sábado, outubro 31, 2009

Seminário: Semana da Consciência Negra - 3 a 5 de novembro de 2009

quinta-feira, outubro 29, 2009

This Is It: o sorriso do adeus de Michael Jackson

Que grande show teria sido!

Mais que grande – provavelmente o maior comeback desde Elvis em 1968, e com certeza um espetáculo para empurrar de vez os limites do que se pode fazer no palco, na arena do mega-pop. Não direi o que tem lá, o que teríamos visto – não quero estragar a peculiar alegria de quem ainda vai ver o filme.

E esta certeza é apenas uma das tristezas, doces e amargas ao mesmo tempo, que passam pela alma durante os 111 minutos de This Is It, o documentário que Kenny Ortega, diretor do que viria a ser a volta de Michael Jackson aos palcos, costurou a partir do material gravado durante os ensaios. No Chinese Theater de Hollywood– uma das duas estréias simultâneas do filme aqui em Los Angeles- muita gente graúda chorava sem se incomodar em disfarçar. E cada número musical era saudado com aplausos, como se todos nós estivéssemos lá no Staples Center.

As muitas outras tristezas incluem a sensação de perda irremediável, a certeza de que jamais veremos o fruto dos esforços de MJ, Ortega e um brilhante elenco de músicos, dançarinos, diretores de arte, figurinistas, iluminadores, designers de efeitos digitais, físicos e pirotécnicos. A tristeza de saber que este é o ponto final num possível diálogo com um dos artistas pop mais extraordinários do século 20. Quem por acaso ainda duvidasse do imenso talento que se ocultava naquela vida atribulada, contorcida, muitas vezes estranha como um freakshow mudará de opinião ao ver This is It. Com a completa naturalidade de quem viveu num palco durante a maior parte de seus 50 anos. MJ controla todos os aspectos do espetáculo, cria , corrige e altera o curso de cada número enquanto está embrenhando em sua execução, ouve cada timbre, nota quando baixo e teclados não estão “funk o bastante”, pede que um riff seja tocado “como se você estivesse saindo da cama”, mostra aos dançarinos cada posição no palco, sussurra para a guitarrista “agora é seu momento de brilhar”, dispensa um aviso porque “eu sinto quando as luzes mudam atrás de mim” e num de seus únicos momentos de irritação, pede que "The Way You Make Me Feel" seja tocado “como eu escrevi”. E embora esteja sempre dizendo que está “se poupando” em voz e corpo, frequentemente se deixa levar pela magia do momento, e atua como se fosse para valer, arrancando aplausos delirantes da equipe, diminuta platéia no Staples. “Não façam isso comigo”, ele repreende, com um sorriso. “Eu vou embora e esqueço que tenho que poupar minha voz.”

A grande ironia, é claro, é que se Michael estivesse vivo provavelmente não veríamos esta inesperada janela sobre sua alma criativa. O material que compõe o documentário foi feito para sua coleção particular e não para exibição pública, mais um recurso para seu processo de trabalho e não um produto acabado. Ele não gostaria que estivéssemos vendo seus rascunhos – mas para nós, que não temos mais o privilégio de sua companhia, que doloroso prazer ter ao menos esse esboço do que poderia ter sido. E ficar com a lembrança de seu breve sorriso, tão parecido com o do gato de Alice no País das Maravilhas, por um pequeno momento quando as luzes já estão se apagando ao final de “Human Nature.”

Este texto veio do blog da Ana Maria Bahiana.

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quarta-feira, outubro 28, 2009

Status no Facebook: 'descansando em paz'



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O Facebook agora permite que usuários transformem em memoriais as páginas de amigos que já morreram.

Para isso, é necessário enviar um atestado de óbito. Informações de contato da pessoa morta são removidas, e apenas amigos confirmados podem ver e localizar a sua conta, que fica com o login desativado. Acho que é uma boa analogia digital ao que inevitavelmente ocorrerá a todos os usuários do Facebook. [FB via BB]

Visto no Gizmodo Brasil.

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Apenas o fim

Apenas o Fim

E que tal se sua namorada, uma garota lindinha, chegasse para você e dissesse que estava tudo acabado? Que ela iria partir para lugar oculto e ignorado? E que ela não quer ser seguida até este local oculto e ignorado por você? E, não. Vocês não brigaram. Você não aprontou nada para ela. E ela não conheceu nenhuma pessoa mais interessante. Simplesmente ela decidiu que o namoro não pode mais continuar. E que ela ficará com você por apenas mais uma hora. Você pode escolher se quer usar esta hora transando ou conversando. Você escolhe conversar obviamente. Este é o mote do filme "Apenas o Fim", que assisti ontem.

