a complexidade informativa tende também a aumentar.


A base deste aumento de complexidade está num raciocínio matemático simples: quanto mais pessoas ingressarem na rede produzindo informações, mais complexa ela se torna. Uma rede de cinco pessoas tem 10 conexões informativas possíveis. Uma rede de 10 pessoas, passa a ter 45 conexões. E se o conjunto subir para 15 membros, eles passam a ter 105 conexões possíveis, como vocês podem ver no gráfico.[2]

A complexidade da rede aumenta de forma muito mais rápida que o número de participantes. Se levarmos em conta que estas conexões são basicamente informações sendo passadas de uma pessoa para outra, dá para ter uma idéia aproximada do que é este tal de caos informativo, já que cada pessoa tem uma percepção diferente porque sua forma de captar a realidade depende de fatores como perfil psicológico, experiência de vida, estado emocional no momento da ação, interesses em jogo, grau de educação etc.


O gráfico com 15 pessoas em rede já é complexo. Imagine-se se formos tentar desenhar um com quase um bilhão de internautas, o número aproximado de pessoas com acesso à internet em todo mundo, hoje. Neste contexto, a palavra caos ganha outra percepção. Não se trata mais de desordem, mas de uma situação complexa diante da qual não adianta fechar os olhos e tentar esquecê-la. É o nosso desafio atual tentar descobrir como conviver com ela.


[1] Estimativas calculadas com base nos dados publicados em 2003, pelo estudo How Much Information, da Escola de Sistemas e Gerência da Informação, da Universidade da Califórnia (Berkeley).

[2] Imagem reproduzida do livro Here Comes Everybody, de Clay Shirky, página 27 .


Texto original do Observatório da Imprensa.

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terça-feira, maio 06, 2008

Vencido pela Internet

Quem conhece a Internet, “A Grande Rede”, sabe que ela é um manancial infinito de informações de todo tipo, inclusive aquelas que talvez não devessem estar tão acessíveis (como a técnica para produzir bombas, por exemplo). Tudo está lá, informação em escala astronômica, muito além da dimensão humana.

Apesar disso, eu costumava achar que eu tinha uma boa relação com A Rede, procurando os assuntos que me interessavam e acessando-os mais ou menos regularmente.

Nos últimos anos, tem-se falado numa “Web 2.0”, que seria a introdução de uma série de ferramentas para que os seres humanos pudessem interagir mais com A Rede. Algumas dessas ferramentas seriam as redes sociais, da qual a mais famosa e utilizada no Brasil é o Orkut, mas também o MySpace, ou o Facebook. Outra seriam os saites para compartilhamento de vídeo como o You Tube, ou o Daily Motion. Haveria ainda os saites para compartilhamento de fotografias, como o Flickr. E talvez, a ferramente primordial, o blog, ou blogue aportuguesado, que vem de “weblog”, ou seja, registro na Internet, que começou a se popularizar como diário de adolescentes de qualquer idade nA Rede, mas que logo foi adaptado para publicação de todo tipo de conteúdo, inclusive este “meta-conteúdo” que você está lendo aqui.

Para acompanhar a produção de tanta gente publicando tantos conteúdos diferentes, surgiram os “feeds” e o “rss”, mecanismos para que o leitor interessado possa acompanhar quando alguém publicou conteúdo novo em um blogue, ou resolveu compartilhar uma nova foto nA Rede. Estes feeds / rss's são acompanhados por softwares especializados que informam quando um novo conteúdo está disponível. Eu, por exemplo, utilizo o Google Reader, disponibilizado pelo Google, que me permite ler meus “feeds” em qualquer computador ligado à Internet.

Eu devo assinar o conteúdo de uns 50 blogs. Apenas isso me tornou um homem vencido pela Internet. Já não consigo acompanhar a publicação dos blogs que assino, nem consigo ver muitos dos imeils que chegam à minha caixa postal eletrônica. A avalanche de informações que eu mesmo tentei me impor para acompanhar me soterrou.


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sábado, maio 26, 2007

Em Questão...

Recebi pelo correio eletrônico, um linque que está reproduzido abaixo. Que devo pensar?

Blogueiros arriscam emprego, diz estudo, Felipe Zmoginski, do Plantão INFO - SÃO PAULO - Uma pesquisa da inglesa YouGov aponta que escrever blogs freqüentemente oferece riscos para os trabalhadores. [...]

