Atualização de Comentários
Marcadores: blog, comentário
26/10/2005. Meu filho insiste para que eu ponha as dezenas de fotos que tiro de Porto Alegre, em um blog. Também achei que tinha que escrever algo de vez em quando, como muita gente já faz. Então, aqui estou.
Marcadores: blog, comentário
Marcadores: Igreja Católica Caldéia, Iraque
Ken Henry, que é a maior autoridade do Tesouro australiano e um ferrenho ambientalista, alertou que os vombates - marsupiais herbívores australianos - estão "no corredor da morte".
A decisão foi criticada por políticos da oposição e pela imprensa, já que aAustrália atravessa um momento de instabilidade econômica.
A inflação está no ponto mais alto dos últimos 16 anos, as taxas de juros também estão levadas e o preço dos combustíveis está crescendo.
Durante seu afastamento, Henry cuidará de 115 vombates em um local isolado no Estado de Queensland, no norte da Austrália. O local fica fora da área de cobertura de telefones celulares e só pode ser acessado a pé, em uma caminhada de duas horas e meia.
"Há 10 vezes mais pandas gigantes no mundo do que estes bichos", disse Henry ao tablóide australiano Daily Telegraph.A folga de Henry vai acontecer durante o recesso de inverno do governo, mas ele perderá uma reunião do Banco Central.
A decisão provocou críticas de vários segmentos."Dada a oportunidade, a maioria de nós adoraria tirar várias semanas de licença do trabalho para brincar com vombates no ambiente natural deles. Mas a maioria de nós não é secretário do Tesouro", disse um editorial do Daily Telegraph.
"Eu acho que todos nós amamos os vombates", disse o político da oposição Brendan Nelson.Mas ele se disse preocupado com o fato de Henry ficar incomunicável enquanto a Austrália "está passando por um dos períodos econômicos mais desafiadores que vimos na história recente".
Os colegas de Henry no governo saíram em defesa do secretário."É apropriado que ele tire uma licença agora e volte recarregado", disse Wayne Swan, que trabalha na secretaria do Tesouro.
Texto do G1. Mas é muito meigo, não? Abaixo, uma foto d
o vombate encontrada no fotoblogue Vida Animal.
RIO DE JANEIRO - Ainda não me dei ao respeito de ler a biografia do Paulo Coelho escrita pelo sempre competente Fernando Morais. Amigos que a leram me informam, alarmados, que o mago, em início de carreira, plagiou uma crônica minha para se habilitar ao emprego num jornal do Nordeste. Nada tenho contra. Lamento apenas a falta de gosto ou de informação do Paulo. Bem que poderia ter escolhido autor mais importante.
Sou amigo dos dois, do biógrafo e do biografado. Lerei o livro com a unção que eles merecem. Quanto ao plágio, se verdadeiro for, é um acidente de percurso na carreira dele e na minha. Nada grave que dê para me chatear.
Chato mesmo é ler na internet textos meus assinados por outros. E, pior ainda, é ler textos de outros assinados por mim. Tive há tempos uma experiência que me chateou. Estava em Paris, cobrindo a Copa do Mundo de 98, quando soube que um colunista aqui do Rio assinara duas crônicas minhas como suas. Descoberto o plágio, não por mim, mas pela Folha, o jornalista foi demitido do "JB", certamente por um motivo justo: deveria ter escolhido um autor mais ilustre para copiar.
Mesmo assim -como disse- fiquei chateado por causa da demissão do colega. Quando tomei conhecimento do fato, a nossa seleção enfrentava um compromisso fora de Paris, acho que em Nantes ou em Marselha. Eu estava sem condições de interferir junto à direção do "JB" no sentido de impedir a dispensa do seu profissional.
Lembro agora que o Fernando Morais me telefonou, há tempos, perguntando se sabia do plágio do Paulo Coelho. Lógico que não sabia. E, mesmo se soubesse, dava-lhe a minha bênção e aprovação. Gosto dele, é um gentleman, o sucesso internacional não o modificou, é um garoto que muito sofreu e ainda acredita no maravilhoso.
Texto de Carlos Heitor Cony, na Folha de São Paulo, de 19 de junho de 2008.