A garota, vivida pela lindinha Erika Mader (será a irmã mais nova da Malu Mader?), e o garoto, vivido por Gregório Douvivier. Pode ser que estes nomes não estejam corretos. Acontece.

A fita brasileira, produzida pela PUC-RIO, e rodada aparentemente toda nas dependências da escola é um passeio interessante sobre a possível psique de dois jovens. Ou talvez apenas um experimento cinematográfico de baixo orçamento mas o filme conseguiu me segurar até o fim.

Com a declaração bombástica inicial (o anúncio do imediato rompimento) o filme varia entre o presente do casal caminhando pelo pátio da universidade, e o "flashback" das recordações do vivido.

Muitas referências de certa cultura "nerd-geek": personagens de Pokemon, Cavaleiros do Zodíaco, X-Men. Qual videogame é melhor? Nintendo ou Playstation? Qual personagem de videogame é mais relevante? Mário, ou Cloud? E quem sabe o que é "Kingdom Hearts"?

Lá pelas tantas aparecem um colega/conhecido mala, daqueles que a gente (ou pelo menos eu) quer que vá logo embora. Ou uma outra colega algo riponga, querendo saber mais sobre o casal com uma novidade interessante.

Bem ou mal, como eu disse, o filme me segurou até o final, como eu já havia dito. Sim, houve um momento em que eu pensei que o limite da minha paciência parecia haver chegado, mas passou. A simpatia do casalzinho me segurou.

Eu falei em psiquê linhas acima? É inescapável. Por que alguém resolve acabar com algo que aparentemente vai bem, sem nenhum motivo aparente, de uma hora para a outra? Sei lá. E o filme também não responde. E, atenção, quando eu digo que o filme não responde, eu não estou contando o final do filme.

Usando uma gíria que ouvi estes dias, eu diria que é um filme fofo.

E eu recomendaria conferir o filme até o final dos créditos.

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terça-feira, outubro 27, 2009

Esposa mais jovem e inteligente é chave para casamento longo, diz pesquisa

Esposa mais jovem e inteligente é chave para casamento longo, diz pesquisa

Uma pesquisa britânica afirma que o segredo para os homens terem um casamento feliz e duradouro é escolher uma esposa mais inteligente e, no mínimo, cinco anos mais jovem.

Essa combinação, segundo os pesquisadores da universidade britânica de Bath, é a que tem maior probabilidade de dar certo no longo prazo, especialmente se nenhum dos dois tiver sido divorciado no passado.

O trabalho foi publicado na revista científica European Journal of Operational Research.

Os pesquisadores entrevistaram mais de 1,5 mil casais casados ou em relações estáveis. Após cinco anos, eles checaram quais casais ainda estavam juntos.

Fatores objetivos

Os cientistas descobriram que, em casos onde a esposa era mais velha que o marido em cinco anos ou mais, as chances de divórcio aumentaram para três vezes.

Se a diferença de idade é invertida – com o homem mais velho do que a mulher – as chances de sucesso no casamento aumentam.

Outro fator é o grau de educação da mulher. Quanto maior a escolaridade da esposa, maiores são as chances de o casamento durar, segundo a pesquisa.

Os casais em que nenhuma das pessoas foi divorciada também teriam mais chances de ficarem juntos por mais tempo. Mas casais em que apenas uma das pessoas foi divorciada são mais instáveis do que casais em que os dois já foram casados antes.

Para Emmanuel Fragniere, o pesquisador que conduziu o trabalho, homens e mulheres escolhem seus parceiros "com base no amor, atração física, semelhança de gostos, crenças e atitudes, e valores em comum", mas fatores objetivos – como idade, educação e origem cultural – também podem ajudar a diminuir os casos de divórcio.

Notícia da BBC Brasil.

Pesquisa científica!

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quinta-feira, outubro 22, 2009

Feira do Livro 2009: Já é possível caminhar sob os toldos e entre as barracas

Está certo que as barracas ainda estão sendo montadas, e os livros ainda não chegaram, mas a estrutura da feira está sendo armada rapidamente.

Na semana que vem a Feira do Livro de Porto Alegre recomeça.