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segunda-feira, maio 21, 2007

Relacionamentos em Tempos de Internet

A Internet tem umas coisas estranhas.
Eu não tenho certeza como cheguei ao blog "La Vieja Bruja" ou "Boa Noite pro Porco", do Marcelo Duarte. Acho que foi via alguma pesquisa no Google. E sempre achei os textos dele extremamente perspicazes. Assim fiquei um tanto quanto triste quando ele decidiu parar de escrever e fez uma despedida mais ou menos formal em 22 de março passado.
Na semana passada, a Regina Ramão resolveu também parar com o blog dela, o Brisa do Sul. Mais uma pessoa que parou. E curiosamente quando ela mais incrementava o blog. Recentemente ela havia começado com "podcasts", no que foi a "Rádio Brisa do Sul". Também parou. Mais uma perda...
E agora, a Mary, cujo nome nem sei se é este mesmo, perdeu o pai. E eu fiquei chateado com isso. Sei quase nada sobre a Mary, a não ser o que ela revela pelo blog dela, A Feminista. Já brinquei que ler aquele blog é como assistir um BBB, só que com mais conteúdo. O blog dela não parou. Mas que é um choque ler sobre a morte do pai do blogueiro, isto é. Mary escreve de algum lugar do interior do estado de São Paulo, é professora de uma universidade privada. E agora é órfã de pai.
São os tempos de nossa vida na Rede.

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quarta-feira, maio 16, 2007

Rebelde de Mercado

"(...) Noutro registro, a jogada para a torcida acontece em O Candidato, um rock 'politizado' de discurso genérico contra a classe política, feito sob medida para o consumo da classe média 'informada' e 'politizada'. (...)"



Pedro Alexandre Sanches, na revista CartaCapital da semana passada (09/05/2007), edição 443, comentando sobre rebeldia, integridade e marketing no novo disco do Ira!



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quinta-feira, fevereiro 22, 2007

As Máquinas Somos Nós

É um videozinho que achei ótimo, do blog Animot (http://animot.blogspot.com/2007/02/as-mquinas-somos-ns.html ) .

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Por Que a TV por Assinatura é Cara??

É o que eu sempre me pergunto. Pessoalmente eu demorei muito para aderir, e relutava em assinar um plano, pois achava o preço um contra-senso. Acabei assinando alguns meses atrás devido às despesas que estava tendo com acesso dsl, o que acabou quase equivalendo ao preço da assinatura da TV mais conexão à Internet.
Mas por que o plano mais básico de TV por assinatura é de cerca de 65 reais por mês? Um palpite pode ser que não interesse à operadora uma ampla popularização da TV por assinatura, afinal, assim, a maioria da população fica restrita aos canais da TV "aberta", onde uma emissora tem total hegemonia, sendo que muitos chamam esta hegemonia de monopólio. E com esta hegemonia, esta emissora fica com um grande poder político, tanto assim que eu não conheço político que queira se indispor abertamente com esta emissora (provavelmente a única exceção a esta regra foi Leonel Brizola). E esta emissora hegemônica é a principal operadora de TV por assinatura no Brasil.
E agora, com a futura digitalização das emissões televisivas, o Governo Federal já sinalizou que deverá manter as coisas como estão atualmente, com os atuais radio-difusores mantendo o poder que têm no momento com a nova tecnologia.
Será que o palpite deste blog é correto?

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Do Observatório da Imprensa: Está na Hora de Criar o Bolsa TV

Edição 417 de 22/1/2007
www.observatoriodaimprensa.com.br
URL do artigo: www.observatoriodaimprensa.com.br


CARTA ABERTA

Está na hora de criar o Bolsa TV

Wagner Bezerra

Em tempos dos tão bem-vindos Bolsa Família, Vale-gás, Cheque-cidadão, Restaurante-popular e tantas outras políticas redistributivas e compensatórias implementadas pelo governo federal, além dos estaduais e municipais, quero dar a minha singela contribuição para melhorar a vida do povo, combatendo diretamente uma das mazelas que afetam a vida de todos nós: o lixo televisivo. O propósito é auxiliar o esforço governamental para ampliar a chamada rede de proteção social e incluir no seleto público das TVs por assinatura o contingente de muito mais de cem milhões de pessoas que, entra ano sai ano, permanece alijado e distante de uma programação de TV diversificada e de qualidade.

A sugestão é criar o Bolsa TV, ou o Cheque TV a Cabo, ou quem sabe o Vale TV de Qualidade, ou ainda o Pró-Espectador, visando amparar mais 90% dos telespectadores que sobrevivem acorrentados pela TV aberta, condenados a conviver, principalmente nos finais de semana, com inomináveis programas e apresentadores que, acintosamente, perpetuam-se "no ar". Isto sem citar os pastores pidões e os filmes, na sua grande maioria, de qualidade duvidosa e que não se deixam ausentar nos domingos cada vez maiores.