Marcadores: Carlos Heitor Cony, plágio
Marcadores: Amy Winehouse
O banheiro branco de Henry Kissinger é o modelo de muita decoração de interiores
NADA DE sopranos enlouquecidas que se atiram de uma torre, nem de barrigudos com fantasia de cavaleiro andante. Muito menos aquelas frágeis tuberculosas emitindo dós agudos a plenos pulmões.
O mundo da ópera teve um choque em 1987, quando o compositor John Adams estreou "Nixon na China": cantando no palco, em meio a fanfarras e insistências, estavam o presidente dos Estados Unidos, sua mulher, Patty, Henry Kissinger, Zhou Enlai, Mao Tse-tung e a terrível Madame Mao.
Logo no começo, Nixon desce do avião e é cumprimentado por Zhou Enlai. A cantoria assinala obsessivamente o vazio protocolar. "Fez boa viagem?", indaga o primeiro-ministro chinês. "Sim, sim, foi boa, foi boa, boa, boa, a viagem, sim, foi boa e agradável", matraqueia Nixon.
Depois de uma cena dramática, o secretário de Estado Henry Kissinger se ergue solenemente. "Onde, onde, por favooor, é o banheiro, o baaanheeeiro?" Zhou Enlai responde, na mesma toada: "No fundo do corredooor...".
John Adams seguia a estética minimalista, sem ser tão radical quanto Phillip Glass e Steve Reich. É aquela coisa que, pelo menos desde a trilha sonora de "Koyaanisqatsi", todo mundo já ouviu alguma vez. Dó-mi-sol, dó-mi-sol, dó-mi-sol, dó-mi-sol-sol, sol-sol-dó etc. etc., com variações quase imperceptíveis, durante 20 ou 30 minutos. Dizem até que, na estréia de uma composição desse tipo, uma senhora, sem suportar mais, subiu até o palco e gritou: "Parem, por favor! Eu confesso!".
O minimalismo foi afrouxando com o tempo, e John Adams faz hoje em dia música muito interessante de ouvir.
Mas eu não imaginava até que ponto o minimalismo era um retrato fiel da realidade. O Departamento de Estado americano divulgou, em fevereiro deste ano, os registros de uma conversa real entre Kissinger e Mao em 1973.
Transcrevo parte do que foi publicado na revista "Harper's" de maio passado.
Mao: "O comércio entre nossos dois países no momento é lastimável. O senhor sabe que a China é um país muito pobre. Não temos muita coisa. O que temos sobrando são mulheres". (risos) Kissinger: "Não existem quotas nem tarifas para elas".
Mao: "Então, se vocês quiserem, podemos dar umas para vocês, umas dezenas de milhares". (risos) Kissinger: "Nosso interesse nas relações com a China não é comercial. Trata-se de estabelecer um relacionamento necessário pelas razões políticas que ambos temos". Mao: "Não entendemos os seus assuntos internos. Muitas coisas da política externa de vocês nós também não entendemos".
Kissinger: "Vocês têm uma maneira mais direta, talvez mais heróica de agir do que nós. Nós usamos às vezes métodos mais complicados por causa da nossa situação doméstica. Mas nos nossos objetivos fundamentais iremos agir com muita decisão e sem cuidados com a opinião pública" (...).
Mao: "Vocês querem mulheres chinesas? Podemos dar 10 milhões para vocês".
Kissinger: "O presidente está melhorando sua oferta". Mao: "Poderemos fazer com que elas inundem o seu país... elas dão à luz crianças, e temos crianças demais".
Kissinger: "É uma proposta tão nova, que teremos de estudá-la". Mao prossegue nessa linha, para desconforto de Kissinger, que no fim entrega os pontos: "Vejo que o senhor está com uma idéia fixa nesse assunto".
Talvez Mao estivesse gagá, ou bêbado. Pode ser também uma astúcia qualquer, para evitar que qualquer coisa relevante fosse discutida na reunião. Quem sabe fosse um desabafo criptografado a respeito de Madame Mao. Não sabemos, mas isto é certo: o diálogo era puro minimalismo.
Era? Fico pensando no que são esses encontros de Davos, essas entrevistas de presidentes e ministros que ouvimos todo dia. Ou nos grandes especialistas do mercado financeiro, que a respeito de qualquer crise -na Argentina ou na Letônia- repetem apenas que "o governo não fez as reformas necessárias", ou que "é preciso fazer a lição de casa".