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quarta-feira, outubro 21, 2009

Anúncio do Vaticano deve gerar êxodo de sacerdotes anglicanos

Cerca de 1 mil sacerdotes anglicanos e outros milhares na Austrália e nos Estados Unidos podem deixar suas igrejas em direção ao Vaticano, disseram ao jornal britânico "The Times", anglicanos tradicionais.

Dioceses inteiras que se opõem à ordenação de mulheres como bispos podem aceitar a oferta do papa Bento XVI.

O anúncio do Vaticano é entendido como um duro golpe aos esforços do arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, de evitar a fragmentação da Comunhão Anglicana, dividida pela consagração de mulheres bispos que reivindica o setor mais progressista do anglicanismo.

Alguns anglicanos acusam à Igreja Católica Apostólica Romana de dedicar-se à caça de anglicanos e criticam Williams por render-se diante o Vaticano.

Embora os críticos reconheçam que Williams pouco podia ter feito para frustrar a ação do Vaticano.

Em carta enviada aos bispos e ao clero, Williams não escondeu sua frustração: "lamento que não tenha sido possível alterar isso tudo antes. Fui informado muito tarde do anúncio do Vaticano".

Williams recebeu a primeira notificação no último final de semana do cardeal William Levada, da Congregação para a Doutrina da Fé, que voou a Londres em seguida para comunicar pessoalmente a decisão aos líderes anglicanos e católicos.

Uma possível consequência da medida vaticana especula o "The Times" é a aceleração da consagração de mulheres como bispos.

Não é nenhum segredo, segundo Williams, que a ordenação de mulheres como bispos é um assunto controvertido neste país.

Notícia da EFE, vista no UOL.

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segunda-feira, outubro 19, 2009

Incêndio em Farmácia em Porto Alegre

Foi hoje, dia 19 de outubro, no final da tarde, no Bom Fim.
Um incêndio destruiu parcialmente a Farmácia Econômica que fica na junção da Av. Protásio Alves com a Osvaldo Aranha, bem em frente ao Hospital de Pronto-Socorro, mobilizando Bombeiros e tumultuando o trânsito nas imediações.



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Fernanda Montenegro - 80 Anos



A grande dama da dramaturgia brasileira completou 80 anos sexta-feira passada, dia 16 de outubro.
O Universo Online montou um álbum de imagens dela. A foto acima é originária de lá.

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domingo, outubro 18, 2009

Live Forever

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quinta-feira, outubro 15, 2009

O dia dos professores

Nassif, hoje é dia do professor. Vale uma homenagem aos professores e professoras que marcaram nossas vidas.

Vou contar uma história que ouvi, na semana passada e que me emocionou bastante.

Um colega meu, que trabalha numa grande empresa, no interior da Bahia, encontrou na rua uma antiga professora dos tempos do ginásio.

Ela havia sido uma pessoa especial em sua vida. Aos 11 anos, só não repetiu de ano porque ela, com imensa paciência, o auxiliou nas matérias que não conseguia aprender, durante o período de recuperação.

Ao encontrá-la na rua, perguntou:

- Professora, a senhora se lembra de mim?

25 anos haviam se passado. Ela, segurou suas mãos, olhou em seus olhos, parou por uns instantes, pensativa, e disse o seu nome completo, inclusive com os sobrenomes.

Ele quis agradecê-la por tudo quanto havia feito por ele quando criança. Não fosse por isso, não teria chegado onde chegou: homem feito, com trabalho, família e filhos. Mas a voz lhe faltou na garganta.

Ela também não disse nada e assim, os dois permaneceram juntos, de mãos dadas, na rua, a se olhar, por um tempo que ele não soube precisar…

Feliz dia dos professores a todos! E que a história desse meu amigo possa repetir como regra, e não como exceção, na vida de muitas crianças do nosso país!

Visto no blog do Luís Nassif.

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Fotografia tirada em Marte captura Terra e Júpiter na mesma imagem



Esta é uma foto da Terra e de Júpiter, juntos de suas respectivas luas. Tudo no mesmo enquadramento. Ela foi tirada de Marte, é incrível e faz com que nos sintamos muito pequenos. Não deixe de clicar na imagem para vê-la em toda sua glória e beleza espacial. [Reddit]

Visto no Gizmodo Brasil.

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domingo, outubro 11, 2009

O Rio de Janeiro continua lindo...