Entretenimento de qualidade gratuito

Creio que chegou o momento de olharmos por esta gente excluída da possibilidade de usufruir a programação variada que, salvo cada vez mais raras exceções, é oferecida somente pela TV por assinatura. Famílias que nunca provaram do seleto cardápio de programas de receitas do Canal GNT; jamais sacudiram os esqueletos assistindo ao TVZ do Canal Multishow; nem escolheram o filme predileto nas tardes de domingo dentre as sempre quase e boas opções das redes Telecine, TNT e Universal, sem contar os oferecidos pelos HBO, ou ainda os pay-per-view. Excluídos que sequer cogitaram mergulhar pelos brasis afora adentrando novos caminhos descortinados nos documentários da rede STV, nem tampouco se atualizaram sobre a língua no Programa de Palavra.

Vamos, senhor presidente, resgatar os/as chefes de família que ainda não temperaram suas opiniões políticas após sorver as brilhantes entrevistas do William Waack com pensadores e cientistas de todos os matizes no Globo News Painel, da Globosat. Nem brindaram à cultura assistindo os saraus conduzidos pelo Chico Pinheiro com os baluartes da música brasileira.

Esta idéia me ocorreu assistindo o programa Você é o que você come, exibido pelo Canal GNT, o qual aborda a questão da nutrição de forma didática e com uma boa pitada de humor. Pensei no quanto avançaremos em direção à prática da tão pouco exercida cidadania no dia em que todos tiverem acesso à informação e entretenimento de qualidade gratuitamente na TV. Neste caso, quando assistia ao referido programa, pude refletir sobre recente pesquisa do IBGE que constatou que grande parte da população brasileira sofre de obesidade principalmente pela ausência de uma educação alimentar adequada e vítima da desinformação.

Pluralidade e diversidade

Este estado de coisas me faz pensar sobre o quanto são penalizadas as famílias que não pertencem às classes sociais favorecidas, que não têm acesso a bens culturais e de informação tão valiosos, especialmente se comparadas àquelas, mais abastadas, onde a TV por assinatura se tornou artigo de primeira necessidade.

Proponho ainda que, neste período de férias, por alguns instantes deixe de lado vossos relevantes afazeres, num dia qualquer da semana, e preste atenção nas crianças que fazem parte do seu círculo de relações, no momento exato em que estiverem assistindo TV. Neste caso, descartemos qualquer juízo de valor quanto ao conteúdo do programa a que estiverem assistindo, em si. Peço apenas que tente perceber o grau de concentração e a expressão do semblante de cada uma delas e o tempo que elas permanecem imóveis, sem desgrudar os olhos do aparelho, apreendendo e aprendendo tudo o que é oferecido pela telinha.

Quando será que as populações interioranas, ribeirinhas, dos sertões, do norte, nordeste, centro-oeste e todas as demais famílias de baixa renda conhecerão e consumirão, nas tardes de domingo, com direito a escolher o que assistir na pluralidade e diversidade contidas nas opções de educação, informação, formação e entretenimento oferecidos pelos canais infantis disponíveis pelas TV por assinatura? Dentre eles, o Canal Futura, TV Ra-Tim-bum, Canais Disney, Discovery Kids, Cartoon Network, Nickelodeon, Jetix, Bumerang, Cultura e TVE (estes, disponíveis na TV aberta) e tantos outros disponíveis apenas para poucos? Seria justo manter a imensa maioria das crianças do Brasil condenada a assistir tão-somente à decaída programação da TV aberta?

Aceitemos ou não, TV é educação

Decerto que não pretendo menosprezar a importância e dimensão social do programa Bolsa Família ao fazer esta analogia com as idéias aqui ventiladas, nem afirmar que a implantação de um Bolsa TV será a solução para demandas recorrentes, como a inclusão da educomunicação, ou educação para os meios, nos currículos escolares da educação infantil pública. Ou ainda, o avanço do marco regulatório brasileiro no setor das telecomunicações, no que tange à regulamentação do conteúdo da programação, tampouco tornar efetivo, num passe de mágica, o Conselho de Comunicação Social na defesa dos interesses públicos contra os abusos das emissoras.

A desejável efetivação do Bolsa TV também não poderá, de uma hora para outra, fazer sentar à mesa de negociações os programadores, concessionários, autores de conteúdo, roteiristas e diretores para, juntos, trabalharem na construção de um novo paradigma comum a todas as emissoras que atenda tanto aos interesses comerciais das emissoras e patrocinadores quanto ao caráter educativo da programação televisiva. Uma ação que, sem sombra de dúvida, poderá ajudar o Brasil a superar o analfabetismo e se equiparar aos países em desenvolvimento, na questão da educação de qualidade.

No entanto, que possuir um Vale TV de Qualidade, numa tarde de domingo, ajudaria muito, isso ajudaria. Não é mais aceitável dizer que o povo é quem quer e gosta de ver e consumir lixo na TV. Logo, a TV não pode ser lugar de lixo. Antes de tudo, como indica a Constituição, a TV é um lugar narrativo predisposto à educação e aos educadores. Aceitemos ou não, TV é 100% educação.

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