Vejo que está em cartaz o mesmo "Indiana Jones" de 20 anos atrás. Depois do filme, os que não gostam de McDonald's vão comer sushi. O banheiro branco de Kissinger é o modelo de muita decoração de interiores por aí.
A vida imita a arte, para repetir também uma frase já batida. O minimalismo, hoje, virou arte realista da mais perfeita exatidão.
Texto de Marcelo Coelho, na Folha de São Paulo, de 11 de junho de 2008.
Marcadores: Nixon na China, ópera
Marcadores: clima, frio, Porto Alegre, RS
Ciências humanas, por menos que gostemos disso, também ganham com a matemática
NA HORA de escolher uma faculdade, as pessoas alérgicas a números sempre souberam o que fazer: procurar alguma carreira em ciências humanas. Talvez em filosofia ou letras essa estratégia ainda funcione (desconfio que cada vez menos).
Mas em ciência política ou sociologia, temo que o espaço para as almas antimatemáticas está se fechando de vez.
Acabo de ler "A Cabeça do Eleitor" (ed. Record), do sociólogo Alberto Carlos de Almeida. Ele foi muito criticado, a meu ver injustamente, pelo seu livro anterior: "A Cabeça do Brasileiro".
Ali, traçava-se uma correlação estatística entre baixos níveis de escolaridade e determinadas visões de mundo, como tolerância diante da corrupção política ou apoio à pena de morte. Não havia, a meu ver, motivo para escandalizar-se diante dessas conclusões. Os propósitos de "A Cabeça do Eleitor" são, de qualquer modo, mais modestos. O fato é que a disposição de Alberto Carlos Almeida para a análise estatística impõe novas doses de prudência a todo comentarista político ou "cientista social" à moda antiga.
Uma série de perguntas (nem todas abordadas pelo livro) tem sido objeto de puro palpitômetro. Um governante popular transfere votos a um candidato desconhecido? Pesquisas de opinião pública influem no resultado de uma eleição? Gastos elevados de campanha modificam o quadro eleitoral? O tempo disponível no horário gratuito pode decidir uma vitória?
Colocadas assim, abstratamente, essas questões parecem ingênuas.
Todo observador experiente da vida política dirá que "cada eleição é uma eleição", ou que, como dizia uma velha raposa mineira, Magalhães Pinto, "política é como nuvem, uma hora está de um jeito, depois fica de outro...".
Entram em conflito duas mentalidades incompatíveis: a dos "matemáticos" e a dos "intuitivos". Vou-me convencendo, entretanto, que essas mentalidades não são tão opostas assim.
Na medida em que o país vai acumulando, bem ou mal, certo histórico de estabilidade política, o fato é que os dados de muitas e muitas eleições podem ser analisados com mais precisão.
E uma análise estatística, ao contrário do que pensam os apavorados com o poder da matemática, não é uma bola de cristal. Agrupa regularidades bastante turvas, sabe que exceções podem acontecer, e que o fato de determinados fenômenos se repetirem no passado não é garantia automática de que venham a ocorrer da próxima vez.
Seja como for, alguns dos levantamentos trabalhados em "A Cabeça do Eleitor" levam Alberto Carlos Almeida a formular algumas "leis", que podem não ser tão infalíveis como a lei da gravidade, é claro, e nem tão surpreendentes, mas que seria muito anticientificismo negligenciar.
Uma das primeiras tabelas do livro aponta, ousadamente, a "previsibilidade" de 19 eleições municipais em 2000. Em 17 delas, valeu a regra de que o governante bem avaliado se reelege, ou elege o sucessor, e de que o governante mal avaliado se dá mal.
Nas duas eleições em que isso não ocorreu, a diferença entre primeiro e segundo colocados foi de, no máximo, 0,02% dos votos.
Sobre a influência das pesquisas, faltam levantamentos. Mas o autor mostra um caso sugestivo. Foi numa eleição em Duque de Caxias (RJ).
Mediu-se quanta gente dizia saber de algum resultado de pesquisas; mediu-se depois se o entrevistado sabia os resultados corretos das pesquisas. E, por fim, se o seu voto coincidia com a informação que tinha a respeito de quem ia ganhar. A influência das pesquisas foi desprezível: quem sabia delas tinha mais escolaridade e tendia a votar no candidato tido como perdedor.