Sem Título / Untitled
Upload feito originalmente por André Corrêa

sexta-feira, outubro 09, 2009

No Sinai

No Sinai

QUANDO VOCÊ estiver lendo esta coluna no dia 28 de setembro, caro leitor, eu estarei de jejum, na sinagoga. Hoje é o Dia do Perdão, data máxima do calendário judaico. O que significa o Dia do Perdão? Um bom ponto de partida para pensar em seu significado é a passagem da Bíblia hebraica quando os hebreus, ao pé do monte Sinai, aguardam o retorno de seu líder Moisés com as tábuas da Lei.
Mas nem tudo saiu como se esperava: Moisés atrasa seu retorno (fica 40 dias na montanha) e o povo perde a paciência. Quando volta, encontra os recém libertos da escravidão no Egito adorando um bezerro de ouro. Deus, irritado, mata a metade ali mesmo. A outra metade será condenada a vagar perdida pelo deserto do Sinai até que morram todos e seus filhos possam, enfim, entrar na terra prometida. E aí está o perdão.
Dirá o leitor irritado: "Mas onde?". Antes de tudo, caro leitor, tenha em mente que perdão e justiça não são a mesma coisa. O perdão é maior do que a justiça, ele cabe ali onde a justiça não seria suficiente. Você pode ser justo com alguma pessoa, sem perdoá-la.
Claro que muitos de nós, pessoas educadas, não acreditam que esta seja uma narrativa histórica, mas sim mítica. O que é um mito? Muita gente boa estudou isso: os psicólogos S. Freud e C.G. Jung, os historiadores das religiões M. Eliade, J. Campbell e K. Armstrong, e o filósofo E. Cassirer. Um modo minimamente correto de entender é pensar que o mito não descreve necessariamente um fato histórico, mas sim vivências humanas ancestrais que falam do significado da vida.
Pessoalmente prefiro ler textos bíblicos como narrativas literárias, além, é claro, de lê-los como livros sagrados, caso a leitura seja confessional, que não é meu caso aqui. Minha restrição a leitura psicologizante ou marxista de textos bíblicos é porque estas leituras pecam por ferir a própria "trama", a fim de reafirmar a teoria que usamos para lê-lo. Explico-me.
O crítico Anatol Rosenfeld escreveu um ensaio em sua coletânea "Texto e Contexto" (ed. Perspectiva) chamado "Psicologia Profunda e Crítica", no qual ele dá boas dicas do por que não abordar um texto literário reduzindo-o a excessos psicologizantes. Sua crítica cai sobre a tentativa de ler, por exemplo, Hamlet como mais um rapazinho que queria transar com a mãe e matar o próprio pai. Ou ler Santa Tereza d'Ávila em chave junguiana e ver em seus escritos místicos mais um processo de individuação.
Acho que no caso freudiano a redução é ainda pior porque o conceito de inconsciente coletivo em Jung preserva um drama maior nos personagens do que uma mera "historinha de uma menina esquisita e sua mania neurótica por Deus". E, por isso, ele sustenta a dramaticidade para além da "mera" sexualidade neurótica da menina.
Para Rosenfeld, não devemos psicologizar personagens porque, ao fazer isso, vamos a "Hamlet" apenas para reencontramos a teoria de Freud e assim perdemos "Hamlet" e ficamos apenas com seu "mesquinho" complexo de Édipo. O mesmo, digo eu, acontece quando lemos a Bíblia à cata de interpretações marxistas ou políticas: lemos a Bíblia para rever a luta de classes e a disputa política, e o drama específico narrado se perde, junto com a força de seus personagens.
Neste sentido, se não entendermos a relação entre o "personagem" Deus de Israel e os heróis bíblicos para além de reduções psicológicas ou políticas, perdemos a força do perdão dado no Sinai.
Deus não precisa perdoar ninguém porque Ele não precisa de ninguém. Este é o personagem. Quando o povo trai a aliança depois de tudo que Ele fez, Ele poderia simplesmente destruir tudo. Fosse Ele apenas justo, o sol pararia de brilhar. A ideia que Deus seja misericordioso nasce do fato que Ele nos criou e é paciente conosco sem precisar sê-lo. Daí a afirmação comum na Bíblia hebraica de que Ele carrega o mundo na palma de Sua mão enquanto nós somos uma sombra que passa.
O filósofo judeu A.I. Heschel (século 20) diz, num texto dedicado ao Dia do Perdão, que neste dia estamos de pé diante de Deus. O sentimento é de "pahad" (medo em hebraico). Devemos abaixar a cabeça e tremer, desnudando um coração que diante de Deus é sempre nu. Evidente que, além do temor, está em questão as grandes virtudes hebraicas, a gratidão, a coragem e a humildade. O pó em nós estremece diante da imensidão infinita que é Deus. Ao ouvir o coração disparado de medo, devemos escutar nele a alegria que é existir.

O texto é de Luiz Felipe Pondé, na Folha de São Paulo, de 28 de setembro de 2009.

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quarta-feira, outubro 07, 2009

“A Greve dos Bancários Acabou” se Tornou uma Googlada Incauta

“A Greve dos Bancários Acabou” se Tornou uma Googlada Incauta

Nas minhas recordações o termo “googlada incauta” veio do blog do Emílio Pacheco. Acredito até que ele tenha uma explicação para o termo, e possivelmente uma explicação da origem do termo, sendo que eu eu não descarto que ele mesmo tenha criado a expressão. Se a expressão não é dele, ele é um grande divulgador.

Este blog surgiu em 2005, como deixo claro aí acima no cabeçalho. Pois um ano depois, em outubro de 2006, em decorrência do fechamento do dissídio da categoria dos bancários naquele ano de 2006, fiz uma “postagem” informando que “a greve dos bancários acabou”. Simples assim.

Mas desde então, outubro de 2006, quando chega a época da campanha salarial dos bancários, em setembro, normalmente se prolongando por outubro, por vezes chegando até novembro, este blog começa a ter incrementado a quantidade de acessos, conforme me informa o serviço do Site Meter. E, claro, a maioria dos “page views” vai para o “post” “A Greve dos Bancários Acabou”, ou um outro parecido, e contrário, “A Greve dos Bancários não Acabou”. Como acredito que as pessoas que anualmente chegam a estes “posts” vêm via Google, e elas devem estar interessadas na campanha salarial do ano corrente, e não na campanha de anos atrás, temos aí a googlada incauta.

O mais interessante ainda é que a cada ano eu tenho feito postagens sobre as campanhas salariais dos bancários, mas transferi este assunto para meu outro blog, o Ainda a Mosca Azul. Mas não adianta. Os internautas continuam acessando mais o Voltas em Torno do Umbigo para conferir se a greve dos bancários acabou ou não.

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segunda-feira, outubro 05, 2009

Rio 2016 by Google

sexta-feira, outubro 02, 2009

Meu encontro com Deivid (ou seria David?)

Meu encontro com Deivid (ou seria David?)

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- Ei, tira uma foto de mim!

Eu estava em plena Praça da Alfândega fotografando a estátua equestre do General Osório, testando as capacidades óticas de uma câmera digital, quando aquela vozinha me interrompeu.

- Ei, tira uma foto de mim!

Ele devia ter uns sete ou oito anos de idade. Bem... Por que não? Ok! Me abaixei um pouco, apontei a câmera para ele e disparei. Uma foto. Ele quis ver, mostrei.

-Tira mais uma!

Nova pose e novo disparo. Nova amostra.

- Qual é o teu nome? - eu perguntei.

- Deivid (ou será que seria “David”?)! - ele disse.

Então ele chamou a mãe.

- Cadê a tua mãe?

- Ali!... - e ele apontou para um lado da praça. De fato a mãe dele, era uma mulher jovem, sentada em um banco atrás de uma das barracas de artesanato da Praça da Alfândega.

Deivid quis mais uma foto. A mãe não queria. Disse que não tinha dinheiro para pagar. As fotos digitais são praticamente gratuitas. E de quebra eu sou um fotógrafo diletante sem muito talento, isto é, não sou profissional, e não cobraria por uma foto. Dessa vez Deivid foi fotografado abraçado à mãe.

Pedi um endereço de “correio eletrônico” para a mãe do Deivid. “Hein?”. “E-mail”! “Ah”!

Deixei Deivid e sua mãe, e fui embora com o endereço de correio eletrônico. Não estou certo se decifrarei corretamente aquele endereço. Veremos.

A pequena interrupção do Deivid tornou meu dia mais feliz.

25/09/2009.


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Casinha



Fernando Gonsales, na Folha de São Paulo.