Análises desse tipo dizem pouco sobre o caráter do capitalismo tardio ou sobre a alienação no mundo globalizado. Do mesmo modo, pesquisas sobre o comportamento das araras-vermelhas não responderão sobre a essência da vida. Mas devem ser feitas.
Ciências humanas, por menos que gostemos disso, também ganham com o uso da matemática. Certamente, esta funciona mais quando os tempos não são de crise social completa. Tabelas de comportamento eleitoral teriam pouco a explicar sobre a ascensão do nazismo, embora talvez o predissessem. As opções políticas são hoje menos dramáticas; e, se são mais previsíveis, talvez seja porque colocam menos em jogo o nosso destino.
Texto de Marcelo Coelho, na Folha de São Paulo, de 28 de maio de 2008.
Marcadores: combustíveis, Suécia
Marcadores: Arte, Primeira Missa no Brasil, Victor Meirelles
Marcadores: comentário, poeminha, poesia
Marcadores: Dia dos Namorados, Efemérides
Marcadores: falecimento, Jamelão
"Por um tempo o mundo foi plano", escreveu o colunista Roger Cohen no "New York Times", em referência à imagem de globalização usada pelo colega Thomas L. Friedman. "Agora ele está de ponta-cabeça."
O texto, escrito no Rio e um dos "mais populares" ontem no site, usa argumentos como o crescimento global de 2007, em que os emergentes já responderam por dois terços. Ele ouve José Sérgio Gabrielli, da Petrobras, e Roger Agnelli, da Vale, e no geral apresenta o Brasil como símbolo do mundo "invertido".
Ontem mesmo a coluna, que sai também no "International Herald Tribune", ecoava no "Los Angeles Times", na coluna de investimentos, perguntando se já seria tarde demais para entrar no mercado brasileiro.
ARMAS AOS EUA
Na coluna do "NYT", das empresas em geral mencionadas no exterior, faltou a Embraer. Mas ela ocupou ontem o site do "Wall Street Journal" e outros com a notícia de "O Estado de S. Paulo", de que está negociando com os EUA a venda de aviões Super Tucano para uso no Iraque. São os mesmos aviões usados pela Colômbia, aliada americana, no combate às Farc, inclusive a ação recente, no Equador.
E MAIS "BOOM"
Lula prosseguia ontem em escalada retórica, em Roma, na defesa do etanol de cana. E dos EUA vinha algum apoio, em longa reportagem do "Miami Herald" desde Orindiúva, perto de São José do Rio Preto, sob o título "No Brasil, o etanol de cana vive "boom'". O jornal fala em "décadas de pesquisa", "desperdício zero", mas também "trabalho de quebrar as costas" e ""problemas na Amazônia".
Trecho da Coluna Toda Mídia, na Folha de São Paulo, de 3 de junho de 2008. Eu só não fico eufórico e tecendo loas ao Governo Lula, porque, afinal, é cedo para saber se é um incêndio, ou um foguinho de palha.
Marcadores: foto, fotografia, gatinho, gato
Marcadores: mesquinharia, mesquinhez
Aos poucos vamos nos despedindo das pessoas que nos influenciaram na segunda metade do século XX. No final de maio passado quem se despediu desta vida foi o cineasta Sydney Pollack.
Pollack dirigiu e atuou em vários filmes.
Eu lembraria de Tootsie, e Entre Dois Amores. São dois filmes bastante diferentes entre si. Tootsie é uma comédia em que Dustin Hoffmann vive um ator com dificuldades de encontrar trabalho, e apela para o expediente de se travestir, para tentar uma vaga numa série de televisão. E ele consegue! E isto se torna uma história muito divertida!...
Entre Dois Amores é um filme baseado num livro da escritora dinamarquesa Karen Blixen(se não me engano!), romance com memórias, onde uma mulher sai da Escandinávia para se dedicar a plantar café no Quênia, no início do século XX. Ali vive entre as traições do marido, que inclusive a contamina com sífilis, e a sedução de um aventureiro britânico, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. No filme a mulher dinamarquesa foi vivida pela atriz Meryl Streep, seu marido pelo ator Klaus Maria-Brandauer, e o aventureiro britânico por Robert Redford. A história por si é sedutora, e a fotografia do filme é sublime.
Sydney Pollack: 1934 - 2008.
Marcadores: Sydney Pollack
Marcadores: arenização
Marcadores: arenização, Pampa, região da Campanha