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quinta-feira, outubro 01, 2009

As lições de Antoine Wiertz

As lições de Antoine Wiertz

QUEM FOI Antoine Wiertz? Bela pergunta. Absurda pergunta. Bastaria recuar 150 anos para encontrar Wiertz nas conversas cultas da Europa. Um pintor, sim. Mas, na opinião da época, Wiertz era o mais fiel discípulo de Rubens e um dos nomes cimeiros da Bélgica. Digo tudo isso com conhecimento de causa: a revista "The Economist" desta semana dedica um artigo a Wiertz, e eu ri com a história dele.
Vamos aos fatos: em março de 1850, Antoine Wiertz, apreciado em certos círculos eruditos, escreveu carta ao governo belga. Proposta modesta: ele legaria os seus quadros ao país. Em contrapartida, o Estado belga encontraria um museu para eles, exibindo-os e cuidando do espólio para todo o sempre.
Dito e feito: a Bélgica, que saíra de revolução traumática contra a dominação holandesa e proclamara a sua independência, precisava desesperadamente encontrar os seus heróis, ou seja, encontrar uma identidade nacional e cultural distintiva. Wiertz cumpria esse papel, ao retratar episódios pungentes dos seus compatriotas contra a submissão estrangeira.
Aliás, não apenas Wiertz servia a esse propósito: de Gustave Wappers, que a "Economist" igualmente cita, a Louis Gallait, que a revista estranhamente ignora, a nova Bélgica seria feita com novos nomes.
Antoine Wiertz acabaria por falecer em 1865. Os elogios foram fartos e, tirando alguns críticos franceses ("et pour cause..."), o seu nome parecia inscrito de forma perene na história da arte ocidental.
O próprio Museu Antoine Wiertz era testemunho e testemunha da importância do pintor. Em 1927, seis décadas depois da morte de Wiertz, o museu recebia 46 mil visitas anuais. Um sucesso e, para o Estado belga, uma aposta ganha.
Infelizmente, a história da arte nem sempre acompanha a história do gosto. E com um século 20 dominado por vanguardas múltiplas, a pintura convencional de Wiertz foi emergindo sob uma luz radicalmente diferente. Os seus quadros gigantescos, de um classicismo que oscila entre o "gore" e o "kitsch", foram aos poucos saindo de moda e, por vezes, ridicularizados nas publicações da especialidade.
Hoje, o Museu Antoine Wiertz ainda existe em Bruxelas. Mas era melhor que não existisse. Por dia, recebe em média dez visitas. Repito: dez. Mas há mais: consultem os manuais da especialidade e tentem encontrar o nome de Wiertz entre os maiores do século 19.
Eu fiz a experiência e procurei o bicho nas duas últimas histórias da arte que me entraram em casa (a de Paul Johnson, excelente, e a de Julian Bell, idem). Nada de nada. Antoine Wiertz não existe. Melhor: só existe para o Estado belga, obrigado a suportar 220 obras de Wiertz para todo o sempre.
A história de Wiertz não tem nada de especial. É, no fundo, a história de dezenas, centenas, milhares de artistas que a história acabou por enterrar. Artistas que o gosto da época aplaudia com uma cegueira fugaz; mas que o tempo, esse sábio implacável, acabou por medir, reavaliar e esquecer.
Repito: a história da arte nem sempre acompanha a história do gosto. Há quem lamente essa dissonância valorativa. Eu, pelo contrário, aplaudo. Porque o gosto não se limita a aplaudir precocemente, como a história do pintor belga tão bem exemplifica. Por vezes, o gosto também insulta precocemente quem o tempo acaba por resgatar do esquecimento.
Se a história da arte se confundisse com a mera história do gosto, jamais teríamos ouvido falar de Degas, Pissarro ou Monet, denunciados pela sabedoria coeva como exemplos de mediocridade pictórica. Ler as páginas que Albert Wolff, o mais influente crítico de pintura na França oitocentista, dedicou aos maléficos impressionistas é uma sessão de humor contínuo.
Mas o destino de Antoine Wiertz não é apenas uma lição sobre a forma como a história da arte é também um processo de seleção natural. O destino de Antoine Wiertz é um aviso para a tendência bem democrática de confiar ao Estado o papel absurdo de patrocinar e consagrar a arte contemporânea.
O problema dessa atitude não é apenas econômico -ainda que seja possível discuti-lo tendo em conta a forma como o Estado usa e abusa dos dinheiros públicos.
O problema começa por ser essencialmente artístico: acreditar que a moda de um tempo é válida para todos os tempos é a prova definitiva de uma ignorância cultural que nem mesmo o mais básico filistino ousaria expressar.

Texto de João Pereira Coutinho, na Folha de São Paulo, de 14 de julho de 2009.

Não sei se concordo com tudo o que diz o autor, mas a historinha do artista consagrado em seu tempo e esquecido depois é interessante.


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